Filmes da semana 20/01 até 26/01

20/01/2017 16:38:14
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A grande estreia desta semana e certamente a do ano é La La Land: Cantando Estações. Indo direto ao que interessa, esse é provavelmente o melhor filme dos últimos anos e vai facilmente abocanhar os principais prêmios nas categorias mais importantes do cinema. Na verdade, isso já está acontecendo. É uma obra prima do jovem diretor, fotógrafo e roteirista Damien Chazelle. Se eu tivesse que dar uma nota, seria 10 e com louvor e vou explicar o motivo. Primeiramente é importante dizer que trata-se de um musical e de um drama romântico. Brega não? Mais aí a mágica acontece. O roteiro, escrito pelo próprio Chazelle é inteligente, relevante e usa de artifícios diversos para explorar ao máximo o sabor lúdico do musical. Na verdade, eu precisaria de muitas páginas para descrever os acertos da produção, da fotografia, dos cenários e tudo mais. A sequencia no Griffith Observatory com o pôr do sol, por exemplo, é de uma beleza indescritível. A abertura do filme que simula um plano sequencia também é incrível. O filme emociona e encanta sem fazer qualquer esforço. O enredo é sobre uma atendente em uma cafeteria tentando ser atriz e um músico de jazz frustado em Los Angeles que se apaixonam. São os melhores trabalhos do par romântico que novamente se encontraram Ryan Gosling e Emma Stone. As cenas com Ryan ao piano são inacreditáveis e Emma Stone é melhor do que muita cantora por aí. O filme também é uma homenagem ao cinema com referências ao cinema mudo de Chaplin, ao cinema de autoria como o de Fellini, Almodóvar, Woody Allen, Lars Von Trier e é claro, aos musicais como Cantando na Chuva e Ritmo Louco. Só para citar alguns. Para melhorar ainda tem o jazz e a trilha composta por Justin Hurwitz e muita cultura pop com arte visual. Por fim, vamos bater palmas para o diretor e roteirista Damien Chazelle pelo bom gosto, pela coragem e pelo talento traduzido em uma obra que vai mudar a opinião de muita gente sobre os musicais. Valem os ingressos, afinal, ver uma só vez é pouco. A indicação etária é livre.

Estreia também esta semana XXX: Reativado. Vin Diesel é um daqueles casos raros e de um ator muito limitado que assume uma persona e cai nas graças do público. É baixinho, parece um boneco careca e é muito brega, mas tem carisma e não se leva realmente a sério. Tira uma de macho man, faz um monte de coisas impossíveis e é quase um Einstein quando o assunto é inteligência para se antecipar, fazer planos mirabolantes e improvisar. Após protagonizar o primeiro filme em 2002, Diesel “volta dos mortos” para o terceiro mais espetaculoso filme da franquia. Desta vez ele se junta a uma equipe para resgatar a “Caixa de Pandora”, um equipamento capaz de passar por cima dos sistemas de segurança e derrubar satélites onde e quando bem desejar fazendo grandes estragos. Nada é muito sério e os destaques são sempre para as tiradas de Diesel e as cenas de ação. O elenco conta com muitos rostos conhecidos como Ruby Rose (Orange is the New Black), Nina Dobrev (The Vampire Diaries) e Rory McCann de GoT, além da aparições de Samuel L. Jackson, Ice Cube e do brasileiro Neymar. Isso mesmo, Neymar faz uma cena no início do filme que “faz parecer” estar com Samuel L. Jackson em um tipo de recrutamento para o Triple X. Claro que é tudo o mais do mesmo. Diesel é como um semideus machista, tem um monte de amigos doidos e com habilidades incríveis e que se protegem como uma família. Isso sem falar que vão todos enfrentar um grande desafio e sairão de tudo mais fortalecidos. É isso mesmo, parece um disco arranhado. Duro mesmo é ver Vin Diesel jogando “charme” o tempo todo para todas as mulheres e dando uma de garanhão. Saudade dos tempos do Sean Connery como 007. Vale sim o ingresso para quem gosta do besteirol com muita ação. A indicação etária é para maiores de 14 anos.

Para as crianças e afins, estreia esta semana a animação A Bailarina. É o típico e muito batido enredo sobre sonhos, lutas e conquistas. A famosa e eternamente repetida jornada do herói. O ponto é que não há nada de errado com isso desde que seja bem feito, e esse é um desses casos. A história é sobre dois órfãos que fogem do orfanato e vão até Paris para tentar realizar seus sonhos. A protagonista é Felicie, uma menina esforçada e que vai fazer o impossível para ganhar uma vaga no elenco de um espetáculo que ocorrerá no Grand Opera de Paris. O coadjuvante é simpático Victor, um inventor que é o fiel escudeiro da menina e que juntos fazem uma boa composição. O grande mérito do filme está na qualidade da animação, principalmente ao retratar Paris do século XIX. São imagens lindas de uma época de ouro para a cultura mundial. Como se trata de balé, muita atenção foi dada aos movimentos e a dança o que resultou em sequências muito convincentes e narrativamente importantes. Claro que as músicas são uma atração a parte e, quando tudo isso tem uma edição dinâmica e competente, nos deparamos com um belo espetáculo audiovisual. Alguns problemas na coerência narrativa e na composição das personagens deixa a desejar, é o caso da vilã Camille ao ser estereotipada e demasiadamente e inverossímil em uma história fora do mundo de contos de fadas. Isso não importa muito para o público pretendido que vai se impressionar pela qualidade visual. Claro que a mensagem edificante aqui é a luta, o empenho e a paixão para alcançar seus objetivos, uma ótima lição que sempre merece ser repetida. Destaque para a cena final ambientada por “Confident” da cantora Demi Lovato. É uma ótima animação fazendo bem feito o mesmo de sempre. Vale muito o ingresso e a indicação etária é livre.

A estreia nacional desta semana fica por conta de Os Penetras 2 – Quem Dá Mais?. Esse é um daqueles filmes sem rumo. Não sabe onde está, para onde vai ou mesmo o motivo ter sido feito. É uma pena termos ainda produções tão descuidadas em um gênero de tanto sucesso e bem explorado no cinema nacional. O primeiro filme, também dirigido por Andrucha Waddington de 2012, até que não fez tão feio, era mais coerente e contava com o Marcelo Adnet mais presente e fazendo o contra ponto do vigarista com Eduardo Sterblich, o inocente. Nesta continuação Adnet pouco aparece e Sterblich fica chato, caricato e descabido, limitando-se a caretas sem graça. O grande problema mesmo é o roteiro incoerente e que não soube compor bem as situações, fazendo um entra e sai de personagens do nada só para criar novas situações. O enredo é sobre o bobo e inocente Beto que foge de uma clínica psiquiátrica e, de encontros e reencontros, decide com uma turma mais um golpe. É tudo muito confuso e de penetra mesmo, praticamente não tem. O elenco até se esforça com Mariana Ximenes de mulher fatal e Stepan Nercessian e Danton Mello fazendo um feijão com arroz básico. Importante ressaltar que os atores do filme são experientes e bons comediantes, mas os poucos momentos que tem algo de engraçado são nas aparições do Marcelo Adnet, mesmo assim, tudo é tão cansativo que o público nem consegue rir. Andrucha Waddington oscila mais uma vez mas como esteve a frente de bons trabalhos, esperamos uma sorte melhor no próximo projeto. A indicação etária é para maiores de 12 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Os Olhos de Julia. Um suspense psicológico com descobertas e reviravoltas que prende a tensão até o final. Segunda obra do promissor diretor espanhol Guillem Morales que já mostra personalidade e foco no drama tendendo para o terror.

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