Filmes da semana 21/10 até 27/10

21/10/2016 18:11:23
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A principal estreia desta semana nos cinemas é O Contador. Esse é aquele típico filme que nasceu de uma ideia meia boca, mas que o roteirista e a produção capricharam tanto que fica difícil não gostar. Ben Affleck interpreta um autista que apesar de limitações, é praticamente um super-herói com números, tiros e socos. Como o título sugere ele é um contador e atende cliente de índole muito duvidosa ao ponto que precisa estar preparado para tudo. Os pontos altos do filme estão na direção, montagem, trilha sonora e na escolha dos atores. Na verdade tudo é muito bem encaixado. Gavin O’Connor faz um trabalho firme na direção e Anna Kendrick interpreta a fofa, J.K. Simmons o Big Boss, Jon Bernthal o mercenário e Ben Affleck faz o batman sem freios, mais maluco e transtornado. Um pequeno problema é a quantidade de núcleos que são construídos para contar a história. Deixa a narrativa dispersa, mas nada que atrapalhe. Clichês também são usados mas não tem como fugir nesse caso, são recursos narrativos importantes, principalmente pelo tipo de público que esses filmes atraem. Claro que não é um grande filme de ação, mas o conjunto da obra agrada. É um bom exemplo de como tirar o máximo de um plot simples e previsível. Importante também e o bom final que vai além do piegas e é coerente com as questões dramáticas envolvidas no filme. Vale muito o ingresso principalmente para quem gosta do herói astuto, que supera grandes obstáculos, tem muitas fraquezas mas não perde a pegada do Macho Man. A indicação etária é para maiores de 14 anos. 

Outra estreia desta semana é Festa da Salsicha. Não se engane por ser uma animação! Não é para crianças! É uma comédia 100% para adultos com muitos palavrões, drogas e sexo, bem no estilo de produções escrachadas e sarcásticas norte-americanas. O enredo tem como premissa básica que existe um mundo escondido em que os alimentos falam e se relacionam entre si. Nesse “mundo”, o mercado é tudo que eles conhecem e ficam esperando serem escolhidos por Deuses que somos nós, e levados para um tipo de paraíso com felicidade e abundância. Após um acidente com um carrinho de compras eventos desencadeiam até que a verdade sobre o futuro dos alimentos começa e ser revelado. Muitas referências e críticas são feitas durante todo o filme. Filmes são lembrados e pessoas emblemáticas viraram personagem como o Stephen Hopkins, entre outros. No resto, é uma salada de críticas à nossa sociedade. Claro que podemos encontrar questões sobre o consumismo inconsequente, discriminações éticas e de todo tipo, mas o forte mesmo, está na abordagem religiosa e sexista. Por isso mesmo não é um filme para todo mundo. Para quem não é adepto da “licença poética” e possui uma visão conservadora, é melhor passar longe. Vai achar tudo de muito mau gosto. Agora, para quem respira outros ares, vai rir bastante, apesar do exagero de palavrões que cansa um pouco e vai conseguir fazer boas reflexões sobre nossas ações e abordagem social. Atenção para um final criativo e inesperado. É uma animação bem feita, com uma trilha sonora relevante e, que por transitar por muitos temas de forma sarcástica, vai dividir opiniões. Mais uma vez, fica o aviso! Não é para crianças! Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

A última estreia desta semana em Nova Friburgo é Ouija a Origem do Mal. Apesar de ser uma continuação do Ouija – O Jogo dos Espíritos de 2014, tem um elenco completamente diferente, assim como a produção e se passa na década de 80, antes do anterior. Indo direto ao ponto, o roteiro do filme é muito ruim e descabido. Parece que esse pessoal tem uma ideia para uma história e, ao contrário de trabalhar em desenvolvê-la, ficam adicionando todo tipo de clichês e procurando soluções fáceis, previsíveis e descabidas. O bom terror é aquele que trabalha o psicológico das personagens e não esses que ficam mais preocupados com o susto do que com o enredo. Tudo parece bobo e não cria uma conexão com o público. Elizabeth Reaser interpreta uma mãe que aplica golpes em pessoas que querem falar com parentes falecidos. Tudo isso usando as duas filhas pequenas na armação. Tudo ia bem até que ela decide comprar um tabuleiro de Ouija. Parecido com aquela brincadeira do copo, popular entre adolescentes também na década de 80. Para a “surpresa” de todos a filha de 9 anos desenvolve a habilidade de falar com espíritos na tentativa de se comunicar com o pai falecido. Daí para frente fica fácil de imaginar que algo vai dar errado. Apesar de uma boa produção de arte, são muitos os pontos que não fazem sentido mesmo para um filme de terror. Fica claro que uma pessoa não agiria dessa ou daquela forma. Isso irrita e nos distancia do filme, fora que tudo é previsível e tem a mesma abordagem. Difícil imaginar uma continuação apesar da deixa que o filme faz para tal. Só vale o ingresso para os amantes do terror, mas ainda sim, não vá esperando muito. A indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Histórias que só Existem Quando Lembradas. Uma bela obra da diretora Julia Murat da nova safra de bons diretores brasileiros. Um filme belo sobre aceitação, respeito e o medo que habita em todos nós.

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