Filmes da semana 25/11 até 01/12

25/11/2016 18:00:39
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Estreia esta semana nos cinemas A Chegada. Esse é um daqueles momentos que ficamos apreensivos e curiosos afinal, estamos falando de um filme do diretor canadense Denis Villeneuve e quem viu O Homem Duplicado ou Sicário: Terra de Ninguém, sabe bem que algo diferenciado estará na tela. Mas trata-se de uma ficção científica com alienígenas dando o ar da graça, a coisa mais comum possível, e é por isso a ótima notícia. O filme tem uma boa história contada por um diretor talentoso que no mínimo, surpreende pela qualidade do resultado final. O enredo é sobre 12 conchas gigantes que aparecem pelo mundo e fazem contato com diversas nações. O que marca o filme é a mensagem, a qualidade da montagem, a música e o olhar apurado. A música do Jóhann Jóhannsson é poderosa narrativamente, principalmente no início e no final amarrando o que realmente importa na mensagem. As cores e os enquadramentos marcam positivamente impulsionando a ação dramática e adicionando peso narrativo. O roteirista Eric Heisserer acerta ao usar a heroína comum, melancólica e castigada pela vida à frente de um problema tão significativo. O elenco conta com presenças como Forest Whitaker pontuando as ações como um guia explicativo, Jeremy Renner é a escada e Amy Adams, a mulher que carrega o peso do mundo em suas próprias desilusões, uma espécie de mãe de todos. O final é surpreendente e certamente vai emocionar. O único problema é o fato do enredo tratar de questões muito complexas e as soluções ficaram capengas, quase um Deus ex machina. Mas isso não importa muito, o que fica é a qualidade de uma boa história bem contada e visualmente bela. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 10 anos. 

Estreia também esta semana em Nova Friburgo Jack Reacher: Sem Retorno. Adaptado da série de  livros do Lee Child, chega aos cinemas mais uma aventura do ex-policial do exército que faz justiça muito além do uniforme. Estrelado por Tom Cruise, o mega astro interpreta o durão bom de briga que resolve problemas internos do exército usando o braço, qualquer coisa afiada ou que tenha balas. Reacher não é mais um militar mas tem uma paquera no quartel que vai se dar mal e aí o bonitão transforma feromônios em adrenalina e saia da frente que ele vai passar. Claro que tem o apelo, o exagero e a tentativa para humanizar o rapaz transformando-o mais em uma vítima do sistema do que um justiceiro destemperado. No mais é o mesmo de sempre. O vilão é forte, cria uma boa balança com o heroi, mas a ação é morna, não empolga. Não apela para o romance meloso, e isso é bom, mas  força a barra ao usar uma menina para introduzir peso dramático tentando resgatar o herói do grupo dos desacreditados e insensíveis. Deveria ser mais sutil, mas Danika Yarosh acrescenta humor e cria identificação com o público ao fazer a adolescente falante e questionadora. O elenco ainda conta com Cobie Smulders, Robert Knepper e Aleis Hodge, todos com interpretações limitadas por conta da superficialidade das personagens. Por fim a música que deveria fazer alguma diferença passa despercebida e só faz mesmo a função de sonorizar as cenas. A personagem Jack Reacher é bom, tem boas qualidades narrativas e se identifica com as pessoas ao representar valores importantes e lutar por eles sem perder o coração. O filme infelizmente é arrastado e bebe em muitos clichês do gênero tornado tudo chato e facilmente esquecível. Vale sim o ingresso para quem gosta de filmes de ação e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Um dos filmes nacionais mais aguardados do ano também estreia esta semana, Elis. Complicado fazer um filme biográfico de uma figura tão marcante como foi Elis Regina. Não só pelo talento, como pela influência na música brasileira, sua vida conturbada e sua morte trágica. O diretor e roteirista Hugo Prata apostou em uma narrativa linear baseada nos principais fatos e sequenciais. Esse foi um grande erro. O filme é bom, mas por aspectos secundários e não pelo enredo que abriu mão de qualquer ousadia para ser didático e melodramático. Essa coisa de fazer uma obra audiovisual explicadinha e com cara de fichário é coisa de televisão, uma pena. Independente disso, muitos pontos positivos são vistos. A cenografia e o figurino são caprichados. A fotografia também deixa uma boa marca e as canções, aí sim, só tem coisa boa. Muita música de primeira qualidade como não poderia deixar de ser diferente. O elenco tem os pontos altos com Júlio Andrade e Gustavo Machado e mediano com todo o resto. Mas e a Andreia Horta que interpreta a Elis? Apesar do ótimo trabalho, ficou claro que  poderia ter sido melhor. Essa necessidade em marcar os trejeitos e a correria temporal criaram um peso caricata que, por mais talento que a Andreia Horta tenha, atrapalhou o resultado final da interpretação. Importante ressaltar que a homenagem é muito válida e o filme é belo e relevante. O problema foi mesmo a forma narrativa usada. Não que exista o certo ou errado, mas contar em duas horas a vida da Elis sem um único flashback ou recursos de tempo, sempre indo para frente com saltos entre os principais fatos não foi a melhor solução. Elis Regina sempre vale o ingresso, e a indicação etária é para maiores de 14 anos. 

Por fim estreia esta semana o documentário Aguaceiro. Significativo para nós friburguenses, o documentário é uma sequência de entrevistas com pessoas que vivenciaram a tragédia climática de 2011. Os produtores visitaram em 2015 as cidades de Petrópolis, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto e Nova Friburgo tentando apresentar um panorama alguns anos após o ocorrido. A premissa é boa, afinal, temos bons elementos narrativos como: o problema, os dramas, as soluções pretendidas, as superações e, por fim, o descaso. O problema é como montar isso de uma forma a deixar tudo muito claro, que alerte para os problemas e aponte caminhos. Um tipo de mapa crítico, uma análise relevante e capaz de contribuir com o debate. Apesar da presença do “lendário” Leonardo Vilar na direção, o documentário se limita a colher depoimentos construídos por perguntas e nada mais. São depoimentos longos, muitos em um mesmo plano e que no máximo são mesclados com algumas poucas fotografias. São 2h32min de pessoas relatando a tragédia, seus dramas e falando mal do poder público. Claro que essa foi a proposta, mas não posso deixar de dizer que cabia muito mais. Ao não investigar mais a fundo, ouvir os vários lados, ou nem mesmo construir uma linha narrativa simples e evolutiva, fica comprometida a relevância de todo o trabalho. Aqui em Nova Friburgo temos depoimentos do Francisco (corretor), do Bravinho (Hotel Maringá), de moradores da rua Cristina Ziede e outras pessoas que relatam sobre o garimpo, sobre a identificação dos corpos, a desorganização das frentes de ajuda, o suposto rompimento da barragem, os amigos que se foram, o descaso do poder público e as lições sobre todos nós. Sei das dificuldades para se fazer um documentário independente. Valeu o esforço e a tentativa da produção. Fica sempre o agradecimento de todos nós que temos essa marca profunda e que carregaremos em nossas vidas. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Whiplash – Em Busca da Perfeição. Com 3 Oscars na gaveta o filme impressiona pelas interpretações e pelo jogo que se constrói. De quebra, é repleto de jazz e muita Big band, só boa música.

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