Meu voto é de admiração

25/09/2014 11:49:54
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Convidada a externar meu voto, preciso dizer: não sei todos os motivos que me levarão a votar em quem já escolhi. Hoje em dia, apesar da eterna esperança, faço mais o tipo descrente. Há poucas semanas, em texto anterior aqui mesmo no Brasil Post, aventei a possibilidade de não votar nesta eleição. Foi mais um desabafo mesclado com simples exercício de estilo e pensamento, já que, na realidade, é muito difícil pensar em deixar de cumprir essa obrigação. É que eu levo o voto a sério – uma seriedade um pouco diferente da politicalha.

Então, se as eleições fossem hoje, como dizem, eu votaria em Marina, sabendo que eleição é uma coisa e governança é outra. Eleição tem a ver com desejo, com o instinto de prazer, portanto. Governo está mais para o instinto de realidade e o momento da eleição não parece ser o momento de pensar que o buraco pode ser mais embaixo. Meus motivos são simplórios, mas consistentes. Tenho simpatia pela Marina, porque ela não usa maquiagem, porque não pinta as unhas, porque tem experiência, porque parece flexível, porque não erra nas respostas, porque ela quer tentar fazer um mundo melhor. Realmente, Marina representa a ideia de um mundo com o qual, em que pesem todas as possibilidades em contrário, eu não parei de sonhar.

Para não errar na urna, tenho lido jornais e ouvido as opiniões que, a meu ver, merecem crédito. As pessoas sensatas parecem achar sensato votar em Marina. Isso me tranquiliza. E não sou exatamente o tipo de pessoa que se deixa levar pelas invencionices da artilharia eleitoreira. Na Dilma, não voto. Para começar, não a admiro. Não gosto do terno vermelho, do queixo em pé, dos dentes sobrepostos, mas especialmente, odeio suas falas. Uma única vez me forcei a prestar atenção a uma delas e fiquei abismada com a incongruência do discurso. Isso para mim é suficiente, tal senhora jamais terá meu voto. Não preciso de Petrobras, de mensalão, de “eu não sabia”, de afagos forçados ou do escandaloso apoio à candidatura Lupi, por exemplo.

Em Aécio, votaria. Mas já acho que ele está fazendo errado ao bater em Marina. Suponho que ache importante para a própria imagem ou esteja administrando o tempo até a eleição, já que tudo indica que não vá subir ao pódio do primeiro turno. Bem faz o FH, que já acena para Marina. Aécio tem um bom discurso e, dizem os sensatos, realizações claras, então, ele tem o meu respeito. Aécio fala bem. Mas por mais que olhe para ele com simpatia, na minha avaliação, sempre acho que ele fala para o capital e para intelectualizados. Deve ser isso o que os analistas chamam de “não captar a insatisfação das ruas”.

Nós precisamos de líderes, mas a política que temos é uma coisa muito estranha. Acho esquisito esse negócio de o povo ter que ir pra rua pra mostrar insatisfação. Não é função do povo ir para a rua; é função dos políticos governar para o povo. Imagine se, para obter do síndico o que querem, todos os proprietários insatisfeitos tivessem que ir para a portaria fazer mobilização? É evidente que há insatisfação. Haverá insatisfação sempre que houver um único ser humano dormindo ao relento numa calçada. Muita gente acha isso normal, sabendo que não é.

Não é normal político ter regalia. Nem funcionário público. Ponto. Propaganda de realizações do governo deveria ser informativa e discreta. Realizar é obrigação. Por que não padronizar as placas públicas de obras do governo? E o marketing, afinal, tão persuasivo e poderoso, só serve a interesses políticos e/ou particulares? Não pode o governo contratar agências para disseminar o bem? Mais propaganda de valores, senhores. Já que a educação continua em baixa, vamos tratar de promover e elevar os valores humanos. A sociedade agradece, satisfeita.

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