A única estreia desta semana em Nova Friburgo é A Grande Jogada. Esse é o típico filme didático sobre ações e consequências, envolvendo jogos clandestinos, trapaças, violência e todo tipo de questões relacionadas ao poder a qualquer custo. Já vimos isso dezenas de vezes e provavelmente esse filme ganhou maior destaque pelo elenco e o nome de Aaron Sorkin. Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2011, Sorkin faz sucesso com roteiros a mais de duas décadas e decidiu dar um grande passo. Além de adaptar o roteiro, desta vez ele decidiu assumir a direção. Esse foi o grande problema do filme. Não que seja ruim, mas a falta de ritmo e diversas incoerências, tornam tudo chato e sem sentido. Outro problema é o exagero nas ações da maioria das personagens, é duro ver um ator como Idris Elba atuando como se estivesse em uma peça infantil, caricata e jogando confetes sem necessidade. Na verdade o filme tem um dono, ou melhor, uma dona. Jessica Chastain brilha enquanto todos os outros, inclusive Kevin Costner e Michael Cera, apenas batem palmas. O filme tem esse foco narrativo e faz isso muito bem. O enredo é sobre uma patinadora que acaba se envolvendo com jogos de cartas clandestinos. Em certo ponto ela decide tomar as rédeas e comandar um negócio perigoso através de uma ética distorcida e acaba por encarar as consequências. O roteirista quando escreve, chega a ver imagens, ouvir sons e até sentir as sensações, mas esse processo é inerente a composição da ação dramática. São raros os roteiristas que conseguem quebrar a barreira e construir uma carreira também como diretor. Normalmente, quando isso acontece, cria-se uma marca, uma identidade única como uma assinatura. Chamamos de cinema autoral. Aaron Sorkin desenvolveu um estilo próprio para os seus roteiros caracterizados por diálogos rápidos, mas dirigir é outra coisa. Faltou visão, estilo, coerência, e ritmo. Faltou cinema. Ainda assim, vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.
Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Dunkirk. Obra recente e com boas chances no Oscar 2018, é um espetáculo visual e tem seu ponto forte na forma narrativa que quase dispensa os diálogos. Christopher Nolan em seu momento Masterpiece.
