Filmes da semana 26/09 até 02/10

28/09/2019 13:57:35
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Estreia esta semana em Nova Friburgo Hebe – A Estrela do Brasil. Cinebiografias são como recortes que buscam contextualizar períodos específicos ou tentam montar uma linha do tempo possibilitando uma leitura da construção da persona a ser retratada. No caso deste filme, a escolha foi acertada e Hebe Camargo é apresentada em seu auge, quando ainda estava na Bandeirantes até sua mudança para o SBT na segunda metade dos anos oitenta. A roteirista Carolina Kotscho acerta ao usar esse período da vida da apresentadora, ela está em conflito e não aceita a censura na emissora, tem um tempo com a família durante a transição e um recomeço. O diretor Mauricio Faria faz um ótimo trabalho demostrando personalidade e domínio das cenas conseguindo dizer muito sem precisar ficar explicando. A direção de arte e todos os seus seguimentos se aproveitam de uma oportunidade e dão conta do recado, afinal é a Hebe e cenários de programas dos anos oitenta, uma catarse para maquiadores, cenógrafos e figurinistas. Claro que o ponto forte é a protagonista e temos mais um acerto, Andréa Beltrão cria sua própria Hebe, referenciando, mas sem cair na armadilha da imitação ou caricatura. Até mesmo pelo fato de que isso seria impossível e ela sabia disso. Infelizmente o filme tem problemas de ritmo na segunda metade e aos poucos vai ficando desinteressante dando a sensação de que poderia ter terminado antes. O elenco, além da Andréa Beltrão, conta com Marco Ricca que interpreta Lélio, o marido ciumento e abusivo, assim como Caio Horowicz que faz o filho homoafetivo. Divertido, dramático e atual, o filme tem bons momentos e debate a sociedade com louvor mas peca ao não conseguir descamar a apresentadora impulsiva, polêmica e corajosa que também era divertida e irreverente. Funciona mais como uma homenagem a uma mulher forte e sua luta contra seus fantasmas físicos e psicológicos. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Outra estreia desta semana em Nova Friburgo é Ad Astra: Rumo às Estrelas. Essa é uma produção que carrega o melhor da ficção científica com imagens espetaculares, crítica social e econômica, assim como o debate sobre a essência humana. O cineasta James Gray, que escreveu e dirigiu o filme, conseguiu conduzir as cenas com inteligência e competência, construindo imagens e ações nunca antes vistas. Ele explorou os movimentos de câmera em relação ao espaço diminuto das estações espaciais que nos jogam para dentro do ambiente. São muitas sequências longas e a opção por uma busca ao naturalismo ajuda a nos conectar com os acontecimentos. O enredo é sobre um astronauta que busca vida em outros planetas mas que tenta entender a si mesmo através de uma espelhamento com seu pai que desapareceu em uma missão muitos anos atrás. Brad Pitt é o personagem central que tenta se reconectar a sua humanidade habitando um espaço vasto e hostil. A narrativa nos posiciona dentro da mente do astronauta, tanto pelo foco direcionado a um único personagem, como pelo voice over. A fotografia do holandês Hoyte Van Hoytema novamente é deslumbrante e narrativamente impactante, principalmente quando ele impregna a tela de variações sutis de uma mesma cor ou de cores próximas. O elenco conta com Tommy Lee Jones com sua cara rabugenta mas muito carismático, Donald Sutherland, Ruth Negga, Liv Tyler, Jamie Kennedy, entre outros, mas o filme é todo de Pitt. Vale avisar que não é um filme para todos, muitas pessoas vão odiar pela forma narrativa. São mais de duas horas para tratar de um único assunto e praticamente toda a ação dramática ocorre no espaço, portanto, tem um ritmo lento e Gray faz questão de manter e se aproveitar disso. Para que gosta do tema e de um bom filme em termos de construção e debate, vai curtir muito e pode até ficar marcado pela forte experiência. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

A última estreia desta semana é Predadores Assassinos. O grande desafio do terror, principalmente o ligado a criaturas assassinas, é não cair no lugar comum que tende sempre para o trash e o susto fácil. O diretor Alexandre Aja surpreende com um filme que mistura terror e cinema catástrofe, e que consegue construir sequências que seguram a tensão desde o minuto vinte, com a aparição do primeiro crocodilo, até o final do filme. O enredo é sobre uma nadadora que vai atrás do pai que se encontra em uma zona que sofre com catástrofes ambientais. Com o nível da água subindo, os crocodilos que ali habitavam, passam a serem ameaças mortais ao invadirem as casas e outros locais. A jovem atriz Kaya Scodelario e o já experiente Barry Pepper dominam as cenas, mesmo que algumas outras participações se façam necessárias, são os dois contra os répteis famintos. Os efeitos visuais são convincentes e a produção, apesar de não ter a necessidade de nada grandioso, faz um bom trabalho para tornar verossímil toda aquela situação que pode parecer inimaginável. Resumindo, é um bom filme que consegue ser honesto e entrega com qualidade muita tensão em um crescente até o final sem procurar soluções mágicas ou o herói conveniente. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Em Chamas. Filme Sul-coreano, ele explora o drama psicológico em uma espécie de estudo narrativo conduzido por Lee Chang-dong capaz de impactar, ao mesmo tempo que mostra a divisão social no país oriental.

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