Filmes da semana 14/02 até 20/02

16/02/2019 19:15:45
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Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo Minha Fama de Mau. Essa é uma biografia cinematográfica do Erasmo Carlos com o objetivo claro de exaltar as boas qualidades, tanto do movimento conhecido como Jovem Guarda, como do próprio biografado. O diretor Lui Farias buscou um caminho ousado para os padrões nacionais, mas difícil de executar, com uma narrativa que utiliza diversos recursos como narração em voice over, quebra da quarta parede e momentos inspirados nos quadrinhos. Parte do roteiro teria sido baseado nos desenhos e anotações do Erasmo o que justifica a busca por essa linguagem. O grande acerto do filme está na qualidade e performance do elenco. Chay Suede surpreende como Erasmo e Gabriel Leone construiu um Roberto Carlos livre dos trejeitos e com uma persona própria. A direção de arte também constrói um bom trabalho mesmo tendo cenas em que visivelmente se nota economias quanto ao orçamento. Mesmo com problemas no roteiro pela inconsistência narrativa, o filme consegue acertar na segunda metade. Erasmo é apresentado como o bom moço ingênuo e influenciado pelos ícones estrangeiros da época. Essa produção consegue bons momentos, mas não consegue fugir ao apelativo tão presentes nas canções e constrói cenas novelescas, mas que vão agradar aos fãs. Minha Fama de Mau tem um objetivo simples, não quer abrir debates políticos e entrega com louvor o que promete e com alguma ousadia. Apesar de muito criticada ainda hoje, a Jovem Guarda merece ter seus representantes nos cinemas e vai agradar em cheio quem viveu esse período no Brasil. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Outra estreia desta semana é Alita: Anjo do Combate. Ficção científica baseada nos mangás de Yukito Kishiro, o filme é um show visual que derrapa em um roteiro esquemático e engessado. Um nome define bem isso, James Cameron que produziu e como sabemos, adora esses desafios. O enredo é a eterna jornada do herói. Em 2563 um cientista que trabalha com próteses e robótica avançada encontra o tronco de um ciborgue em um depósito de ferro e lixo e ao reconstruí-la, nasce uma heroína de olhos grandes e movimentos rápidos que vai desafiar a ordem natural instaurada. Apesar de ter um viés adolescente e buscar um romance desesperadamente, o roteiro traz alguma maturidade nos eventos e ao final da sessão temos a impressão que o filme basicamente buscou apresentar a heroína e o vilão para possíveis continuações. Atores reconhecidos e premiados dão para a protagonista, interpretada pela Rosa Salazar, uma estrutura de apoio fundamental. Nomes como Christoph Waltz, Mahershala Ali, Ed Skein, Jennifer Connelly, são alguns entre muitos outros que não recusariam um projeto com o selo de Cameron. Alita: Anjo do Combate é um bom início para a série de Kishiro e um espetáculo audiovisual que pode, assim como Avatar, criar um novo afluente na linguagem cinematográfica, mesclando formatos ao trazer os mangás para as telas como ainda não havia sido feito. Apesar de aparentar um entretenimento simples por conta do roteiro que apresenta mais do mesmo, esse é apenas o início e uma preparação do que está por vir. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

A última estreia desta semana é Vice. Com oito indicações para o Oscar 2019, essa é mais uma cinebiografia, e conta parte da vida do Dick Cheney e sua carreira política que o levou a ser o vice-presidente no governo de George W. Bush. Existem muitos nomes a serem citados nessa produção, mas o primeiro não poderia ser outro além de Adam McKay que roteirizou e dirigiu esse filme cheio de formatos e com muita personalidade. As principais marcas do diretor são o sarcasmo, o debate e a quebra de conceitos narrativos e isso é o que mais chama a atenção. Perto dos cinquenta minutos de projeção acontece algo que eu nunca havia visto, o filme simplesmente termina com direito aos créditos finais e música de encerramento. Importante lembrar que são mais de duas horas e dez minutos de duração. Apesar de bem vindas essas experimentações, McKay se utiliza de tantos formatos e elementos que o resultado ficou perdido, como uma colagem de diferentes estéticas que passa uma sensação de desencaixe. O que precisamos estabelecer é que as prioridades são o debate e o sarcasmo e, que nesse universo, vale tudo. Christian Bale faz um trabalho primoroso mais uma vez, com destaque para a versão mais velha de Dick Cheney, Amy Adams também está ótima, mas Steve Carell e Sam Rock poderiam ser melhor aproveitados, pelo menos é o que todos gostariam. Apesar de aparentemente ser um assunto desinteressante para os brasileiros, o filme aborda como reagiu a política norte-americana a eventos como o onze de setembro tendo a influência decisiva de um vice-presidente que estimulou ações que resultaram em milhares de mortes e dólares. Adam McKay ainda não conseguiu formatar o turbilhão que se passa em sua cabeça em uma obra audiovisual bem alinhada, mas mostra estilo e personalidade e quando conseguir, vamos ter uma obra-prima. Um ótimo filme que pode decepcionar pela expectativa elevada mas, apesar dos problemas, é relevante e vai inspirar muita gente. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão:
A dica para assistir em casa esta semana vai para Fargo – Uma Comédia de Erros. Premiado e com ótimas atuações, esse é um exemplo de um filme simples mas narrativamente bem desenvolvido. Divertido e angustiante, vale pelo roteiro e pelas personagens bem desenvolvidas.

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