Filmes da semana 19/05 até 25/05

19/05/2017 20:00:38
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Estreia esta semana o aguardado Rei Arthur – A Lenda da Espada. Esse é um daqueles mega clássicos que já tiveram tantas versões seja na literatura, por historiadores e no cinema, que fica difícil imaginar o que vamos assistir. Uma coisa é certa, pela melhor das tradições, vai ter muita gente bonita. Importante dizer que a crítica tem apontado este, como um dos maiores fracassos dos últimos tempos por conta da relação custo e retorno nas bilheterias e por problemas que vou abordar, mas o filme não é ruim. É uma produção gigante em orçamento e pretensões, mas sofre com a salada de linguagens e estilos, não conseguindo imprimir identidade narrativa. Tem momentos de GOT, de Viking, de Moises e até de anime japonês. O enredo é sobre a eterna cobiça pelo trono e que envolve magia, luta, honra e sacrifício. É essencialmente a tradicional Jornada do Herói sem tirar nem pôr. O mesmo do mesmo novamente. Os destaques ficam por conta do CGI que mais uma vez impressiona, pela fotografia que usa as sombras para dar peso dramático, pelas batalhas e pelas sequências bem editadas mesclando o presente e o futuro. O elenco está a altura da tradição com Charlie Hunnam, Jude Law, Djimon Hounsou, Eric Bana, Aidan Gillen e a inusitada aparição de David Beckham na cena da pedra e a espada. Note que só citei homens. Tirando as aparições da catalã Àstrid Bergès-Frisbey, é um filme basicamente masculino, as mulheres são bruxas e adereços. O problema é que o filme se resume a boas cenas. Não tem identidade, é arrastado e apresenta soluções divinas nos momentos cruciais. De quebra, eleva o Arthur ao clã dos super-heróis e isso certamente incomodou muita gente. Resumindo, um povo bonito, em uma produção grandiosa, cenas caprichadas, a mesma história de sempre e nada para dizer ou contar. Vale o ingresso pelo visual e pela pipoca. A indicação etária é para maiores de 12 anos. 

Estreia também esta semana nos cinema Corra! Esse é um daqueles filmes que precisamos parar e pensar um pouco. Tem muito mais nele do que um terror puro e simples. Jordan Peele que escreveu, produziu e dirigiu o filme faz uma crítica agressiva e contundente ao racismo. Chega a incomodar a forma como as coisas acontecem. Independente disso, é sim um terror e o enredo é sobre um casal interpretado pelo ótimo Daniel Kaluuya que é negro e Allison Williams que faz uma caucasiana de uma família tradicionalista. Tudo se resume a uma viagem que o casal faz para a casa dos pais da moça. Ao chegar lá o rapaz percebe que algo errado está acontecendo e a coisa toda vai se complicando em um jogo de manipulação e descobertas chocantes. Não é um filme que busca uma narrativa específica e as soluções são capengas mas a questão aqui é a crítica racial e todo o desenvolvimento segue nesse sentido. Existe uma agressividade constante social, psicológica e física. Nada é gratuito, até mesmo a raiva que toma conta do final. Se não é um terror, o conjunto da obra eleva o filme para um patamar alto. Essa foi a intenção dessa produção e assim se faz o bom cinema. A ideia do filme veio da frase “eu não sou racista, tenho até amigos negros“. Jordan Peele que trabalhou muito com comédias sociais deu uma boa resposta para a sociedade norte americana e o filme acabou caindo no gosto do público. Me fez lembrar da comparação que fizeram no Brasil um tempo atrás de como as mãe dos negros orientavam os filhos caso fossem abordados pela polícia. É um filme médio, um bom terror e uma excelente crítica social. Vale muito o ingresso e a indicação é para maiores de 14 anos.   

SUGESTÃO:
A última estreia desta semana é O Rastro. Confesso que fiquei animado quando vi o trailer tanto pela estética das imagens como pela qualidade do elenco. O cinema nacional tem potencial para ir muito além das comédias e eventuais dramas. O terror é um subgênero que tem tentado desenvolver um trabalho consistente mas não tem acertado o gol. Na verdade nem bate na trave. O Rastro tinha tudo para virar a mesa mas, problemas estruturais do roteiro e técnicos, jogam a chance de vermos um bom filme de terror nacional por água abaixo. O enredo é sobre um médico que, trabalhando na secretaria de saúde, fica encarregado de encerrar as atividades exatamente do hospital onde se formou. A premissa é boa, ainda mais com os adereços de ter uma criança pedindo ajuda, um amigo se sentindo traído e do protagonista estar esperando, com sua esposa, o nascimento de um filho. De quebra, existe todo um pano de fundo que trata a falência das instituições públicas orquestradas pelos governantes que levam ao desespero da população desamparada. O problema é a inconsistência do roteiro que se perde narrativamente e não consegue criar peso dramático para as personagens e, a provável inexperiência da produção e do diretor que parece estar experimentando muito e acertando pouco. Isso é muito comum, são centenas de ideias, possíveis planos, sequências e tudo mais na cabeça do diretor, mas causar estranhamento com sons e imagens necessita de estudo e planejamento. Ficou exagerado e irritante em alguns momentos. A parte boa está no ótimo elenco com Leandra Leal, Rafael Cardoso, Jonas Bloch, felipe Camargo e Claudia Abreu e nas intenções que são legítimas. Se o resultado final é fraco, existe potencial. J.C Feyer estreia no cinema como diretor e, apesar de não fazer o gol, está em campo e sabe que o jogo está só começando. Espero que acerte na próxima vez. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

SUGESTÃO:
Para ver em casa a dica desta semana vai para a série Big Little Lies. Disponível para assinantes da HBO, Reese Witherpon, Nicole Kidman e Laura Dern protagonizam um drama com relacionamentos abusivos, infidelidade e crises de maternidade. É uma série que recontextualiza a posição feminina em uma trama policial rápida e intensa. Baseado no best-seler de Liane Moriarty, a série tem 7 episódios e certamente vai impactar pela visceralidade e o diálogo que desenvolve com cada um de nós.

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