Estreia esta semana em Nova Friburgo Jogador Nº1. Difícil para as novas gerações entenderem o impacto que Steven Spielberg causou na cultura pop dos anos 80. Os filmes geravam forte impacto pela escassez de formatos audiovisuais, e Spielberg se tornou uma referência para o cinema de entretenimento com filmes como Caçadores da Arca Perdida, E.T. – O Extraterrestre e mesmo o recente Jurassic Park – Parque dos Dinossauros. Baseado no na obra escrita por Ernest Cline, que ajudou no roteiro, o enredo mostra um futuro decadente de pessoas que desistiram de tentar resolver as coisas e simplesmente vivem. A fuga do presente estagnado, está em uma interface virtual, um jogo e que se assemelha a um Avatar, uma realidade virtual aumentada chamada Oasis. O desafio de todos é encontrar um “easter egg” (ovo de páscoa), que em informatiquês, é um segredo escondido em um jogo ou sistema virtual. O que se segue é uma luta do bem contra o mal com um desfecho bem previsível. O que impressiona, é a qualidade técnica e narrativa, assim como as referências aos anos 80 que conseguem provocar uma imersão quase perfeita no espectador. Spielberg consegue ser jovem e nostálgico, e demonstra suas melhores habilidades narrativas neste que é o seu melhor trabalho como diretor desde O Resgate do Soldado Ryan. Cada um fazendo o que sabe, o elenco tem nomes como Tye Sheridan, Olivia Cooke, Simon Pegg, Mark Rylance e T.J.Miller que faz o grande mestre de cerimônias. Visualmente incrível e com uma proposta muito atual em debater a “sociedade conectada”, o filme vai agradar a todos, mesmo quem não tem qualquer conhecimento ou apreço por jogos e realidades virtuais. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.
Estreia também esta semana Uma Dobra no Tempo. Adaptação da obra de Madeleine L´Engle, chega aos cinemas a nova aposta dos Estúdios Disney. Ava Duvernay foi uma escolha ousada e que infelizmente não conseguiu dar identidade, vigor narrativo e ainda conta com alguns momentos nonsense dignos de parodias. O filme é inteiramente protagonizado por mulheres e, por se tratar de uma fantasia, esperava-se efeitos digitais de muita qualidade, o que também deixa a desejar. O enredo é sobre uma menina que tenta se adaptar aos desafios da adolescência após o desaparecimento do seu pai. Rapidamente ela entra em uma jornada entre o espaço-tempo guiada por mulheres mágicas, um tipo de fadas gigantes que vão guiar a menina e os amigos a uma aventura de descobertas e autoconhecimento. Reese Witherspoon é a fada animadinha, Mindy Kaling a fada comedida e Oprah Winfrey faz uma Deusa gigante com makeup de drag queen. Vale ainda citar a boa interpretação da protagonista, Store Reid, e dos conhecidos Chris Pine, Michael Peña e Zach Galifianakis. Muito colorido mas sem brilho, o filme se arrasta por 110 minutos para um final previsível e piegas. Melhor sorte nas próximas produções para Ava Duvernay que ainda é uma debutante no cinema com grandes orçamentos dominado por homens. A indicação etária é para maiores de 10 anos.
A última estreia desta semana em Nova Friburgo é Nada a Perder – Contra Tudo. Por Todos. Produção nacional que tem como objetivo único, engrandecer a marca da igreja universal e do seu criador. Com 40 milhões de reais, o diretor Alexandre Avancini não teve problemas de orçamento e conseguiu executar um pouco de cinema com a linguagem narrativa exagerada das obras religiosas. Baseado em fatos da vida de Edir Macedo, o filme mostra desde a infância difícil, quando ele sofria bullyng por conta da pequena deformidade em suas mãos, até a sua vida adulta, com os primeiros seguidores, a compra da rádio Copacabana e da rede de televisão Record, assim como a sua prisão. A qualidade da produção de arte é o ponto forte e é o que caracteriza esta obra como cinematográfica. Todo o resto é meramente marketing. Edir Macedo é retratado como um homem predestinado e incansável, um tipo de profeta escolhido por Deus. Toda a narrativa é direcionada para maximizar as emoções com as técnicas mais óbvias e chatas possíveis. Bom mas não teria mesmo muito para esperar, não chega a ser uma vergonha, muito por conta do orçamento volumoso, mas é uma bobagem direcionada para as mentes mais preguiçosas. É o santo homem com a única palavra capaz de levar a salvação. Em época de eleições, tudo vale para arrebanhar e aumentar a bancada evangélica. Cinema promocional sem qualquer relevância, mas que pode atingir seus objetivos reais. A indicação etária é para maiores de 12 anos.
Sugestão
Para assistir em casa a dica desta semana vai, por conta de toda repercussão, se repetir para O Mecanismo. Série da Netflix que está dando o que falar, se baseia nos bastidores da Operação Lava Jato. Com grande elenco e a direção de José Padilha e Marcos Prado, a primeira temporada vai até a prisão dos empreiteiros e promete muito mais.
