Quanta ignorância, Batman!

30/03/2015 11:00:59
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Sempre que me sinto com os ouvidos entupidos pela ignorância no mundo, o raciocínio leva a mesma conclusão: se o povo fosse educado, não teríamos essa quantidade absurda de coisas para afligir a nossa vida. Acho que ocorre da mesma maneira com diversas pessoas sensatas que, embora não apareçam por aí com a mesma distinção de certas outras mais aparentadas com o mal, também habitam este planeta: a rendição ao pensamento de que Educação é a chave.

Os governos, que via de regra propagam que farão tudo e não conseguem fazer quase nada, deveriam focar em uma coisa só: cuidar da educação. O resto vem a reboque. Mas, não. Oxalá fosse óbvio para os governantes e aí haveria investimento, o que é, de fato, determinante. A vantagem da escolha dessa palavra – investimento, é que ela pode significar qualquer coisa. E qualquer coisa investida na direção e forma corretas pode significar muita coisa.

Dos problemas que seriam resolvidos priorizando a verdadeira educação do povo brasileiro, nomeio alguns. Redução do cheiro de mijo em lugares públicos em eventos de massa, tipo o carnaval, por exemplo. Por conseguinte, redução do uso do tempo de servidores públicos na tarefa de limpar o mijo dos brasileiros em grandes eventos. Por conseguinte, redução do gasto com produtos de limpeza e vassouras ou com o que quer que se limpe esse tipo de – com o perdão da palavra – cagada. E, por conseguinte ainda, outras boas consequências em cascata.

Fazendo o mesmo exercício em outra direção, lembremos que a educação molda o caráter. Uma geração de brasileiros educados em princípios éticos claros e retidão moral seria um poderoso adstringente para diversos males da sociedade. Não consigo pensar em nada mais benéfico. Nem mais barato. Exceto, talvez, a formação de exércitos de jardineiros, porque neste caso seria uma forma de educar e cultivar o amor em estado puro – algo extremamente raro, especialmente nas metrópoles. Mas não coloquemos os carros na frente dos bois; vamos devagar com o raciocínio, em nome do entendimento.

Seguindo na mesma linha, dificilmente teríamos tal proliferação de renans calheiros disfarçados de cordeiros, como se vê. Os matemáticos bem podem estudar uma projeção e nos dar os números: que quantidade de políticos honestos – de direita, de esquerda, de centro ou do cacete a quatro – o país poderia colher proporcionalmente ao investimento inteligente e generoso, diga-se, feito em educação durante… 10 anos? Basta uma geração, no país inteiro. Do alto da minha assombrosa ignorância, aposto que o retorno é alto, como convém a uma aplicação feita com sabedoria.

Causa-me espanto a necessidade do país – e os vultosos gastos envolvidos, bem como a proliferação de armários lotados de cabides de empregos – de educar o microempresário. O governo pega adultos porcamente alfabetizados e começa a ensinar o beabá da administração. Faz pesquisas para provar que o brasileiro é empreendedor, mas não ensina na escola. Dã. Já fiquei sem dormir pensando na economia que seria ensinar aos brasileiros desde cedo essa ferramenta básica para a vida adulta.

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