Oscar 2021: filmes disponíveis nas plataformas de streaming

12/04/2021 10:39:57
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Após uma semana tumultuada, com manifestações, mudanças nas regras para abertura da economia, muitas críticas quanto a condução da crise por parte da prefeitura e o impasse que se mantem no transporte público, seguimos na bandeira roxa e com mais uma regra controversa, a de abertura segundo um rodízio por CNPJ.

O fato é que a vacinação vai demorar para imunizar a população e o ano de 2021 ainda vai ser muito difícil e com grandes desafios para todos. Os cinemas seguem fechados em Nova Friburgo sem previsão de abertura e os lançamentos estão circunscritos a poucas telas e em locais como Campo Grande e Rio de Janeiro por exemplo, que seguem com uma programação escassa e com promoções inusitadas, como a que possibilita reservar uma sala inteira para até 20 pessoas (amigos) para exibir filmes em cartaz ou escolhendo no catálogo com preços a partir de R$ 200,00.

Essa semana eu me prontifiquei a assistir todos os oito filmes que foram indicados aos Oscar de Melhor Filme em 2021. Na verdade, só faltavam três produções e o bom, é que alguns filmes são realmente surpreendentes e vão agradar aos mais exigentes cinéfilos e aos amantes da sétima arte.
Vou fazer um breve comentário de cada filme e alguns já estão disponíveis em plataformas de streaming ou mesmo nos cinemas. Essas são dicas valiosas para assistir antes do Oscar 2021.

– Bela Vingança
Com a canção It´s Raining Men e o clichê dos operários da obra dizendo grosserias para a femme fatale, assim inicia a saga da “justiceira” em busca de vingança por abusos que ela vivenciou cometidos por homens inescrupulosos. Com um roteiro didático e uma produção impecável, Carey Mulligan finge estar bêbada e “caça” aproveitadores em bares noturnos. O ideal é que você não saiba nada além disso antes de assistir ao filme. Se possível, nem veja o trailer! O roteiro utiliza um recurso que funciona muito bem, ao entregar mais as consequências do que as ações, e a persona interpretada por Mulligan, tem uma dicotomia que vai te conquistando ao ponto que relevamos as ações da protagonista. A diretora Emerald Fennell recebeu algumas críticas por fazer graça com um tema tão sério, e alguns momentos são muito arrastados, mas vale ver esses suspense com humor ácido e principalmente, pela relevância do tema.

– Judas e o Messias Negro
Mais um filme que retrata a luta do Partido dos Panteras Negras, mas o interessante nesta produção, é a humanização dos lados envolvidos em uma sequencia de eventos que resultou em um final inesperado para o ativista Fred Hampton. As atuações memoráveis de Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield dão o ritmo e a tensão por trás das lutas do movimento por igualdade e direitos no final da década de 60. Esse é um tema atual que precisa de muita atenção e debate. “Somos todos vítimas”, estamos de uma forma ou de outra ajoelhados perante o status quo.

– Mank
O enredo, a história por traz do mito Orson Welles e tudo que envolve o cultuado Cidadão Kane, em um filme tenso que conta os bastidores do desenvolvimento do roteiro e a luta pelos créditos de Herman J. Mankiewicz, mesmo contra a vontade do jovem Welles. O filme é desenvolvido em preto e branco, o que torna tudo mais interessante uma vez que retrata um período ainda antes do cinema em cores e tem como protagonista o ótimo Gary Oldman. Com diálogos muito rebuscados, o filme pode não agradar a maioria e foi indicado pela grandeza e relevância da produção. Está disponível no catálogo da Netflix.

– Meu Pai
Adaptado de uma peça teatral, o filme tem um enredo forte e as atuações poderosas de Anthony Hopkins e Olivia Colman. Imagina estar na mente de um idoso com a doença de Alzheimer já em um nível avançado? É isso que o filme aos poucos vai construindo e entrega. Uma aflição sufocante, mas também o conforto de ter bons cuidados em um momento tão complicado. Sei que pode não atrair os olhares em um primeiro momento, mas o filme tem muitos méritos e pode te surpreender.

– Minari – Em Busca da Felicidade
Protagonizado por Steven Yeun, (o Glenn Rhee de The Walking Dead), o filme se passa na década de 80, quando uma família de sul-coreanos se mudam da Califórnia para perseguir o Sonho Americano em outro lugar, mas se deparam com uma realidade mais complexa do que eles poderiam imaginar. Escrito e dirigido por lee isaac chung, o enredo conta com as lembranças dele na infância, o que carrega o filme de pessoalidade e inspiração. Confesso que dessa lista, esse é o meu preferido, mas não acredito que vai levar o Oscar de Melhor Filme. São muitos os acertos, desde a trilha sonora, a condução das ações e até os atores, com o menino Alan S. Kim dando um show, principalmente por ser tão novo em um papel dramático. Belo, engraçado e dramático, é um sopro de inspiração para todos e merece muito as indicações que recebeu.

– Nomadland
Estrelado pela ótima Frances McDormand, o filme revela uma sociedade que vive fora do “sonho americano” com pessoas que sobrevivem sem uma casa hipotecada, carros de luxo e cheios de dívidas para com o sistema financeiro. Afinal, como seria viver em uma van fazendo bicos e viajando pelo país? Os pontos fortes da produção estão nas personagens e em McDormand que conduz tudo com muita força e delicadeza. São mais perguntas do que respostas oferecidas, mas a relevância das relações e a história que cada personagem carrega, dão os contornos de um filme que pode não agradar pelo ritmo mais lento, mas que causa grande impacto e questiona as escolhas que somos compelidos a fazer.

– Os 7 de Chicago
Esse é uma daqueles filmes que começamos a ver e, mesmo com seus quase 130 minutos de duração, deixa um gosto de que podia ter mais. Engraçado, empolgante e historicamente relevante, o enredo é sobre um grupo de ativistas que foram a julgamento após uma manifestação que resultou em tumultos e feridos durante um congresso do partido Democrata em 1968. O elenco é repleto de estrelas que foram escolhidas a dedo como Yahya Abdul-Mateen II, Sacha Baron Cohen, Eddie Redmayne, Joseph Gordon-Levitt e muitos outros. Disponível na Netflix, por mais que o título pareça desinteressante e um pouco fora no nosso contexto, não hesite, é uma obra atual e muito relevante.

– O Som do Silêncio
Disponível no catálogo na Amazon Prime Video, esse filme foi uma grata surpresa por ter tido grande repercussão e a indicação ao Oscar. Foi a produção certa no momento certo. É uma visão intimista com um enredo sobre uma jornada em que um homem precisa se reencontrar após uma súbita doença lhe acometer e mudar drasticamente a sua vida. Além da ótima atuação de Riz Ahmed e uma produção tecnicamente eficiente, o que chama a atenção é o roteiro e a direção de Darius Marder que nos aproxima do protagonista e suas angústias. Forte e relevante, mereceu a indicação, mas em um momento diferente, certamente teria passado sem maiores alardes.

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