Filmes da semana 30/09 até 06/10

01/10/2016 11:14:17
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A principal estreia desta semana é sem dúvida o novo filme do singular diretor Tim Burton, O Lar das Crianças Peculiares. Deve ser uma decepção conhecer o Tim Burton pessoalmente e perceber que ele vive neste mundo entre nós. É a prova viva de que o olhar tem uma abordagem própria e sem regras. Não é necessário fazer uma análise do diretor, afinal é um dos poucos que com 2 minutos de exibição já se sabe quem é o pai da criança. O filme é sobre uma fábula de crianças com habilidades ou poderes que se escondem de um vilão que busca a vida eterna. Parece bobo, mas aí entra uma narrativa própria, que busca o oculto das imagens e da alma. Burton não busca discutir questões ou fazer filosofia, sua abordagem é até infantil. Mas aí está a graça, essa é a sua marca. As cores (luz) e o figurino mais uma vez estão impecáveis, a dualidade está presente e por mais que vilões sejam sempre vilões lutando contra o bom menino e seu avô fofo possa parecer desinteressante, são os muitos detalhe que fazem a diferença. O elenco não poderia ser mais apropriando com Samuel L. Jackson, Asa Butterfield, Judi Dench e Eva Green que mantém o salto que tanto usou em Penny Dreadful. O filme é uma história de amor, com fantasia e drama como panos de fundo. É lindo, misterioso e charmoso. Claro que a base do enredo é simples e portanto, previsível. Também não tem uma abordagem de crítica social, apesar de ter lá seus momentos, mas visualmente é arte e aí tudo muda. Vale muito o ingresso e é indicado para toda a família. A indicação etária é para maiores de 12 anos. 

Outra estreia desta semana é Gênios do Crime. É a típica comédia norte-americana bem estruturada, caricata e com pitadas de romance e aventura. Os pontos fortes dessa produção estão na qualidade dos atores e do fato dela não se levar tanto a sério. Zach Galifianakis, Kate McKinnon, Kristen Wiig, Owen Wilson Jasos Sudeikis e Leslie Jones compõem um elenco experiente e naturalmente engraçado. O enredo remete a uma história real que ocorreu na Carolina do Norte em 1997 quando os funcionários de um banco fizeram um dos maiores roubos já ocorridos nos Estados Unidos. A opção do diretor Jared Hess, foi fazer uma comédia de erros com um romance como pano de fundo. Os assaltantes são criminosos improváveis e o que os move não é exatamente a ganância. Outro ponto interessante é que o filme consegue fazer uma crítica contundente ao sonho americano com uma bela e comovente análise de uma sociedade que valoriza tanto o “sucesso” financeiro e o consumo. Essa comédia politicamente duvidosa sobre os bobos que fazem tudo por amor, quando bem feita, funciona bem. E é o caso. A comédia tira o peso do roubo, o propósito fica acima dos erros e tudo isso aproxima e se identifica com o público, afinal vamos combinar, quem nunca fez um monte de bobagens por amor ou por uma grana fácil. Vale muito o ingresso e é uma das melhores comédias do ano. A indicação etária é para maiores de 12 anos.

Para as crianças e adolescentes estreia esta semana Meu Amigo, O Dragão. É mais um remake repaginado que está vindo numa onda que parece não ter fim. O original de 1977 é um musical que mistura imagens com animação, só para ficar bonito (musical live-action animated film). Quem tem um pouco mais de idade certamente vai se lembrar o dragão verde barrigudo e com cara de bobo. Mas a ideia da versão atual é modernizar visualmente e narrativamente, e isso foi feito e bem feito. O enredo é sobre um menino que vive na floresta e é resgatado por uma guarda florestal. Só que o menino tem um amigo, um tipo de “dragão cachorro” escondido na floresta. Daí vem o de sempre, mas o filme acerta ao apostar na afetividade da relação com os animais e até emociona. O grande trunfo está na qualidade dos efeitos digitais e a interação dos elencos que não permite a mecanização e consegue integrar tudo, tornando visualmente tudo belo e verossímil. Apesar do bom elenco adulto, que conta com Robert Redford, Bryce Dallas Howard, Karl Urban e Wes Bentley, são as crianças que se destacam. Afinal, não podia ser diferente, é um filme sobre o menino e seu “cão” de estimação. O grande acerto desta produção está na qualidade dos efeitos digitais e na forma como são inseridos e na fórmula bem utilizada do resgate do sonho e da esperança pelas mãos da pureza e inocência. Se vai fazer sucesso como os remakes moderninhos como Malévola, Cinderela, entre tantos outros fica difícil dizer, mas tem sim uma boa chance. Vale sim o ingresso e é um bom passeio para toda família. A indicação etária é para maiores de 10 anos.

Por último, vamos à estreia de Sete Homens e Um Destino. Sim, estou falando do remake do clássico do western de 1960, The Magnificente Seven. Só a título de curiosidade, este também foi um remake de Os Sete Samurais de 1954. É inevitável pensar se deveriam ou até se poderiam fazer uma nova versão de uma das referências de um subgênero com características tão particulares. Na verdade, não existe uma resposta certa, acho particularmente válido sim, afinal, essa chuva de remakes não é atoa, mas precisa-se sempre preservar a essência do original, e esse é o grande desafio. O enredo é basicamente o mesmo só mudando etnias e abordagens. Ao invés de termos os mexicanos como vítimas, são pessoas dos Estados Unidos que sofrem com o vilão ganancioso e inescrupuloso. Com um elenco de estrelas, cada um faz bem a sua parte. Denzel Washington comanda o grupo em um papel que já se acostumou a fazer, Matt Bomer, Byung-Hun Lee e Manuel Garcia-Rulfo fazem bem o trio étnico e temos ainda Ethan Hawke, Sean Bridares e muitos outros. Quem se destaca são Chris Pratt pelo carisma, Vincent D’Onofrio irreconhecível e Haley Bennett que faz a mulher forte, que aperta o gatilho e não foge da briga. A verdade é que o filme se divide com a primeira hora focado nas personas e em suas diferenças, melhor parte, e a segunda hora que basicamente se traduz em ação e duelos nem sempre críveis. Isto é, quando foca no que o western tem de melhor, que é o drama das personagens o filme acerta, mas quando fica no “bang bang” puro, do tiro pelo tiro, a coisa desanda. Claro que não existe uma fórmula e a tentativa até foi válida, mas o tiro só pegou de raspão. Vale o ingresso pelo conjunto das obras e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão:
Para quem vai preferir ver um bom filme em casa a dica desta semana vai para O Céu de Lisboa. É simplesmente Win Wenders debatendo cinema a partir da narrativa imagética com “Charles Chaplin” na bela Lisboa. Precisa-se dizer mais? Claro que não.

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