Filmes da semana 23/05 até 29/05

25/05/2019 13:53:34
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Estreia esta semana em Nova Friburgo o aguardado Aladdin. Essa é uma daquelas raras joias da coroa da Disney. Lançado em 1992, a animação foi um sucesso principalmente pelas canções e um gênio carismático na voz de Robin Williams. Seguindo sua tendência em fazer remake em live action, chegou a vez do ladrão de bom coração e suas armações para conquistar o amor da princesa. O desafio era grande mas o resultado surpreende ao ser fiel ao original, fazendo os ajustes necessários, e construindo um gênio carismático aproveitando o que Will Smith faz de melhor. O inicio lembra muito a animação com Aladdin e seu fiel companheiro correndo pelas ruas da cidade, aliás, a cidade e toda a atmosfera criada é de um trabalho primoroso. A direção de arte, incluindo figurinos, cenários, maquiagem e coreografias segue o alto padrão da Disney, como não poderia deixa de ser. Existem alguns problemas na adaptação e o pior é a construção caricata, meio canastrona do vilão, interpretado por Marwan Kenzari. O protagonista da história foi uma ótima escolha tanto pela semelhança com o original, como pelo seu carisma. Nessas animações nos anos 90, somente o casal protagonista tinha recortes proporcionais, mas ainda assim, como encontrar o Aladdin? Will Smith também foi a escolha certa e conseguiu entregar sua melhor atuação em muitos anos. Importante destacar a bela Naomi Scott que interpretou uma Jasmine forte e que goza de certa independência e atitude. A Disney vem fazendo um ótimo trabalho ao reposicionar as mulheres em suas produções. Outro ponto a ser destacado é que trata-se de um musical com seus momentos grandiosos e com belas canções. Para nós, brasileiros, existem várias referências com os desfiles que vemos nos carnavais. Esse é um mais um acerto da Disney que vem acumulando sucesso e conseguindo trazer a mágica dos contos que nos emocionam e ensinam valiosas lições. Você vai curtir, relembrar, rir e se emocionar. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 10 anos.

Outra estreia desta semana é Brightburn – Filho das Trevas. Confesso que fui ver o filme sem qualquer pista do que estava por vir e isso tornou a minha experiência algo diferenciado, afinal, trata-se de um tipo de Super-Homem do mal desabrochando em um menino de doze anos e eu não esperava isso. Na verdade, essa é uma ótima ideia, imaginar um ser maligno com tais poderes e, principalmente, pelo fato de associarmos o herói de capa vermelha ao que existe de mais honroso e ético no comportamento humano. O filme possui muitos problemas narrativos e a trama tende a flertar com os filmes de terror com personagens cruéis e suas psicopatias sem qualquer, ou com muito pouca explicação. Nada poderia justificar o comportamento que o menino desenvolve após perceber que possui superpoderes, e o filme não se preocupa com isso. Essa incapacidade do roteiro em desvendar e justificar, pode incomodar algumas pessoas, mas temos que entender que trata-se de um filme de terror, que atualmente busca o riso e não se importa tanto em debater ou lançar dilemas morais. Brightburn desenvolve boas cenas com mortes dignas de assustar, até mesmo por serem causadas por um menino. O elenco conta com Jackson Dunn como Brandon, um menino fofo que não demonstra qualquer afinidade com outras pessoas, David Denman que faz o pai amoroso mas é o primeiro a perceber que tem algo de errado, e a ótima Elizabeth Banks, a melhor em cena, faz a mãe que não quer acreditar e entrega muita visceralidade a personagem. Muita são as referências com Clark Kent e sua vida aos doze anos, e esse é o objetivo, fazer essa contradição entre os universos. Esse é um bom filme de terror, divertido e que não deve ser levado muito a sério, que vai agradar por criar um certo desconforto, mesmo com um roteiro que não se preocupa em unir as pontas soltas ou justificar as ações. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

A última estreia desta semana é Hellboy. Fazer um remake é sempre um desafio, além de se tratar de um personagem tão icônico, e o original ter passado pela batuta de Guillermo Del Toro, que gostem ou não, sempre imprime personalidade na tela. O problema foi que o caminho tomado, e isso foi uma escolha, ficou entre o trash e o bizarro, com inspirações em figuras épicas e de filmes de catástrofe lado B. O enredo tem o mesmo objetivo do primeiro filme, que explora a dualidade de um demônio que foi criado por humanos com bons princípios, mas que deveria cumprir sua função de trazer o apocalipse para a Terra. Essa humanidade e o jeitão adolescente do personagem são o que o tornam tão interessante. Mesmo com a participação de Mike Mignola, criado da obra original, o roteiro ficou um verdadeiro saco de gatos. As sequências vão se sucedendo e desafios sendo superados para um desfecho óbvio e pouco inspirado. É um verdadeiro desfile de monstrengos que na tela não funciona bem, chegam a lembrar a primeira aparição das Tartarugas Ninja nos cinemas em 1990. No elenco temos David Harbour que faz um Hellboy mais largadão, Ian McShane e Terry Kinney no automático e Milla Jovovich fazendo o que sabe de melhor como a vilã, esbanjando charme como uma personagem descabida, pelo menos para nós meros mortais. O filme tem alguns bons momentos e consegue algumas tiradas inteligentes, mas não vai agradar aos fãs pelo tom que optou e pelo roteiro pouco desenvolvido. Apesar da cena final indicar que uma sequencia seria o caminho natural, acredito que o Vermelhão, como muitos chamam o Hellboy, vai precisar de muito tempo para se recuperar com uma nova abordagem estética e narrativa. Uma pena, mas ainda assim pode agradar sem empolgar. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Varda por Agnès. Esse é um ótimo documentário para amantes de cinema em que a descem falecida e mãe da Nouvelle Vague revela suas técnicas e métodos narrativos para criação de suas obras audiovisuais. Vale pela arte e pela vida desta figura única e especial.

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