Os 70 anos da inauguração da Televisão no Brasil

18/01/2021 19:11:41
Compartilhar

No ano passado, 2020, foram muito relembrados dois acontecimentos que se deram em 1950, há 70 anos, no Brasil: as inaugurações do Estádio Mário Filho (Maracanã), no Rio de Janeiro, no dia 16 de junho, e da TV Tupi, em São Paulo, em 18 de setembro. Esta última marcou época, por tratar-se do primeiro canal de televisão do Brasil e de toda a América Latina, sendo o quinto, em todo o mundo, depois dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Holanda e França.

Sua transmissão inaugural sintonizada por cerca de 200 televisores, trazidos de avião dos Estados Unidos (assim como os equipamentos) e espalhados pela cidade de São Paulo – graças ao empenho de Assis Chateaubriand, Presidente dos Diários Associados – foi um sucesso.

O programa, um show de variedades, dirigido por Cassiano Gabus Mendes foi apresentado pela atriz de 20 anos, a mineira Yara Lins, contando com a participação de Walter Forster, Lima Duarte, Inezita Barroso, Wilma Bentivegna, Lolita Rodrigues. Esta última cantou, com Frei José de Guadalupe Mojica, cantor mexicano, a “Canção da TV” (de autoria do poeta Guilherme de Almeida e do compositor Marcelo Tupinambá). Foi o mencionado frade – que havia deixado uma carreira de sucesso, como ator do cinema de Hollywood, para abraçar a vida religiosa – que deu a benção de inauguração.

Os cariocas, no entanto, esperaram quatro meses, para que a TV Tupi do Rio de Janeiro “(instalada no prédio do antigo“ Cassino da Urca”) fosse inaugurada, o que se deu no dia 20 de janeiro de 1951.

Os aparelhos de televisão eram muito caros, e grande parte da população não tinha condições financeiras de adquiri-los. Só com o passar do tempo, é que seus preços iriam se tornar mais acessíveis e, portanto, mais populares.

A televisão começava a funcionar à tarde, encerrando suas atividades por volta da meia-noite. Durante grande parte da existência da TV Tupi ela operou a programação de rede (a TV de São Paulo, juntamente, à TV do Rio de Janeiro). No período em que ficava fora do ar, aparecia na tela um curumim, logotipo da TV Tupi.

A primeira telenovela foi “Sua Vida Me Pertence”, lançada em 21 de dezembro de 1951, com os atores Vida Alves, Walter Forster, Lima Duarte, Dionísio Azevedo, dentre outros. Composta por 15 capítulos, era apresentada duas vezes na semana (cenas ao vivo), às terças e quintas-feiras, às 20,00 horas, sendo que o último foi exibido, no dia 15 de fevereiro de 1952 (durante dois meses incompletos).

Em 10 de abril de 1952, no seu horário, surgiu o noticiário “O Seu Repórter Esso” (ou simplesmente “Repórter Esso”), com os slogans, “ A Testemunha Ocular da História” e “O Primeiro a Dar as Últimas”. Ficou no ar até 31 de dezembro de 1972 e, durante este período, imortalizou os jornalistas Kalil Filho, Roberto Figueiredo, Luís Jatobá, Heron Domingues e Gontijo Teodoro.

Quando eu passava alguns dias de férias, no Rio, em casa de minha madrinha, tinha a oportunidade de apreciar os programas de televisão, e observava como os adultos ficavam atentos durante o noticiário do “Repórter Esso”.

No mês de julho de 1955, foi realizado, na cidade do Rio de Janeiro, o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, acontecimento muito significativo, na vida dos católicos brasileiros. O Cardeal Masella compareceu, representando o Papa Pio XII, acompanhado por outras autoridades eclesiásticas. Também, estiveram presentes a vários atos religiosos, autoridades civis brasileiras, como o Presidente da República Café Filho, acompanhado de sua esposa, o ex-Presidente Eurico Gaspar Dutra, vários Ministros de Estado, dentre eles o Ministro da Justiça Prado Kelly e o da Aeronáutica, Brigadeiro Eduardo Gomes, o Governador do Estado do Rio, Dr. Miguel Couto Filho.

Os atos religiosos eram realizados num altar monumental, em forma de barca (alusão à “Barca de Pedro”), montado num aterro, no mar, em frente ao Passeio Público (como referência, o prédio da antiga “Mesbla”.

Dentre as celebrações, houve uma procissão marítima que partiu de Niterói, com destino ao referido altar, no Rio, em que o Santíssimo Sacramento foi conduzido por Monsenhor José Antônio Teixeira.

Toda a imprensa noticiava os acontecimentos do referido Congresso, que eram exibidos na televisão, diariamente, no “Repórter Esso”.

Eu e meus pais íamos à casa do Sr. Arlindo Macedo, o “Moreno”, que possuía um televisor, acompanhar o citado noticiário. Ele residia, na Rua do Arco, com a família, e a sala ficava lotada. Eram pessoas sentadas no sofá, nas poltronas, nas cadeiras, no chão. Como a casa era baixa, frente de rua, havia telespectadores nas janelas da sala, e até os que ficavam na calçada, na ponta dos pés, esticando o pescoço.

O “Moreno” era proprietário (de sociedade com sua mãe, Dona Adélia Cunha Macedo), do afamado “Restaurante da Estação”. Ele havia ganho o aparelho de televisão, numa rifa organizada pelos pais de um universitário que necessitavam de recursos, para as despesas da formatura do filho.

Por esta época, os comerciais se intensificavam na televisão, aparecendo nos intervalos dos programas, surgindo então as “garotas-propagandas”. A primeira foi Aidée Miranda, na TV-Tupi carioca e, a mais famosa, seria Neide Aparecida, com os comerciais da Tonelux e das Perucas Lady.

Finalmente, a partir de julho de 1959, a televisão passou a fazer parte de nossa família, quando papai adquiriu um receptor, da marca “Emerson”, já fabricado no Brasil. Na época, a imagem preta e branca, exigia ajustes do telespectador que não contava com o conforto do controle remoto. Além de necessitarem de uma antena em cima da casa, os aparelhos dispunham de vários botões para controlar a imagem na posição horizontal, na vertical e eliminar os “chuviscos”.

Na época, como cada família dispunha apenas de um aparelho, ela se reunia na sala, à noite, como num ritual, para se divertir, estreitando os laços afetivos entre seus membros. 

Comerciais Antigos – Anos 50 e 60

Compartilhar