Filmes para assistir na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

24/10/2020 13:20:46
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Mais uma semana com as salas de cinema fechadas em Nova Friburgo, seguimos na expectativa para o retorno das atividades dos exibidores em breve. O cenário que se apresenta, porém, não é animador. Por todo o Brasil o que se está vendo são as salas vazias com público bem abaixo do permitido pelo isolamento social. Já é observado bom movimento nas praças de alimentação, normalmente próximas aos cinemas, mas o público ainda está avaliando esse retorno e é normal que exista uma resistência. Este é um desafio que os exibidores precisam enfrentar buscando equilibrar as despesas em um momento complicado. Será que vale reabrir com sessões para apenas cinco ou oitos pessoas? Essa tem sido a média de público nessa reabertura. Claro que a falta de boas estreias tem atrapalhado, mas os distribuidores estão aguardando para não queimar os cartuchos no momento errado. A certeza que fica é que ainda vamos ter que aguardar muito, e esse setor do entretenimento que tanto sofreu com a pandemia, ainda tem um longo percurso pela frente.

Esta semana a dica vai para os amantes do bom cinema. Nesta quinta-feira dia 22 estreou a 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e diversos filmes vão estar disponíveis através de streaming. O evento vai até 4 de novembro e conta com 198 filmes vindos de 71 países além do Brasil na programação. Com a pandemia, este ano a maioria das produções estarão disponíveis nas plataformas Mostra Play, no Sesc Digital e na Spcine Play, e contam com longametragens gratuitos, e alguns por um valor simbólico de seis reais. São muitos lançamentos nacionais de uma safra nova que vem emergindo e filmes internacionais celebrados tanto pela estética narrativa, como pelo debate social. Essa é uma oportunidade para os cinéfilos e curiosos que podem se surpreender com algumas produções. Veja os principais destaques do evento:

– Siberia
De Abel Ferrara, o filme faz uma reflexão da relação do ser humano com a vida, em mais um personagem complexo interpretado por Willem Dafoe. É um enredo aberto em um filme que se baseia em grande parte em monólogos e reflexões. Com bela fotografia, o longa remete a medos, aflições e delírios, em uma experiência sensorial que deixa um pouco de lado a lógica narrativa. Essa possivelmente foi a intensão de Ferrara.

– Coronation
Esse é um dos primeiros documentários sobre o coronavírus, e expõe a realidade do controle militarizado e muitas vezes brutal das autoridades chinesas, para tentar controlar a expansão da pandemia. Conta com dezenas de imagens gravadas por pessoas comuns, feitas em Wuhan.

– Shirley
Baseado no romance de Susan Scarf Merrell e estrelado pela ótima Elisabeth Moss, esse é possivelmente o filme desta mostra que mais vai receber destaque comercial. É um drama que conta uma experiência vivida em um relacionamento improvável. Essa não é uma obra simplória ou um drama de ruptura. Está mais para um suspense psicológico cheio de tensão que explora bem alguns temas aparentemente simples, mas que nos causam grande aflição.

– Nadando Até o Mar se Tornar Azul
Rostos que se comunicam, esse é o resumo do longa dirigido por Jia Zhang-ke. São diversas histórias pessoais buscando compor uma visão global. É o tradicional talking heads, mas com uma visão mais abrangente, que resulta em um registro histórico contundente de gerações de agricultores chineses.

– Dias
Tsai Ming-Liang é sempre um nome que devemos direcionar alguma atenção. Não se trata de um cineasta comum ou industrializado, e sua visão sempre traz algo interessante e relevante. Trata-se de um filme que dialoga com a solidão em um encontro de dois homens em um quarto de hotel. É uma das pérolas deste evento.

– Cidade Pássaro
Coprodução da França com o Brasil, o filme dirigido por Matias Mariani conta a história de um músico nigeriano que vai a São Paulo em busca do irmão desaparecido. O enredo ressalta a dura realidade dos imigrantes no Brasil. 

– Todos os Mortos
Este é um filme de época que retrata a dicotomia social existente entre mulheres em realidades muito diferentes. Enquanto algumas lutam para manter privilégios, outras buscam se distanciar da escravidão para construir um futuro digno e melhor. Dirigido por Caetano Gotardo e Marco Dutratimas, o filme se destaca pelo tema e pela produção que retrata o Brasil de 1899.

– Verlust
As obra de Esmir Filho sempre buscaram imprimir uma marca forte em seus trabalhos e aqui não é diferente. Lúdico, dramático e reflexivo, o enredo é como um baile de máscaras que são derrubadas após um evento de comemoração em uma praia. Com a ótima Andréa Beltrão, a surpresa mesmo fica com a visceral atuação da Marina Lima. É um convite ao delírio que faz parte do dia a dia de todos nós.

Para mais informações sobre a 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo acesse o site: https://44.mostra.org/

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