Estreia esta semana em Nova Friburgo Invasão a Londres. Mais uma continuação de um filme que rendeu boa bilheteria tenta confirmar a tendência crescente dos estúdios em apostas certas. O elenco é o mesmo com nomes de peso como Gerard Butler, Aaron Eckhart, Melissa Leo e Morgan Freeman assim como temática sobre o terrorismo. Dessa vez, ao invés de invadirem a Casa Branca, ocorre uma espécie de tomada de Londres com terroristas fazendo de tudo para capturar o presidente dos Estados Unidos. O problema é que esqueceram de um detalhe. As ações e situações precisam fazer algum sentido. É tudo muito descabido. Essa necessidade que essas produções tem de inflar o complexo de John Wayne com a visão imperialista fica até deselegante no contexto atual. Esse eterno discurso da vítima egocêntrica que luta pela liberdade e pelo bem, desde que o bem seja eu mesmo, já deu. Tirando tudo isso, o filme tem pouca coisa que mereça algum destaque. Uma única cena, mais para o final do filme, pode ser destacada. São quase 3 minutos em plano-sequencia com muita ação durante a tentativa de estourar um cativeiro. O personagem do Butler parece uma mistura do Rei Leonidas e um Rambo urbano inconsequente. Só falta mesmo ele gritar por Sparta e amarrar uma fita vermelha na cabeça. Na verdade, é estranho ver atores badalados interpretando papeis tão inexpressivos e em uma produção tão descuidada. Só vale mesmo para o entretenimento puro e despretensioso, mas vou avisando: As ações, a invasão, o sumiço dos londrinos e muito mais não faz qualquer sentido. A indicação etária é para maiores de 14 anos.
A outra estreia desta semana é Deus Não Está Morto 2. Apesar de ser melhor do que o anterior, que foi certamente um dos piores filmes de 2014, ainda está longe de poder ser considerada uma obra cinematográfica. Na verdade temos que olhar para essa produção direcionando o pensamento para a natureza da sua proposta que é a propaganda religiosa cristã. De fato, não é cinema, mas tendo o primeiro filme custado apenas 2 milhões de dólares para ser feito e faturado 8 milhões só nos dois primeiros dias de exibição, é fácil entender o que motivou uma sequência. Outro problema é a mensagem estampada em muitos cartazes promocionais com os dizeres: “De que lado você está?”. Essa é exatamente a ideia que grupos extremistas disseminam e que resultam em tragédias em todo o mundo. Essa necessidade em rotular grupos em relação a crenças estimulando atitudes separatistas ferem preceitos fundamentais da nossa sociedade ocidental como a liberdade ao debate isento e construtivo. Dito isso, o filme, que dessa vez recebeu 5 milhões de orçamento, conta com uma produção mais apurada que o primeiro, mas é só isso. A necessidade de provar um ponto de vista é tão forte que o roteiro se perde e não faz sentido nem mesmo na questão central do filme. Desta vez Melissa Joan Hart, conhecida pelo seriado Melissa & Joey, é a professora que vai lutar em um tribunal por sua fé. Como não poderia deixar de ser, o pacote é completo. Músicas gospel para jovens o tempo todo, a vitimização do “bem” e todo tipo de esteriótipos imagináveis. Depois de tantos filmes bíblicos ganhando novas versões, era de se esperar que viriam também esses com estilo teen. Não é para qualquer um, na verdade, não é um trabalho com características cinematográficas. Tem um público certo e o desavisado pode se decepcionar. A indicação etária é livre.
Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para A Professora de Piano. Um filme forte para adultos sobre a natureza humana. Isabelle Huppert é uma professora aparentemente normal mas com um gosto sexual bem peculiar.
