Filmes da semana 16/02 até 22/02

16/02/2018 19:47:45
Compartilhar

Estreia esta semana o badalado Pantera Negra. Projeto ambicioso do Universo Marvel tanto pelos valores envolvidos, como pelas questões raciais e políticas abordadas, chegou aos cinemas prometendo ser uma das maiores bilheterias do ano. O interessante é que mesmo com perseguições e tiros, os melhores momentos não são os de ação mas sim, os conflitos em Wakanda e o drama familiar dos governantes. Na verdade as cenas de ação na Coréia são confusas e exageradas, parecendo que foram inseridas apenas para marcar o filme com o selo de herói da Marvel. Tirando isso, todo o resto é muito bom. A produção é grandiosa e exalta uma cultura rica em cores e tradições. O enredo conta a ascensão ao trono do príncipe T´Challa após a morte do rei e as disputas políticas das diversas tribos. O roubo do vibranium serve apenas para criar uma ponte entre as diferentes realidades, mas funciona bem, principalmente com o Martin Freeman fazendo o papel do aprendiz. Outro ponto forte do roteiro são os vilões que fazem um bom paralelo entre a ganância e a vingança. As meninas são uma atracão a parte, Lupita Nyong´o, Letitia Wright e Danai Gurira estão lindas e poderosas. Chadwick Bozeman se fortalece no papel e Forest Whitaker faz o seu papel de sempre. Claro que a grande importância do filme é a ascensão de um heroi negro e pouco conhecido por aqui. Não faltou uma cutucada em Trump, cena com vilão narrando as ações e boas piadas esporádicas. Foge de todos os outros heróis por ter sido apresentado antes, por ter poucas e cenas de ação e pela estrutura narrativa. A Marvel acerta duplamente, tanto pela importância direcionada ao Pantera, como pela abordagem enfatizando aspectos mais relevantes do que correrias e socos o tempo todo. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

A outra estreia em Nova Friburgo nesta semana é o premiado e o favorito para levar o Oscar 2018, A Forma da Água. Guillermo Del Toro sempre se destacou pela estética e a forma narrativa. Mesmo sem ter emplacado um grande sucesso, conseguiu criar uma marca, uma identidade visual própria. Isso não pode ser traduzido como sinônimo de bons filmes e a carreira de Del Toro vinha em um crescente tímido até que ele tirou um gigantesco coelho da cartola. A Forma da Água é uma obra-prima visual que se utiliza de variados recursos narrativos para contar uma história de amor entre excluídos. Duas referências vem a mente assim que o filme começa, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e Dançando no Escuro. Isso evidencia que não estamos diante de uma obra comum. Interessante que a trama é bobinha e previsível, mas isso nem importa. O trabalho de fotografia do Dan Laustsen e a produção de arte, são primorosos. O verde e o amarelo, cores que criam tensão e sugerem problemas, estão sempre presentes. O jogo de sombras também enfatiza o ambiente de mistério, as coisas não são bem o que parecem. O filme passeia pelo musical, drama e romance, sendo acima de tudo, lúdico e fantasioso. Essa atmosfera criada por Del Toro possibilita uma narrativa livre e verossímil ao ser coerente com o próprio universo criado. Sally Hawkins, Michael Shannon, Richard Jenkins, Octavia Spencer e Doug Jones estão impecáveis e mergulharam de cabeça no projeto. Nada é gratuito, esse é um filme que fica difícil pensar em mudar algo. Destaque para a trilha sonora de Alexandre Desplat que mais uma vez faz um trabalho de excelência. São 13 indicações ao Oscar 2018 e vai levar mais da metade. Vale muito o ingresso, é o melhor filme em cartaz e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Sugestão:
Para ver em casa a dica desta semana vai para Tudo Sobre Minha Mãe. Pedro Almodóvar e suas mulheres fortes. Cores vibrantes, muito vermelho e temas simples tratados de forma aprofundada e inteligente. Um clássico do cinema autoral.

Compartilhar