Quebra de paradigma: Uma rede de táxis sem táxis e muito menos taxistas

16/11/2015 11:34:45
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Pelo título da matéria, muitos já identificaram que estamos falando do Uber. Este aplicativo, que está causando um verdadeiro terremoto no mundo todo, também está sofrendo um verdadeiro bombardeio aqui no Brasil.

Mas o que é o Uber? Uma coisa pode se afirmar: Uber não é táxi, mas oferece o mesmo serviço. Aí que está o problema, já que compete com uma classe bem corporativista.

A Internet, com sua velocidade, mobilidade e alcance crescentes, está desconstruindo vários serviços. Não interagimos mais como fazíamos há uma ou duas décadas atrás em vários setores, e muita mudança ainda está por vir.

No caso do comércio, a novidade das transações via Internet não causaram tanta reação das lojas tradicionais porque não houve significativa entrada de novos atores em cena. A maioria das grandes lojas “reais” simplesmente passaram a adotar também o formato do comércio eletrônico.

Outras mudanças já geraram graves conflitos. A forma de se distribuir músicas e filmes passou por algumas fases complicadas, mas amadureceu. Teve o período de pirataria generalizada, agora minimizada pelos serviços de streaming de músicas e filmes, que estão se consolidando. Desde a invenção dos gravadores de fita cassete que há pirataria. Porém, após a digitalização de áudio e vídeo, e com a propagação da Internet, as cópias ilegais saíram de controle. A Apple, com seu Itunes, abriu caminho para novas formas de consumo de músicas e filmes. Hoje temos serviços como Netflix, Crackle, Google Play Movies, Google Play Music, Spotify. Creio que essa área tenha encontrado seu caminho, e não ouviremos muitas outras novidades por algum tempo.

A rede hoteleira também deve começar a sentir o impacto dos novos tempos. Com o aplicativo Airbnb, pessoas podem disponibilizar para aluguel um quarto vazio, um apartamento, uma casa, sem burocracia. Antes, havia mais dificuldade desse tipo de produto concorrer com hotéis e pousadas pelo simples motivo da dificuldade de divulgação. Esse programa veio facilitar a intermediação entre quem está ofertando e quem está buscando. Ainda ouviremos bastante sobre esse serviço em breve, assim que o povo ganhar um pouco mais de confiança.

Por fim, vamos voltar ao assunto da matéria. Ainda preciso responder o que é o Uber.

Alguém teve a brilhante ideia de oferecer serviços de motoristas particulares de uma forma rápida, sem burocracia, segura e com um custo razoável. Quando você solicita o serviço do Uber, você não está chamando um táxi, você está contratando um motorista particular, para te levar de um ponto A a um ponto B. No final das contas, é o mesmo serviço que um táxi oferece.

Qual a vantagem sobre o táxi? O fato do motorista ser avaliado faz com que ele se preocupe em manter o carro em bom estado, ser educado, além de oferecer alguns mimos, como água e refrigerante. Além disso, os automóveis são pretos, e os motoristas saem do carro para abrir a porta… ou seja, o usuário se sente mais “vip”. Isso é fundamental para cativar os clientes.

Essa inovação está também trazendo conflitos com o modelo “tradicional” dos táxis, pois entraram atores novos no negócio, e os primeiros não querem perder terreno. Porém, o que é mais engraçado é que a movimentação dos taxistas contra o aplicativo se dá de uma forma bem truculenta, e quanto mais truculenta, mais o Uber ganha publicidade gratuita. Mais a população fica a favor da novidade.

Por fim, mas não menos importante, destaco a reação das autoridades. Como queremos transformar nosso país em um país criativo, desenvolvedor de novas tecnologias, se quando aparece algo um pouco fora do comum, quando se tenta quebrar um paradigma, como o motorista particular oferecendo um serviço igual ao do taxista com o auxílio da Internet, a primeira reação é a proibição?

Apesar de não ser advogado, não consigo ver alguma ilegalidade na prestação deste novo tipo de serviço. Há sim um problema a se resolver, que é a forma como fiscalizar a cobrança de impostos, mas acho que isso também deve ser pensado para os táxis.

Espero que a reação antiquada e excessivamente conservadora dos nossos políticos não reprima nosso povo de pensar fora do quadrado. Criar serviços e produtos inovadores pode melhorar a qualidade de vida da população, além de gerar riqueza para o país. Esses devem ser os principais objetivos ao analisar a proibição ou liberação de algo novo.

 

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