Filmes da semana 25/08 até 31/08

25/08/2017 19:07:58
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Estreia esta semana em Nova Friburgo A Torre Negra. Mais uma adaptação da vasta obra de Stephen King ganha a tela. Este é porém um caso raro na carreira do escritor, afinal, trata-se de uma coleção com 8 livros. O Pistoleiro, primeiro livro da saga finalmente ganha as telas depois de décadas de estudos e tentativas. O enredo é sobre um menino que começa a ter visões de uma realidade paralela de forma muito intensa e em sua busca, ainda que forçada, descobre um tipo de “terra média” controlada por um poderoso ditador, O Homem de Preto/Walter O’Dim, que não medirá esforços na busca por mais poder. O menino, porém, encontra um exímio pistoleiro que busca vingança contra o Homem de Preto. Aí vira aquela narrativa arrastada de mestre e aprendiz, com jornadas que se cruzam e um destino que se cumpre. Assim é que a coisa desanda e cai numa mesmice chata de muitos filmes semelhantes. Fica bobo e com soluções fáceis. Iris Elba faz o pistoleiro atormentado, Matthew McConaughey o vilão impiedoso e Tom Taylor o menino predestinado. Talvez o planejamento muito longo ou a inexperiência do diretor Nikolaj Arcel, tenham contribuído para a construção dramática preguiçosa. O alívio da produção são algumas poucas belas imagens. Tudo é prejudicado pela construção narrativa pobre. Os atores, as locações, os efeitos especiais e até os e núcleos, não conseguem dar uma representatividade forte a um enredo que não sabe bem para onde ir. Não é um filme péssimo, mas vai decepcionar fãs e marinheiros de primeira viagem. Vale o ingresso por pouco e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Estreia também esta semana Bingo: O Rei das Manhãs. Aviso importante! Esse não é um filme para crianças e o cartaz deixa bem claro com a “Gretchen” rebolando ao fundo. Na verdade, os anos 80 foram tempos descolados, quase uma realidade paralela. Confesso que fiquei descrente sobre essa produção mas, quando vi os nomes envolvidos, soube que seria algo que teria grande potencial. Imprimir nas telas os bastidores de programas de televisão dos anos 80 já é um pano de fundo rico e saboroso, ainda mais contando a de um ícone nacional que sem a máscara, era um ilustre desconhecido. Posso dizer isso de carteirinha pois eu frequentava o SBT nessa mesma época quando menino. Daniel Rezende estreia na direção de um longa de ficção e é um nome a ser observado de perto. Com um extenso currículo que incluem Cidade de Deus, Diários de Motocicleta e até A Arvore da Vida de Malick, todos como montador, o rapaz entrega uma pequena pérola da cultura POP nacional com uma qualidade narrativa muito acima do que estamos costumados a ver. Por problemas com direitos, no filme Bozo é Bingo, Augusto Barreto que animava as manhãs no SBT é Arlindo e a Gretchen, é a Gretchen, claro. Os pontos fortes da produção estão na direção, com direito a planos sequencia e muito mais, na direção de arte e fotografia, principalmente nas indumentárias, cenários e maquiagem e nas interpretações do elenco. Tudo isso apoiado por um roteiro bem construído e corajoso. Retratar uma história tão rica é uma tentação para escolher caminhos fáceis e óbvios, mas Luiz Bolognesi não se deixou levar e escreveu um texto forte, dramaticamente consistente e visceral. Esse último adjetivo descreve bem o trabalho do Vladimir Brichta com um trabalho primoroso no papel do palhaço, assim como todo o elenco. Isso é fruto de um bom trabalho de escalação e preparação de atores. Vale dizer, e com pesar, que esse é uma das últimas aparições do Domingos Montagner, falecido ano passado. Bingo é um dos melhores filmes do cinema nacional que entrou no circuito nos últimos anos, isso mesmo, um drama que sabe contrabalancear o real e decadente com o lúdico de forma honesta e bela. Vale muito o ingresso e indicação etária é para maiores de 16 anos. 

A última estreia desta semana é Doidas e Santas. Baseado no livro de mesmo nome da escritora Martha Medeiros, digo baseado pois é um livro que reúne crônicas, o filme é um UpGrade da peça de teatro, mas que para o cinema ficou com cara de novela. Na verdade a coisa toda parece um episódio de uma série de televisão. Maria Paula interpreta Beatriz, uma terapeuta e escritora que vive em um casamento desgastado. Essa temática “ autobiográfica”, assim como a relevância e o desenvolvimento de questões atuais, sempre chamaram a atenção nos textos da escritora. Nicette Bruno rouba as cenas fazendo o alívio cômico e Georgina Góes interpreta a irmã ativista. Alguns poucos momentos salvam o longa como a viagem para Buenos Aires, mas no geral os diálogos são óbvios, parecem enquetes, e a necessidade de pôr e contrapor deixa tudo exagerado e caricata. A comédia nacional já mostra várias vertentes e tem conseguido bons resultados, mas essa é uma boa ideia que reuniu um elenco conhecido e competente, mas que por falta de personalidade não consegue sequer fazer rir. Não poderia nem ser classificada como uma peça fílmica. Ainda assim, muitas mulheres vão se identificar por conta da temática envolvida. É um pouco da vida de muitos casamentos e essa busca louca por uma felicidade idealizada. Só mesmo para os desavisados e os menos exigentes. A indicação etária é para maiores de 12 anos.

SUGESTÃO: A dica para ver em casa esta semana vai para Os Defensores. Série da Netflix com oito episódios que reúne alguns heróis “lado B” da Marvel. São eles o Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro e a Jessica Jones. É a mesma pegada das séries individuais, com sabor light e sem grandes confrontos, mas diverte e conta com a presença de Sigourney Weaver que já vale a leitura.

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