Filmes da semana 10/03 até 16/03

10/03/2017 16:37:32
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Estreia esta semana nos cinemas Kong: A Ilha da Caveira. Todos conhecem a clássica História do gorila gigante que se apaixona por uma moça meio “barbie doll” e que luta contra aviões pendurado no topo do Empire State Building. Esse é um belo enredo e que cria grande empatia ao humanizar o gorilão e, mesmo com as diversas versões desde a de 1933 em stop motion, a busca sempre foi nessa linha do embate entre um romance impossível e a ganância humana. Esse novo Kong é um tipo de “monstro herói”, o rei do pedaço. A ideia aqui foi a de criar um “universo” de monstros gigantes. Em 2020 já está marcado o duelo entre Kong e Godzilla, só para dar uma dica do que estou falando. Esse King Kong, que estreou em todo Brasil, é um filme que acerta na produção, principalmente na qualidade dos efeitos em CGI, mas esquece de todo o resto. O filme é ambientado após a guerra do Vietnã, no início dos anos 70, o que é um acerto, principalmente por conta das inúmeras referências ao Apocalipse Now. O diretor Jordan Vogt-Roberts abre um leque de referências imagéticas e dramáticas análogas ao filme do Coppola, com os helicópteros, a cor laranja e o céu vermelho, além de muitas outras. O problema é que esse é um blockbuster de monstros, que busca um público que gosta de entretenimento raso e se apoia na qualidade dos efeitos digitais. Não há, portanto, espaço para qualquer tipo de autoria. Bons atores como John C. Reilly e Tom Hiddleston são mal aproveitados, Brie Larson faz a Kong girl e Samuel L. Jackson faz o Samuel L. Jackson. O grande problema é que o roteiro é péssimo. Na verdade, parece um retalho escrito por um monte de gente que não combinaram direito e que o Fulano não leu a parte do Sicrano que, por sua vez, nem sabia que tinha o Beltrano. Não tem um enredo dramático que sustente a coisa toda, as situações não fazem sentido, tudo simplesmente acontece e pronto, esqueça a física, o tempo e o bom senso. Eu sei que é um filme com um gorila gigante e um monte de maluquices, mas ainda assim precisa respeitar a realidade sugerida. Um exemplo do que estou dizendo é o lago e o polvo. Salvam as boas sequências do início e do final do filme, na verdade elas fazem valer o ingresso. Vale dizer também que o Kong está mais parecido com o original, principalmente a mandíbula e o nariz, outra boa referência. Por fim, cenas após os créditos dão o tom da continuação, importante ver. Vale sim, principalmente por conta do 3D no início e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

O outro filme que entra em cartaz esta semana é Moonlight – Sob a Luz do Luar. A grande surpresa do Oscar 2017, que levou o prêmio de melhor filme veio para Nova Friburgo muito por esse motivo, mas não é um filme para o público em geral. Na verdade nós brasileiros já estamos acostumados ao cinema de mazelas que conta a crueldade em diversos polos sociais, as batalhas e a foça da mão da vida que apertas a garganta dos menos favorecidos. Os pontos fortes do filme estão no ótimo roteiro adaptado que também levou o Oscar, na atuação impressionante da Naomie Harris e uma direção inteligente, que soube aproveitar a força do tema e mesclá-las com imagens emocionalmente narrativamente impactantes. O enredo trabalha 3 diferentes fases na vida do Chiron que tem diferentes nomes: Little, quando pequeno; Chiron na adolescência e Black já adulto. Com uma mãe viciada, nada é simples na vida do rapaz que passa por provações diárias. É um filme que fala sobre as escolhas e a falta delas. O roteiro trata tudo com respeito, vitalidade e exalta o lado humano, a dicotomia, as feridas e renova a esperança no que sobrou de bom. É um filme sobre o amor, simples assim. O diretor Barry Jenkins que também adaptou o roteiro da obra de Tarell Alvin McCraney não apresenta nada de novo mas faz tudo com alguma maestria. Destaque para os silêncios e para o peso narrativo dos planos, principalmente aqueles que perseguem o protagonista. O fotógrafo James Laxton também merece destaque, principalmente pelas cenas noturnas. Não posso deixar de destacar também o vencedor do Oscar Mahershala Ali que faz um bom trabalho na metade do filme, não era meu preferido na premiação, mas teve sim algum merecimento. Interessante foi a participação brasileira nesta produção do multi Caetano Veloso com a música cucurrucucu Paloma. Resumindo, é um ótimo filme que explora bem os temas propostos e com muita honestidade. Não era também meu favorito ao Oscar 2017, mas entendo que está em boas mãos, principalmente devido ao momento que vivemos simbolizado pelo pensamento Trump que se ocupa mais em construir muros do que em plantar valores coletivos. Vale muito o ingresso, é relevante e necessário, mas não vai agradar a todos. A indicação etária é para 16 anos.

Sugestão:
Para ver em casa a dica desta semana vai para A Vida dos Outros. Um expoente do bom cinema alemão ambientado na Alemanha Oriental que confronta distintas realidades e transforma “soldados” em seres humanos.

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