Estreia esta semana em Nova Friburgo Cemitério Maldito. Novamente adaptado do clássico livro de Stephen King, os diretores Kevin Kölsch e Dennis Widmyer conseguem entregar um ótimo suspense carregado de momentos inquietantes, em um crescente que vai agradar em cheio os fãs do escritor, assim como do público em geral. Para quem leu o livro, assistir uma adaptação é sempre um desafio maior, mas isso não deve ser levado em conta para a avaliação de uma peça fílmica que deve ter sua essência narrativa focada apenas em si mesma. O enredo é sobre uma família que se muda para uma casa no interior próxima a um cemitério de animais que esconde um passado sombrio e vai aterrorizar a todos. Apesar de parecer simples e óbvio, a força desse enredo está na forma de como a narrativa se desenvolve e nas reviravoltas que vão acontecendo. Esse é o grande acerto do filme que consegue explicar o suficiente e aos poucos, prende a atenção em um crescente, até o ato final. Claro que existem clichês e jump scares baratos, disso não tem muito como fugir, mas o resultado é uma obra que vai prender a atenção e até criar alguma reflexão. O elenco conta com o ótimo John Lithgow, que constrói uma nítida dualidade, com Jason Clarke que convence ao transformar a dor em insanidade, conta também com Jeté Laurence que tem um papel fundamental no terceiro ato e com uma desesperada, e a melhor em cena, Amy Seimetz. Esse é um filme que consegue entregar o melhor do subgênero terror, se utilizando de personagens com múltiplas camadas, em uma narrativa crescente em que cada nova sequência soma como tijolos em uma casa, para assim, chegar ao grande final. Imperdível para quem gosta de Stephen King ou de um bom filme de terror. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
A outra estreia desta semana é Pokémon Detetive Pikachu. Não é difícil entender o motivo por trás de tanto sucesso da franquia multimídia criada por Satoshi Tajiri em 1995 que conta a história de treinadores de seres “mágicos” que evoluem e travam batalhas espetaculares sempre que desafiados. Após o sucesso mundial do Pokémon Go!, que reacendeu a chama para uma nova geração, era uma questão de tempo até que um filme, desenvolvido em live-action, entrasse em cartaz. Essa nova aventura é baseada no vídeo game de mesmo nome e o enredo é sobre uma busca para descobrir o que levou ao desaparecimento do detetive Harry Goodmaan que vai envolver seu filho e o pequeno e elétrico parceiro de seu pai. Existem duas questões que precisam ser bem desenvolvidas principalmente em um filme como esse. Acertar o tom entre nostalgia e referências para buscar uma sensação afetiva no espectador, assim como contar uma aventura divertida e empolgante, sem exagerar no didatismo tentando agradar a diferentes públicos. Complicado não é? O diretor Rob Letterman consegue fazer bem a primeira parte mas é atrapalhado pelo roteiro inconsistente e pelas atuações. O filme segue a cartilha do politicamente correto, sem focar em batalhas em um universo de coexistência entre os humanos e os animaizinhos. O CGI impressiona pela qualidade e interação, assim como as cores são múltiplas e amplamente utilizadas para prender a atenção dos mais novos. O roteiro aproveita os momentos “incorretos” para tirar as melhores piadas. No elenco, Justice Smith não oferece qualquer carisma e a Kathryn Newton pouco acrescenta. Isso dificulta muito a conexão do público com o desenvolvimento da narrativa. O elenco ainda conta com as presenças dos ótimos Bill Nighy e Ken Watanabe, que são pouco utilizados, e na versão original com a voz de Ryan Reynolds que interpretou e carrega a marca Deadpool. Apesar de burocrático, previsível e direcionado para o público infantil, o filme consegue fazer boas piadas e entregar alguma dose de saudosismo, principalmente para os fãs. Vale sim o ingresso e a indicação etária é livre para todas as idades.
Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para o retorno de O Mecanismo. Melhor que a primeira temporada, a polêmica série criada por José Padilha baseada nas ações da Operação Lava Jato, desta vez foca nos desdobramentos que levou a delação premiada do diretor de uma das maiores empreiteiras do Brasil. Importante ressaltar que é uma obra de ficção, principalmente ao construir os dramas das personagens, mas o contexto narrativo, todos sabem bem do que se trata.
