Estreia esta semana nos cinemas MIB: Homens de Preto Internacional. Essa é mais uma produção de Hollywood fazendo mais do mesmo, uma continuação com foco na heroína. Na verdade, os homens neste filme são apresentados como bobalhões, o que diminui a proposta e a força feminina desejada. Quarto filme da franquia, assim como as continuações anteriores, ele bebe da fonte do original, se construindo quase como uma homenagem, repetindo os mesmos caminhos e ações. O enredo é simples e gira em torno da obsessão da heroína em se tornar a Agente M, a dualidade do Agente H e a necessidade em proteger um artefato após a ameaça de um agente duplo infiltrado nas organizações MIB. Com um roteiro mediano, sem apresentar nada de novo e previsível, o filme não consegue desenvolver algo empolgante ou mesmo engraçado, uma marca da franquia. Outro problema é o excesso de tela verde que fica evidente e dificulta o convencimento, além disso, as cenas de ação são curtas e com muita edição. Por fim, não existe um vilão capaz de fazer um contrapeso ao protagonista. Ainda assim o filme tem bons momentos e referências e vai trazer muita nostalgia para quem viu e curtiu o original. Chris Hemsworth sai da linha do sedutor e trabalha seu lado cômico mais uma vez com méritos, Emma Thompson continua forte em cena e Liam Neeson é o mesmo de sempre. O destaque mesmo fica todo com a bela Tessa Thompson com seu carisma e presença marcante. Um ponto forte é a ótima química entre Chris e Tessa, apesar das piadinhas fracas do roteiro insistirem em atrapalhar. Vale citar a aparição do Sérgio Mallandro e de uma infinidade de seres dos mais variados com destaque para o Pawny, que participa sempre das melhores piadas. Vai render boas risadas e muita nostalgia, mas é um entretenimento que não vai acrescentar muito. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.
A outra estreia desta semana em Nova Friburgo é Fora de Série. É sempre muito bom quando temos uma grata surpresa, principalmente em um tema tão batido como a adolescência e formatura do ensino médio nos Estados Unidos. Essa produção tem como protagonistas duas meninas, uma fora do “padrão”, por estar acima do peso e outra assumidamente lésbica, e foi dirigida, escrita e produzida por mulheres. O roteiro, escrito a quatro mãos, consegue façanhas impressionantes e faz um retrato bem humorado da composição contemporânea da geração que começa a romper de forma social quadrada e preconceituosa. São muitos personagens que possuem camadas, provavelmente mais de dez, e esse equilíbrio é raro. Molly e Amy são melhores amigas e tentam lidar com os conflitos e situações que o momento as impõe, como sexo, amizade, drogas e, principalmente, de como encontrar um caminho a seguir. São muitos padrões a serem quebrados de forma positiva. Nada de populares ricos, bonitos e jogadores de futebol americanos. A diretora Olivia Wilde consegue imprimir visceralidade e arte com bom humor e drama, sem perder o tato ou buscar caminhos fáceis. O elenco desenvolve um trabalho muito bom, tanto em relação as protagonistas, Beannie Feldstein e Kaitlyn Dever, assim como as participações de Lisa Kudroe, Will Forte e Jason Sudeikis, entre outros. Fora de Série é uma versão de Superbad com um viés mais social e questionador. Com ótimas sequências como a da piscina e a em Stop Motion, uma direção segura e competente, assim como um roteiro divertido e descentralizador. Essa comédia adolescente abre um novo olhar sobre uma geração e convida todos ao bom debate sobre diferenças, padrões e amizade. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
Sugestão
A dica desta semana para assistir em casa é a terceira temporada de Jessica Jones. Quem conhece sabe os motivos que levaram esta série a ser uma das mais populares da Netflix e ganhar mais uma temporada. A heroína marginalizada e desinteressada que luta pela ética assina de tudo pode ser uma boa opção para uma maratona no final de semana ou mesmo no feriado próximo.
