Filmes da semana 11/04 até 17/04

18/04/2019 10:15:33
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Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo Superação – O Milagre da Fé. Existem muitas situações extraordinárias e elas são boas para servir de base em dramas para o cinema. Baseado em fatos reais, este filme consegue ir além da cartilha religiosa aprofundando melhor as personagens e suas relações, entregando muito mais do que apenas a fé pela fé, mas sim um pouco da essência do ser humano e da transformação pela luta e perseverança. O enredo é sobre um menino adotado que sofre um acidente e fica quinze minutos submerso em águas congelantes e após ser resgatado, trava uma batalha para sobreviver. A questão do menino ser adotado, o pastor nada convencional que aos poucos mostra seu valor, o bullying na escola e diversos outros fatores, demonstram a necessidade do roteiro em criar dramas e questões além do problema central. O acidente com o menino é o estopim para realinhar os caminhos. Essa é a cartilha do roteiro que persegue o emocional e a sensação de bem estar. A chance de errar em uma produção que busca esse caminho é muito grande, mas essa produção consegue acertar. Grande parte dos méritos está na ótima atuação de Chrissy Metz que faz a mãe incansável. Ela consegue comunicar e envolver dramaticamente com sinceridade e carisma. O filme ainda conta com as boas atuações de Josh Lucas, Rebecca Staab e Topher Grace, mas ficam apenas orbitando Metz. Esse é um filme que entrega o que promete com certo louvor, e é uma prova de que é possível desenvolver uma produção com viés religioso sem ser piegas, valorizando a fé, mas também o espírito humano de luta e capacidade de ir além. Não esqueça de lenços para as lágrimas. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 10 anos.

Outra estreia desta semana é De Pernas Pro Ar 3. A comédia tem sido o principal produto do audiovisual nacional a ganhar as telas, mas esta produção conseguiu ir além da mesmice da piada fácil e sequências de esquetes com uma pitada de drama ao final. A Julia Rezende mais uma vez demonstra sua versatilidade como diretora, conseguindo transitar entre gêneros com fluência e  inteligência. É nítido quando vemos cenas meticulosamente planejadas ao invés do automático de novela mexicana. São muitos os acertos, mas o grande desafio foi a janela de tempo entre os filmes da franquia causando a necessidade de se renovar e evoluir em um assunto tabu e pouco debatido. Alice, interpretada por Ingrid Guimarães, consolida seus negócios com a marca Sexy Delícia mas decide se dedicar a família e mudar o foco deixando de comandar a empresa. Sua aposentadoria, porém, dura pouco. Um produto de realidade virtual chega ao mercado ameaçando seu reinado e ela vai lutar pelo trono a todo custo. O roteiro acerta exatamente ao fugir das armadilhas com soluções fáceis e ao explorar o que as personagens tem de melhor. As piadas são fluentes e a protagonista é a poderosa Ingrid Guimarães que desfila com seu carisma e talento tanto pela comédia quanto no drama. Destaque também para Samya Pascetto que interpreta a nova geração de empreendedores, uma versão da Alice mais jovem e descolada. Interessante ver o primeiro filme da franquia a nove anos atrás e perceber como o debate vem se descolando do moralismo raso ao ser comparado com essa nova produção. Essa é a melhor comédia nacional até o momento em 2019 e pode ser vista como um exemplo para fugir da água de salsicha da maioria das comédias tupiniquins. Vale muito o ingresso, principalmente para quem viu os anteriores e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

A última estreia desta semana em Nova Friburgo é After. Impossível não comparar esse romance juvenil com Cinquenta Tons de Cinza, principalmente pelos estereótipos e as cenas erotizadas. Baseado na obra de Anna Todd, o enredo é sobre uma jovem inocente e sem qualquer experiência sexual a dois, que é seduzida pelo rapaz belo e rebelde, e isso vai mudar a sua vida por completo. O problema é que o roteiro nem sequer tenta fazer algo original e caminha pelas direções mais conhecidas e fáceis possíveis. Na verdade o filme perde muito tempo com o casal em senas picantes para compensar a falta de algo melhor. A diretora Jenny Gage merece muito reconhecimento por conseguir dar algo de interessante para situações arrastadas com ângulos e cortes eficientes, mas não pode salvar um roteiro ruim. O grande problema mesmo é o abismo que existe na qualidade de atuação do casal. Enquanto Josephine Lanford consegue desempenhar uma boa versão da Anastasia Steele mirin, seu par Hero Fiennes-Tiffin parece uma máquina inexpressiva que se resume a fazer caras e bocas. É o mesmo texto de sempre, sobre o amor que explode entre jovens, tentando ser moderninho e com as referências mais batidas possíveis. Tudo isso acompanhado das canções românticas pontuais que só funcionam para os mais desatentos espectadores. Ainda assim, vai agradar a um público específico e por incrível que pareça, o filme deixa aberta a possibilidade para uma continuação. Vamos torcer para que se ocorrer, que seja melhor. A indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Projeto Flórida. Totalmente gravado por IPhones, o filme de Sean Baker mostra um lado diferente da Flórida tão conhecida pelos parques e diversões. Estrelado pela ótima Bria Vinaite e com a presença de Willem Dafoe, esse filme é considerado por muitos como uma das injustiças do Oscar 2018 e certamente vai te surpreender.

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