A única estreia desta semana em Nova Friburgo é Dumbo. Não é difícil entender o motivo de terem escalado Tim Burton para comandar o remake do clássico desenho de 1941. É a história de um elefantinho, recém nascido que por conta da sua aparência é ridicularizado, mas que possui qualidades especiais e vai encontrar meios para promover uma mudança para melhor na vida de todos que o cercam. Essa persona é comum na filmografia de Burton e além disso, trata-se de um filme de época, nada melhor para que ele possa explorar sua obsessão pela Art Déco. O problema é o tamanho do desafio que esse remake representa, e como lidar com questões de quase oitenta anos atrás nos tempos atuais. O filme inicia tentando trazer o sentimento da família circense que viaja em um trem se apresentando, tentando criar uma atmosfera lúdica e aconchegante. É nessa primeira metade que nota-se um Tim Burton mais livre, o que não acontece na segunda, afinal é a Disney e precisa obedecer a uma cartilha. O problema é que o filme não empolga ou emociona e permanece morno por praticamente seus cento e setenta minutos. Os pontos altos são o CGI que criou um Dumbo muito realista e com um olhar cativante, a música de Danny Elfman, parceiro de longa data de Burton e a direção de arte ao criar uma atmosfera fantástica com uma riqueza de detalhes impressionante. Algumas referências ao original, como a dança dos elefantes, por exemplo, são bem vindas, mas ficaram perdidas, sem qualquer função narrativa. O elenco tem os queridinhos de Burton, mas as atuações não estão boas. Colin Farrell mais uma vez fica fazendo cara de cachorrinho abandonado, Michael Keaton está caricata e previsível, Eva Green não faz a femme fatale, o que é bom, mas apesar do seu brilho, fica com cara de paisagem boa parte das suas aparições e as crianças, principalmente a Nico Parker, parece perdida e sem carisma. Salvam apenas Danny DeVito, que está no papel certo, e o próprio Dumbo que é o único que transmite emoção e empatia. A segunda parte do filme é bem diferente da história clássica e busca um novo caminho atualizando a questão quanto aos maus tratos em relação aos animais, e ao próprio entretenimento seja em circos ou outras apresentações. Burton construiu um filme linear, belo, mas sem empolgação. Vai agradar mas não vai inspirar. Independente de qualquer problema, é o Dumbo e é a Disney, portanto vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 10 anos.
Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para The Sinner. Série estrelada por Bill Pullman sobre crimes improváveis com soluções complexas. Vale pelo jogo de descobertas e pela profundidade das personagens. São duas temporadas que não se relacionam diretamente e pode ser vista na Netflix. Vale uma maratona.
