Filmes da semana 29/11 até 05/12

01/12/2018 20:19:16
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Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo Robin Hood: A Origem. São muitas as versões desse clássico que conta a saga do virtuoso arqueiro que rouba dos ricos para dar aos pobres. Nos cinemas, a saturação foi tanta que praticamente todos ficaram com cara de sessão da tarde. A intensão desta produção é contar o passado do justiceiro fazendo a tradicional construção do herói. Existem porém problemas de desenvolvimento narrativo na produção como um todo que acaba tomando os caminhos mais fáceis e os clichês mais batidos. Na verdade, o filme ficaria melhor se dividido em partes e sua proposta fosse uma minissérie com três episódios. Teria o romance e a partida de Robin Loxley para as cruzadas, seu retorno e o choque de realidade que impulsiona seu treinamento e compaixão e por fim, a luta contra o regime opressor. Digo isso também por conta das boas sequências de ação estarem divididas em três blocos. Essa ação é o que o filme entrega de melhor. O elenco tem Taron Egerton, Jamie Dornan, Eve Hewson e tradicionalmente, o nome mais conhecido Jamie Foxx faz o Little John que treina e aconselha o Robin Hood. A produção tenta fazer uma ponte entre o passado e o período atual buscando modernizar visualmente, mas cria um ambiente pouco verossímil e a trilha é maior do que os momentos que ela sonoriza fazendo uma artificialidade aumentada. Sem personalidade e apostando nas questões erradas, essa é mais uma tentativa de trazer algo novo para uma história muito conhecida que naufraga e rapidamente será esquecida. Ainda assim, como entretenimento vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Outra estreia desta semana é Cadáver. A atriz Shay Mitchell interpreta uma policial em dificuldades na vida pessoal que aceita prestar serviço comunitário em um necrotério e se vê em uma luta frenética pela sua própria vida quando chega um cadáver que foi vítima de uma possessão e morreu durante uma tentativa de exorcismo. Simples assim, estão aí todos os elementos do terror que busca personagens fragilizados que precisam enfrentar um grande desafio para ter redenção. Apesar de cenas em diversos ambientes, a ação acontece dentro de um necrotério escuro e frio. Busca-se uma estética com poucos objetos e cores para ressaltar os elementos. O problema é a fórmula narrativa de buscar o susto e ficar em um jogo de revelações que não faz sentido. O demônio fica brincando com a vítima por qual motivo? Além disso, fica clara a situação desde o início que se trata de um fenômeno paranormal e que existe um risco significativo, mas isso é ignorado para atender ao roteiro. De certa forma o filme entrega o que promete e pode agradar aos fãs do gênero. Vale o ingresso para quem gosta do susto pelo susto e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Estreia também esta semana As Viúvas. É muita gente boa junta fazendo o que sabe de melhor e o resultado, é um drama envolvente com personagens complexos, diálogos inteligentes e uma narrativa carregada de suspense. O enredo é sobre quatro mulheres que após um assalto frustrado dos seus maridos que acabaram mortos, são pressionadas para pagar uma divida e decidem cometer um crime. O cultuado diretor Steve McQueen adaptou o roteiro com Gillian Flynn (Garota Exemplar) e, como era de se esperar, o filme gira em torno de mulheres fortes e determinadas. O interessante é que não existe a intensão de julgar ou dar redenção, as personagens são duvidosas e questionáveis. A narrativa faz um jogo entre os acontecimentos atuais e passados, em um jogo necessário mas que pode confundir ou cansar, mas deixa tudo explicado utilizando mais os recursos cênicos, com momentos que falam mais pela imagem do que por diálogos. A fotografia crua e a música de Hans Zimmer são destaques que compõe um filme tenso, certinho e relevante. Citando alguns nomes, temos no elenco Viola Davis, Michelle Rodrigues, Daniel Kaluuya, Colin Farrell, Robert Duvall e muito outros que pouco diretores consegue reunir tantos nomes como esses. Steve McQueen mais uma vez surpreende com uma obra que pouco ou nada se comunica com seus filmes anteriores e consegue fazer uma contundente crítica social e entregar um ótimo drama. Esse vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Para as crianças a estreia desta semana é Encantado. A premissa de mostrar a história do príncipe dos contos de fadas como coadjuvante e não um simples trofeu é interessante, o problema é forma de abordar as questões que podem colocar personagens consagrados em situações duvidosas. O enredo conta desde o nascimento do príncipe, que foi amaldiçoado com um feitiço que o torna irresistível, até a sua busca pelo amor verdadeiro e o fim da maldição. É a narrativa básica da jornada do herói que deixa a terra em busca de uma resposta e retorna amadurecido e capacitado para enfrentar um grande desafio. A qualidade da animação não compromete mas também não enche os olhos, é o famoso arrumadinho. O problema são as piadas fora de contexto e a tentativa fracassada de ser descolado. Existem também questão que sugerem um erro de tato na forma como as mulheres são apresentadas e isso é bem negativo para o resultado como um todo. Ainda assim, a ideia é boa e em alguns momentos ela é bem explorada. O príncipe não é um perfeito bobão e aos poucos demonstra que apesar de ter sido afetado por uma criação mimada e sem rejeições, tem coragem e coração. Charming (título original), é uma boa aventura que mistura comédia, música e uma mensagem previsível mas importante que pode sim agradar mas sem impressionar. No elenco nacional temos os ótimos Leonardo Cidade e Larissa Manoela que substituem Wilmer Valderrama e Demi Lovato como Felipe Encantado e Leonora Quinonez. Vale sim o ingresso e a indicação etária é livre para todas as idades.

Por fim, a última estreia nos cinemas em Nova Friburgo nesta semana é De Repente uma Família. O diretor e roteirista Sean Anders, experiente com comédias familiares, acerta o tom em um tema difícil, entregando um filme divertido e relevante que certamente vai agradar e acrescentar ao debate social. É nítido o toque pessoal de Anders que escreveu essa dramédia baseada em suas próprias experiências e, também por isso, ele tenha conseguido um resultado tão equilibrado. O enredo é simples e previsível e conta a experiência de um casal que decide adotar três crianças com diferentes idades. Mesmo buscando sempre o riso, principalmente com as situações caóticas que o casal vai enfrentar, o assunto é sério e Anders busca debater a família de forma construtiva e abrangente, fugindo de conceitos simplistas e conservadores. Mark Wahlberg, que vem trabalhando com o diretor faz tempo, e Rose Byrne, experiente atriz, formam o casal e dividem o protagonismo com boa química e cenas muito engraçadas. Importante destacar a presença sempre marcante de Octavia Spencer como elemento de conciliação, mais uma vez. Mesmo não conseguindo ir muito a fundo no tema da família, e não teria como, o filme consegue divertir e levantar o debate da pluralidade, da aceitação e da tolerância. Ainda que o enredo se utilize de caminhos fáceis para chegar onde deve, vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Sugestão:
A dica para assistir em casa nesta semana vai para a terceira temporada de Frontier. Série produzida pela Netflix e pela Discovery, conta a luta e colonização do Canadá e o lucrativo mercado de peles. Protagonizado por Jason Momoa, tem seus pontos fortes nas belas paisagens, na produção de arte e no ótimo trabalho de composição das personagens.

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