Estreia em Nova Friburgo Boneco do Mal. É sempre bom ter um representante do gênero nas telas, mas fazer terror é uma arte complexa e desafiante. É um público específico que conhece os atalhos e não perdoa quando algo está fora da proposta. Esse é o problema. O roteiro tenta vender algo e entrega outro. Aí fica complicado. De um terror psicológico, o enredo dá uma reviravolta no estilo: Te enganei, não era nada disso. Só que essa necessidade é maior do que a coerência e, da segunda metade para o final, o filme se perde. A ideia do enredo é interessante e inquietante. Lauren Cohan, que ficou conhecida por atuações em Supernatural, The Vampire Diaries e principalmente em The Walking Dead, é contratada para ser baba de uma criança que, na verdade, é um boneco. Ela encara o desafio por pena dos pais que não conseguem aceitar a perda do filho. Claro que coisas estranhas começam a acontecer e tudo se passa em uma casa sinistra. Isso é sem dúvida uma boa base para um terror psicológico interessante. Pena que a coisa desanda para o susto fácil e para soluções descabidas. Importante destacar as boas atuações de Lauren Cohan e do ator irlandês James Norton. Apesar de ter deixado em aberto a possibilidade de uma continuação, é improvável que aconteça em virtude do mal desempenho nas bilheterias. Vale o ingresso mais pela primeira metade do filme. A indicação etária é para maiores de 14 anos.
Para as crianças estreia esta semana Epa! Cadê o Noé? É uma animação que parte de uma ideia muito interessante. Pouco antes do dilúvio, tendo como referência o Gênesis da Bíblia Hebraica, os animais foram em pares para a arca para se salvarem da grande inundação. No filme, porém, entrava na arca quem estava na lista do Noé, e é daí que parte a ideia principal do enredo. Os nestrians, animais coloridos que dariam um nó a teoria de Darwin, não estão na cobiçada lista. Apesar de ser direcionado para o público infantil e ter um olhar inocente, o filme teria o potencial de nos remeter a muitos questionamentos. Basta olhar o mundo a nossa volta com milhares de refugiados e intolerância às diferenças. Mesmo que de forma ingênua, é sobre isso que trata o roteiro. Os nestrians, “desajustados” que não se encaixam bem em lugar algum, bolam um plano para embarcarem na arca salvadora mas algo dá errado e aí começa a aventura. É preciso esquecer que pela Bíblia entraram na arca um macho e uma fêmea de cada espécie, ou mesmo que precisa de chuva para uma inundação, foram outras coisas que não fazem sentido. O importante aqui é que os animais são fofos, algumas sacadas são boas e no geral, o filme é engraçado. Claro que tem os elementos de sempre e as lições com mensagens edificantes. Tecnicamente a animação é bem construída, mas é muito direcionada para ser vista em 3D. É uma boa pedida para levar as crianças que certamente vão gostar. Vale sim o ingresso e a classificação é livre.
*Não posso deixar de lamentar que estreias interessantes como O Quarto de Jack, indicado ao Oscar na categoria Melhor Filme, que entrou em cartaz esta semana no Brasil, não tenha espaço em Nova Friburgo. É um filme lindo contado através da ótica de um menino sobre o pior e o melhor do ser humano.
SUGESTÃO:
A dica para ver em casa esta semana vai para A Nova Síria. Um filme israelense que debate os “eternos” conflitos no Oriente Médio com foco nas mulheres que, além de conviver em meio a uma guerra, ainda precisam lidar com as barreiras sexistas.
