Estreia esta semana nos cinemas O Predador. Hollywood é conhecida por reeditar sucessos do passado ainda que eles tenham chegado ao desgaste e ao desinteresse do público. O filme original que trabalhava bem a luta pela sobrevivência e criava um clima de suspense ao não mostrar o predador, foi aos poucos ganhando versões descabidas e apelativas apenas para pegar carona no original de 1987. Desta vez, uma aposta foi feita para tentar mudar o rumo ao escalar o diretor, ator e roteirista Shane Black que curiosamente fez Hawkins, o soldado com jeito nerd que ao lado Arnold Schwarzenegger enfrenta o alienígena no filme original. Shane é mais conhecido pelos roteiros de Máquina Mortífera, e foi essa pegada irônica e recheada de piadas que pode agradar e fazer a diferença, mas nem tudo funcionou bem. O roteiro trabalha bem as personagens ainda que sejam clichês, oferecendo bons diálogos e situações inusitadas. Não tem um grande nome no elenco, mas todos desenvolvem bem seus papeis com destaque para o jovem Jacob Tremblay. O enredo é sobre a luta entre alienígenas que ocorre no planeta Terra após um acidente no espaço. Na primeira metade do filme o diretor consegue imprimir sua marca sarcástica e brinca com a própria franquia, o que pode desagradar alguns fãs, mas essa é a melhor parte. Na metade final, o roteiro deixa a coerência de lado ao dar espaço para a ação e a correria, e a coisa toda se perde. Destaque para um novo tipo de alienígena que bestializa ainda mais os alienígenas. É um filme que desenvolve boas críticas, não se leva tão a sério e consegue criar boas cenas de ação. Diferente, corajoso e bem desenvolvido vai certamente agradar ao público em geral. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
A outra estreia desta semana é Hotel Artemis. Esse é um filme complexo e bem produzido, que desafia a percepção do espectador, além de conseguir inserir o debate social de forma marcante. O enredo é sobre um hospital para criminosos na cidade de Los Angeles no ano de 2028, comandado por uma senhora idosa que conduz tudo sozinha em um clima lúdico, quase fantasioso. É um futuro marcado por escassez, violência e confusão. Dirigido pelo estreante Drew Pearce, o filme tem seus maiores destaques na produção de arte e no roteiro que não poupa críticas a sociedade norte americana. Com uma mistura entre o Expressionismo e a Art Déco, os cenários são ricos em detalhes mas desgastado e sofrido, refletindo a própria condição humana da enfermeira. Pearce que também escreveu o roteiro, claramente monta uma ficção para debater o modo american way of life, criticando as armas, o consumismo e o egocentrismo inconsequente. Temos ainda boas cenas de ação em pequenos espaços e até um pouco de romance entre os hóspedes. O elenco é outro ponto forte protagonizado pela Jodie Foster com Sterling K. Brown, Sofia Bostela, Charlie Day e Zachary Quinto, entre muitos outros. Vale ressaltar a aparição de Jeff Goldblum interpretando ele mesmo mais uma vez. Claro que nem tudo são flores e, em um projeto tão ambicioso, alguns pontos não conseguem acompanhar como a simplicidade da trama, assim como a sequência de eventos casuais que movem a ação dramática. É um filme forte e necessário ao bater firme nas mazelas sociais. É a arte bem produzida fazendo sua parte em levantar o debate. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Uma Mulher Fantástica. Sebastián Lelio é mais um diretor da boa safra do cinema chileno com uma obra sobre o amor, esperança e uma doação inacreditável. Vencedor do Urso de Prata em Berlim para o melhor roteiro, o filme é belo e emocionante do início ao fim.
