Filmes da semana 31/01 até 06/02

01/02/2019 20:43:25
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Estreia esta semana em Nova Friburgo A Sereia: Lago dos Mortos. Baseado em a fabula escandinava Rusalka, sobre uma ninfa que sai do lago para atormentar as pessoas ganha as telas com um visual caprichado mas com um roteiro tão perdido que causam mais risadas do que propriamente o medo. O diretor russo faz o possível nesse segundo filme de sua carreira, para impregnar tensão com cortes rápidos e uma luz puxando para o verde e amarelo (doença e ansiedade), mas o resultado é somente mais do mesmo com a sensação de um filme B. Tudo acontece de forma inexplorada e as ações das personagens não fazem qualquer sentido. O filme trás o frescor de produções fora da batuta de Hollywood, e tem um início promissor, mas desde que o casal chega à cabana, uma sequência de acontecimentos e clichês preguiçosos toma conta da narrativa, que opta pelo susto fácil. Somente nos quinze minutos finais que temos algum vislumbre do que realmente pode estar acontecendo e alguns bons momentos de tensão acontecem, mas isso não salva essa produção que ainda tem o problema de estar traduzida para o inglês. Confesso que gostei de alguns momentos da protagonista Viktoriya Agalakova, não pela atuação dramática, mas pelas botinadas que ela desfere na sereia monstro que deixa aquela sensação de que “fantasma na Rússia não tem vida fácil”! A trilha sonora não atrapalha, o que já é muito, mas é um terror que nada avança, nada constrói e o pior mesmo, não assusta. Somente para os fãs do gênero terror, ou para ver uma produção fora dos tradicionais estúdios. Vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Outra estreia desta semana é Uma Nova Chance. Jennifer Lopez retorna aos cinemas em uma comédia dramática que tenta ironizar o formato engessado das contratações de grandes corporações e aborda a independência feminina, mas o roteiro e a direção derrapam com os problemas sendo resolvidos magicamente. Interessante é que Lopez, apesar de estar bem, não consegue desenvolver todo seu carisma por conta de uma direção indecisa de Peter Segal. O enredo é sobre uma mulher que sente a necessidade de mudar o rumo da sua vida e após uma alteração com informações falsas do seu currículo, consegue um emprego em uma grande empresa de cosméticos. O que acontece, a partir desse momento é previsível, com direito até a disputa de equipes para desenvolver produtos, e tudo que pode existir de mais batido. Não existem momentos cômicos ou dramáticos bem construídos. A protagonista passa por uma separação em uma cena e logo depois já esquecemos por conta da fraca condução da ação dramática. Para piorar, não existe coerência entre as ações e os resultados, e a transformação da protagonista é rasa, o que deixa a grande lição vazia, pouco inspiradora. Basta pensar na ultima frase em over, da protagonista sobre decisões que tomamos ao acordar todos os dias. O elenco conta ainda com Leah Remini, que faz o alívio cômico e Vanessa Hudgens como ponte dramática, mas ambas são mal aproveitadas. Por fim, e não podia faltar, tem as canções tradicionais em comédias que abordam esses temas, mas elas são obvias e buscam o didatismo sensorial. Essa é uma comédia que segue o manual de roteiro a risca, tem uma direção indecisa e tenta ser maior do que consegue, entregando a ótima Jennifer Lopez sem saber tirar o melhor que ela tem. Apesar de tudo isso, vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Semana com estreias de qualidade abaixo da média, a última é O Menino que queria ser Rei. Difícil imaginar uma lenda que tenha mais adaptações do que a do Rei Arthur e sua espada Excalibur. Uma história sobre lealdade, coragem e igualdade que vem sendo recontada e debatida desde o século VI da era medieval. A boa sacada deste filme foi trazer para os tempos atuais um pouco desse universo, com uma pegada de ensino médio e seus devidos conflitos. O enredo é sobre um menino que, ao fugir de um embate com os valentões da escola, corre pelas ruas de Londres e se esconde em uma construção vazia e esbarra com uma espada cravada em uma pedra no subterrâneo. O resto, todo mundo já conhece, se inicia uma jornada para deter forças maléficas em uma batalha épica. Apesar da boa ideia, e até em alguns momentos dar aquele gostinho de defesa da escola como em Hogwarts, a coisa toda desanda por conta dos exageros, diálogos fracos e momentos arrastados com pouco a acrescentar. Logo no inicio, o fortão da escola que comanda o bullying diz para o menino que vai encontrar a espada algo do tipo “o Rei aqui sou eu”. Esse é o primeiro golpe de muitos que vão destruindo um bom desenvolvimento narrativo e que se limita a um universo juvenil. O roteiro cria seu próprio limite e se satisfaz com ele. Os atores jovens, principalmente Louis Serkis e seu amigo Dean Chaumoo estão ótimos, mas o elenco adulto deixa muito a desejar. Patrick Stewart mais atrapalha do que soma, irreconhecível, enquanto Rebecca Ferguson e Rhianna Dorris são mal aproveitadas. Entendo a dificuldade em fechar bem uma releitura contemporânea de uma lenda medieval mas não foi desta fez. Fica a boa ideia. Vale sim o ingresso e indicação etária é livre para todas as idades.

Sugestão:
A dica para assistir em casa esta semana vai para série Perfume. Produção alemã que entrou recentemente para o catálogo da Netflix e baseada na obra de Patrick Süskind, ela conta os mistérios e desventuras de um grupo que se conhecia desde a juventude no internato e terão suas vidas reviradas após a morte da bela Katharina que teve os cabelos e glândulas removidas cirurgicamente. Essa é uma bela produção que abusa dos sentidos através da luz, músicas e personagens arrebatadoras.

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