Filmes da semana 16/05 até 22/05

18/05/2019 14:05:33
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Estreia esta semana em Nova Friburgo Kardec. Todos os filmes biográficos escolhem caminhos como uma balança entre a persona e sua obra. O diretor Wagner de Assis, que também assina o roteiro com L.G.Bayão, conseguiu encontrar um bom equilíbrio deixando de lado o educador Hippolyte Léon Denizard Rivail, para focar em Allan Kardec, nome que ele usou para assinar suas obras, em um recorte que consegue entregar um retrato satisfatório e historicamente correto do pai do espiritismo. O roteiro segue o manual da jornada do herói que se inicia com o chamado e desenvolve um longo caminho até o retorno com o elixir. A vilania ficou por conta da Igreja Católica que, como sabemos bem, se baseia em uma doutrina diferente e sempre lutou pela supremacia e o poder. Destaque para a direção de arte como um todo, desde a fotografia, o figurino, assim como a cenografia e a maquiagem. Wagner de Assis conseguiu desenvolver bons núcleos dramáticos e trabalhou os conflitos hora com enfrentamento, mas também com cumplicidade e força que marcam esse tipo de narrativa. Vemos muito mais relações de parceria do que amorosas, mesmo entre Kardec e sua esposa Amélie Gabrielle Boudet. O elenco desenvolve um ótimo trabalho com Leonardo Medeiros e as diversas fases do protagonista, assim como Sandra Corveloni, Genézio de Barros e todo o elenco. Esse é um filme sobre religião, mas o importante é que ele consegue revelar um bom retrato dos homens e mulheres por trás dessa grande obra que representa os fundamentos do espiritismo. Claro que sempre existem lacunas, e não seria possível preencher cada espaço de tempo, mas vamos combinar uma coisa, cronologicamente a vida é arrastada e chata para ser apresentada. Kardec é um filme sobre religião e fé que entrega o que promete de forma digna e surpreende pela qualidade da produção esmerada. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

A outra estreia desta semana é John Wick 3: Parabellum. O interessante nos filmes do diretor Chad Stahelski, é que podemos sentir que ele faz algo que gosta e sabe como fazer. No terceiro filme da franquia, todos dirigidos por Stahelski, mais uma vez temos toda a narrativa sendo conduzida pela ação, com diálogos apenas pontuando ou dando alguns direcionamentos. Na verdade, o filme parece um game passando por fases com seus desafios até a batalha final. Até a condução das câmeras e a sequencia em que aparecem os inimigos nos faz lembrar de games. O enredo é demasiadamente simples e não tem muito para apresentar e nem se preocupa em desenvolver uma trama complexa. O objetivo desta obra é criar uma imersão do público em um universo próprio, com regras e situações que transcendem qualquer explicação. Destaque para as coreografias e a direção de arte. As cores, o toque retrô e toda a composição de objetos não estão alinhadas com tempo algum e essa é a intenção, construir uma percepção sensorial única, capaz de nos desnortear. Certamente as cerejas são as lutas e nessa área, Stahelski está fazendo um trabalho primoroso. Confesso que nunca tinha visto uma luta com facas como nesse filme, assim como com animais e perseguições de motocicletas. O filme ainda se aproveita de boas referências, até mesmo por conta dos atores que atuaram juntos em outras produções. Keanu Reeves encaixa bem e entrega mais uma vez o herói incansável e determinado, Halle Berry trouxe frescor e charme, e Laurence Fishburne sempre se impõe em cena. Não posso deixar de citar a ótima Anjelica Huston, o elegante Lance Reddick e poderoso Ian McShane. John Wick 3 é melhor que o anterior e impressiona pelo espetáculo. Apesar de longo, com mais de duas horas, e com altos e baixos, consegue agradar a todos e deixar um gosto de quero mais. Importante avisar que trata-se de um filme sobre assassinos e possui muita violência mesmo com contrapesos e pouco sangue. Como dizem “Civis pacem parabellum” – “Quien quiere paz, prepara la guerra.”. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana só pode ser o último episódio de Game Of Thrones. Foram oito temporadas da série mais festejada de todos os tempos. Vai deixar saudades e milhares de fãs desolados com um desfecho que certamente vai surpreender. GoT marcou uma era, elevou as produções de séries a um patamar difícil de alcançar, mas o mais interessante, foi a qualidade do roteiro, o enredo e as personagens em seus diversos núcleos. Restará alguém para se sentar no trono de ferro?

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