Filmes da semana 27/02 até 05/03

27/02/2015 18:27:32
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Finalmente estreiam em Nova Friburgo alguns dos vencedores do Oscar 2015. Importante ressaltar que apesar dos cinemas da praça não terem voltado a funcionar como anteriormente anunciado no dia 26 de fevereiro, as obras praticamente já foram concluídas e estará, segundo a gerência, operando normalmente ainda esta semana e com maior conforto e agilidade para a compra dos comes e bebes.

Falando agora dos filmes, vamos começar pelo maior vencedor do Oscar de 2015, Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância. As vezes vemos filmes tecnicamente certinhos, propostas ousadas, interpretações grandiosas e enredos que vão além da própria história narrada e revelam um pouco mais de nós mesmos e do mundo. Pois bem, Birdman é isso tudo, só que com muito bom gosto. No filme dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñarritu, Michael Keaton, a grande injustiça do Oscar 2015, interpreta um ator decadente que se transformou em um ícone cultural no passado ao estrelar nos cinemas um “herói pássaro” e que tenta reaver sua carreira e provar que é um bom ator. Para isso ele faz uma adaptação de Watkins, financia, dirige e atua em uma peça para a Broadway. A fotografia impressiona, a idéia de usar o plano de sequencia “eternamente” com uma steadicam como estética narrativa é incrível, o roteiro é uma aula de como se deve fazer e as interpretações, aqui precisa-se pontuar. Zach Galifianakis sério e convincente, Emma Stone surpreendente, Edward Norton quase rouba a cena, mas Michael Keaton é o dono do pedaço. Na verdade, esse é um daqueles filmes que o ator implora para fazer. Tudo isso com uma trilha cheia de jazz e drums. Normalmente um filme termina quando deve terminar, mais seria muito ou menos, não fecharia a trama. Esse é um dos raros filmes que não se pode prever, nos surpreende e ainda deixa um gosto de quero mais. Vale muito o ingresso e apesar da indicação ser para 16 anos, não tem nada demais.

Outro filme que estreia esta semana em Nova Friburgo é Sniper Americano. Do aclamado ator e diretor Clint Eastwood, o filme foi um grande sucesso de bilheteria arrecadando, só nos Estados Unidos, mais do que todos os outros indicados a melhor filme no Oscar juntos. Adaptado do livro de Chris Kyle, Scott McEwen e Jim DeFelice, o filme conta a história de Chris Kyle, um texano que decide se juntar à marinha depois dos acontecimentos de 11 de setembro em Nova Iorque. Nos treinamentos se destaca como exímio atirador e em batalha se torna um lenda com mais de 160 mortes no currículo. Sobre a parte técnica, o filme tem cenas muito bem construídas de guerra urbana, muitas vezes lembrando o Brasil, a fotografia é competente e as interpretações de Bradley Cooper e Sienna Miller surpreendem. A direção de Eastwood tem bons momentos de tensão mas peca com alguns perdoáveis exageros. O filme é, portanto, um bom representante do gênero, digno do bom cinema, mas que falta brilho. O problema para nós brasileiro e para todo o resto do mundo que não faz parte do clube do Tio Sam é que a discussão a que o filme se propõe é rasa e inconsistente. Não estou nem dizendo que é politicamente incorreto, mas sim, uma visão do tipo “nós contra todos”, os cowboys da guerra. Acaba por colocar todo povo iraquiano no mesmo saco. Polêmicas à parte, é um bom filme e vale o ingresso. A violência eleva a indicação etária para 16 anos, mas pode ser visto com moderação.

Superpai é a estreia nacional para esta semana. Mais uma comédia do cinema brazuca com os conhecidos Dalton Mello, Dani Calabresa, Rafinha Bastos, Danilo Gentili, entre outros. A diferença aqui, é que a proposta do filme é ser politicamente incorreto. Isso mesmo, é baseado no roteiro de Bemji Crosgrove e Corey Palmer que não foi filmado nos Estados Unidos por ser considerado muito “pesado”. O enredo é sobre um pai que vai participar de uma festa mas, devido a um imprevisto, precisa ficar com o filho. Para não perder a noitada, deixa o filho em uma creche noturna e, quando vai buscá-lo, por erro pega um menino coreano e aí está armada a confusão. É a mesma história de sempre sobre amigos se metendo em confusões mas um pouco apimentado pelas piadas preconceituosas e com humor negro. A montagem e direção de arte é caprichada, o elenco funciona muito bem e o filme tem momentos engraçados mesmo errando um pouco a mão. O roteiro é bem amarradinho e não, como sempre, poderiam faltar os conflitos entre o casal separado e o final com mensagem edificante. Vale o ingresso para quem gosta de comédia nacional. A indicação é para 14 anos.

A estreia para as crianças, principalmente as meninas é Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca. Mais um longa da franquia da famosa fada Sininho apresentada pela primeira vez em 1904 na peça Peter and Wendy, que ganhou força com em 1953 com Walt Disney. Atualmente a fadinha vem trilhando um longo caminho se tornando protagonista e passando de produções voltadas para home vídeo para os cinemas. Diferente do título, a fadinha nesse filme não é a protagonista. De forma acertada novas personagens tomaram a dianteira e introduziram novas possibilidades, como a fada Fawn, que com seu bom coração pelos animais coloca em risco o futuro da Terra do Nunca ao encontrar um estranho animal apelidado de Ranzinza. No mais é o mesmo de sempre, um pouco de ação, trilha sonora bem feita e editada e as lições contra o preconceito e valorização dos talentos individuais em beneficio de todos. A indicação etária é livre e não esqueça da pipoca.

A última estreia em Nova Friburgo da semana é A Teoria de Tudo. Dirigido por Renato Hermsdoff o longa é uma cinebiografia do cosmólogo e físico britânico Stephen Hawking. Apesar da brilhante carreira e a esclerose lateral amiotrófica que o condenou a uma cadeira de rodas serem bons temas para o filme se basear, o roteiro tem um olhar mais específico e foca na vida amorosa entre Stephen e Jane. Dito isso, pode parecer se tratar de um dramalhão água com açúcar bem hollywoodiano, mas, a boa noticia é que não é. O filme é muito bem executado, com momentos leves e quase lúdicos. A fotografia e as cores se impõem na narrativa fazendo contrapontos dos distintos momentos da vida de Hawking. Acerto também para o roteiro que não se exime de questões que podem causar desconforto aos mais conservadores. A trilha sonora do islandês Jóhann Jóhannsson também merece destaque. Vencedor do Oscar de melhor ator, não poderia eu deixar de elogiar a atuação de Edward John David Redmayne. A palavra é essa mesma, elogiar. Para um ator que já se destacava como queridinho de Hollywood, mas ainda com uma carreira discreta, a interpretação superou qualquer expectativa. O próprio Stephen Hawking em pessoa ficou impressionado. Não era o meu preferido para vencer o Oscar mas é inegável a força narrativa que se conseguiu com uma interpretação que passa boa parte do filme sem falar por conta da doença degenerativa. Um belo filme sobre uma bela lição de vida contemporânea de um homem que recebeu a notícia que não viveria mais de 2 anos ainda na juventude e hoje aos 73 anos ainda trabalha como diretor de pesquisa em Cambridge. Vale muito o ingresso e a indicaçãoetária é para 10 anos mas pode ser visto por todos.

 

Sugestão:

Com vários filme bons no cinema, vá ao cinema! Se não puder vou recomendar Violette. Um belo filme sobre a amizade da escritora Violette Leduc e a filósofa Simone de Beauvoir. Destaque para a inteligência dos diálogos e o olhar nos detalhes da intimidade feminina

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