Não é de agora que a visão integral do ser humano, em todos os seus aspectos – como participantes de um universo multidimensional e interdependente evolutivamente – abrange a área do cuidado e da saúde. Em verdade, estes conceitos foram sendo esquecidos aos poucos. Este olhar holístico antecede o homem moderno e a Era Materialista e Patriarcal. Até onde temos conhecimento, dados antigos nos revelam que esta abordagem já era praticada há cerca de 6000 anos, desde o antigo Egito, onde o curador era ao mesmo tempo médico, sacerdote, psicólogo, holoterapeuta e orientador.
A falha do sistema hodierno em separar o Todo humano em seus aspectos funcional e psicológico, como se um não exercesse influência sobre o outro ou a ele pertencesse, já está sendo revista em muitos setores do desenvolvimento humano. Regressamos aos conceitos antigos milenares, validando novamente suas diretrizes, uma vez que a visão moderna se mostrou ineficiente para atingir o objetivo de manter o homem são. Ao contrário, a dissociação entre o material e o espiritual ampliou em muito os conflitos sociais, pessoais, e os desequilíbrios que rondam a esfera de todo e qualquer relacionamento humano, o que obviamente gerou outras espécies de patologias individuais e coletivas que enxameiam hoje o planeta. Nunca na história da evolução humana, tivemos tantos indivíduos sofrendo de depressão. Hoje, a depressão é a segunda doença em escala planetária a corroer os cofres públicos, desafiando a medicina tradicional e acadêmica a rever seus conceitos e verdades.
Mas toda esta caminhada humana de regresso aos antigos valores é parte natural do processo de evolução. Sempre que ingressamos na necessidade de ampliar o conhecimento e suas aplicações, para melhorar nossa qualidade de vida e o equilíbrio do sistema planetário, somos obrigatoriamente levados a rever os antigos conhecimentos e métodos, para que possamos revisá-los, reconhecendo-lhes o valor, e assim ampliá-los, aprofundá-los e expandi-los. Em qualquer setor da vida, o processo de crescimento é sempre o mesmo. É o ciclo natural da vida: para irmos adiante e além, teremos que observar o que fizemos atrás, resolver o que ficou mal resolvido, aprender com os erros, e transformá-los para que possamos seguir em frente.
Estamos numa época ímpar do desenvolvimento humano, em que muitas estruturas sociais e conceituais estão ruindo, para que desta transformação surja o homem novo. Inegavelmente a vida caminha para reestruturar-se em grandes unidades, numa visão sistêmica e sintética mais abrangente, pois temos compreendido o valor e a força de nos associarmos a grupamentos humanos afins aos nossos valores. Já entendemos que crescemos mais trabalhando em conjunto e em parceria do que isolados uns dos outros, atrelados à nossa arrogância e egoísmo.
Esse conceito agregador deve se estender ao nosso próprio universo pessoal. Compreender que somos formados por inúmeras partes psíquicas e subpersonalidades que nos compões o conjunto, e que nem sempre estas parcelas de nós mesmos são concordantes ou colaboram umas com as outras para o desenvolvimento total de nosso ser. E nem mesmo se encontram equiparadas ou niveladas em seus estágios evolutivos independentes e co-dependentes.
Este olhar renovado e ampliado do Homem abre-nos agora um novo campo de pesquisa e descobertas, que hoje poderão ser alicerçados e amparados pelo avanço da tecnologia. Resta ao homem somente remover os antigos véus do preconceito, do pragmatismo, da ortodoxia e do fundamentalismo, para que um novo modelo humano passe a formatar nosso desenvolvimento social, coletivo e individual.
Será que estamos preparados para a profundidade da percepção holística? Somente o futuro nos trará a resposta. Mas ele dependerá de nossas atitudes presentes, numa única condição: a de perdermos o medo que nos alicerça a existência, e que nos torna arrogantes e violentos, egoístas e discriminativos.
Todos somos um! Somos partes de um todo, do qual pouco temos consciência. Já é hora de mudarmos a direção de nosso olhar limitado para um olhar mais abrangente! Urge que nos tornemos amadurecidos, para que possamos lidar com as mudanças que a vida, a todo momento, nos presenteia para a transformação moral necessária ao mundo. Façamos a nossa parte, rompendo as barreiras do dogmatismo que nos impede a clara visão!
Que se faça a Luz!
