Reflexão de Natal

26/12/2016 13:05:51
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Se fizermos um pequeno esforço, podemos modestamente entrever através da História do Mundo os laços eternos que ligam todas as gerações nos surtos evolutivos do planeta. Apesar de muitas vezes o palco e o cenário das civilizações terem sido profundamente modificados, nós atores continuamos os mesmos, caminhando, vagarosamente, nas lutas purificadoras, em sucessivas encarnações, para a Perfeição Divina.

Em época de comemoração do nascimento de Cristo, lembremos que a Sua vinda ao planeta assinalou o maior acontecimento para o mundo, uma vez que seu Evangelho seria a eterna mensagem do Céu que ligaria a Terra ao reino luminoso de Jesus, na hipótese de que o Homem pudesse assimilar sua espiritualidade através dos ensinamentos divinos.

Porém, a pureza dos ensinamentos de Cristo não conseguiu manter-se intacta. No decorrer dos séculos seguintes à lição santificante de Jesus, o assédio das trevas domina o coração e a mente dos homens. Surgem a falsidade e a má-fé adaptando-se convenientemente aos poderes políticos e econômicos do mundo, distorcendo todos os princípios cristãos ao favorecer as doutrinas de violência legalizada. Inutilmente, foram então enviados do Alto os santos emissários e discípulos mais queridos do Mestre Jesus ao ambiente das lutas terrenas, na vã tentativa de tentar reverter este doloroso espetáculo de horror. Quando não foram trucidados pelas multidões delinquentes ou torturados mental e emocionalmente, foram obrigados a render-se diante da ignorância humana. Desde essa época, o progresso espiritual da humanidade ficou estacionado, e até mesmo sofreu uma regressão. Tornou-se incompatível a evolução espiritual com os meios encontrados pelo homem para aquisição do conhecimento. É por esse motivo que, ao lado dos maiores avanços científicos e tecnológicos, como a Internet, que liga todos os continentes e países da atualidade, e que deveria servir como indicador para os imperativos das leis da solidariedade humana, vemos o conceito de “civilização” insultado por todos os princípios patriotas de isolamento, enquanto os povos se preparam para o extermínio e para a destruição.

Em nome do Divino, se cometeram e ainda são praticados hoje todos os absurdos que deprimem nossa consciência, fazendo-nos refletir acerca do progresso moral que tanto promulgamos. Basta observarmos o triste holocausto que atinge a Síria, a opressão inconsequente e fanática do Estado Islâmico, diante do medo e da infinita dor que estão gerando para o planeta. Na verdade, se voltarmos nosso olhar ao passado, mesmo a civilização ocidental não chegou a se cristianizar. Na França tivemos a guilhotina, a forca na Inglaterra, o Nazismo na Alemanha, e a cadeira elétrica ainda impera na América da “fraternidade e da concórdia”, isto para nos referirmos tão-somente às nações supercivilizadas do planeta. Em nome do Evangelho padres abençoaram os canhões e as metralhadoras da conquista. Em nome de Deus, milhares forma torturados e morreram nas fogueiras da Inquisição Espanhola. Atualmente elege-se um governante na maior potência econômica do mundo, com base em seu discurso separatista e intolerante. Em nome de Cristo espalharam-se, nestes vinte e um séculos, todas as discórdias, todas as dores, e todas as amarguras do mundo, através de religiões e governos que se propagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio.
Revendo os quadros da História do mundo, sentimos um frio cortante neste crepúsculo doloroso da civilização ocidental. Desde remotas épocas, a história dividiu a humanidade em, basicamente, dois tipos característicos de homens: os heróis ou santos, e os bandidos ou tiranos, ambos com os seus conseqüentes prêmios ou castigos. Porém, os historiadores não nos contam o que acontece com os milhões de homens que vêm, vivem, passam pela Terra e não deixam marcas. Homens cujas vidas se diluíram em meio à vida das multidões. Homens que, com seu trabalho e dedicação, deram aos heróis condições de realizar seus grandes feitos. Homens que vieram e viveram pressionados pela sociedade ou foram praticamente escravizados pelos mais sagazes. Durante estes milhões de anos, a raça humana ainda não exercitou o bem viver, com exceção de uns poucos.

Porém, chegará o tempo em que todos os valores humanos deverão ser reajustados, infelizmente através de dolorosas expiações coletivas, como os recentes terremotos na China e as guerras no Oriente Médio, que obrigarão o Homem a se redimir perante o Divino, apontando seus verdadeiros caminhos. A dor se incumbirá do trabalho que os homens não aceitaram por amor, pois a Lei Divina imutável nos orienta para que todas as realizações humanas sejam conduzidas para o bem da Humanidade, e, infelizmente, o homem ainda está muito aquém deste ideal.
A purificação do Planeta não tarda. Porém, infelizmente, ainda não conseguimos realiza-la através do Amor, embora vejamos esforços nascendo aqui e acolá por iluminados e Mestres enviados ao planeta. Mas o que mais constatamos é o orbe planetário está sendo regenerado pelo sofrimento. Dessa forma, paulatinamente as forças do mal serão compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres. Ditadores, exércitos, hegemonias econômicas, guerras inglórias, organizações seculares, passarão como a vertigem de um pesadelo, pois a vitória da força e da violência é uma claridade de fogos de artifício.

Dessa forma, o homem espiritual estará unido ao homem físico para a sua marcha gloriosa no Ilimitado. Por isso, trabalhemos pelo Bem e a Caridade enquanto é tempo, ainda que a nossa oficina espiritual esteja localizada no deserto das consciências. Todos somos dos chamados ao grande labor do autoconhecimento e da autotransformação, e o nosso mais sublime dever é responder aos apelos do Cristo, levando ao próximo a atitude e a palavra de Amor. Lembremos a misericórdia divina e façamos as nossas preces. O anoitecer da humanidade se aproxima e, por isso, não nos esqueçamos de Jesus e de todos os Mestres Iluminados, Avatares, Anjos, Benfeitores espirituais e homens de Bem, cuja misericórdia e sabedoria infinitas, como sempre, serão a claridade imortal da alvorada futura, feita de Paz, de Fraternidade, Irmandade e Redenção. E façamos deste Natal o verdadeiro renascimento do Cristo Interior em nossas consciências. Amor, Luz e Paz para todos!

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