Filmes da semana 04/08 até 10/08

04/08/2017 18:03:32
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Estreia esta semana o aguardado Planeta dos Macacos: A Guerra. Desde o lançamento em 1968, diversas continuações, versões, séries e até quadrinhos, apareceram baseados neste clássico do cinema de ficção. Um problema, porém, sempre assombrou as produções após o original e por um único motivo. O final antológico com a Estátua da Liberdade não tem como ser igualado. Nem mesmo Tim Burton chegou perto de fazer algo decente. Mas aí veio uma nova e ótima ideia. Fazer uma versão enfatizando o lado dos símios deixando de lado qualquer abordagem anterior. Claro que vários personagens do lado dos macacos já criavam empatia com o público, mas a abordagem dessa nova franquia vai muito além com os humanos fazendo suas desumanisses de sempre, e os símios tentando de tudo para evitar um conflito. Andy Serkis mais uma vez rouba as cenas interpretando César, Woody Harrelson faz o vilão e Karin Konoval é Maurice, o orangotango de Bornéu. Esse terceiro filme é uma continuação e fica complicado para quem não viu os anteriores. Apesar de óbvio, o enredo introduz elementos narrativamente interessantes, como a jovem Amiah Miller, faz os dramas e reviravoltas possíveis e fecha esse período entre a origem e a guerra com louvor. Por sinal, a cena final é belíssima. Claro que os pontos fortes estão na imagem e a trilha sonora que, apesar de muito repetitiva, faz bem o seu papel. Confesso que tenho dificuldade para comprar algumas abordagens como um gorila montado em um cavalo, mesmo tendo visto os filmes anteriores, assim como imaginar que os macacos poderiam vencer os humanos em um conflito sem tecnologia. Na verdade, o filme não é sobre o conflito físico apesar de ter Guerra no título, a luta acontece no emocional, nas nuances das personagens e suas trajetórias sofridas. É a guerra que nos transforma e a resistência que ainda resta em cada um. É um fechamento digno depois de tantas tentativas frustradas desde o original estrelado por Charlton Heston. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

A outra estreia desta semana em Nova Friburgo é O Filme da minha Vida. Um dos expoentes do atual cinema brasileiro Selton Mello, mais uma vez, dirige e estrela uma produção tentando ser fiel ao caminho que busca um descolamento do cinema com cara de novela das oito. Desde Feliz Natal, sua carreira como diretor oscila. Nota-se a busca por uma personalidade, mas arte, não se faz só com arte. Por mais talento e sensibilidade que Selton Mello tenha, o caminho é longo e as dificuldades são enormes. A verdade é que temos que aplaudir o rapaz que vem amadurecendo muito o olhar, mas ainda carece no desenvolvimento do roteiro. Este filme é uma adaptação do livro do Chileno Antonio Skármenta que enviou o livro para Selton sugerindo que fosse feita uma adaptação para o cinema. O problema está em adaptar um livro com conteúdo lúdico e poético. Existem diferenças marcantes de ação narrativa entre as obras que tomam caminhos completamente distintos, principalmente quanto ao final. O enredo é sobre um jovem rapaz na década de 60 que é surpreendido com o retorno repentino do seu pai, que é francês, ao seu país de origem. O resultado é um bom período dedicado ao culto à tristeza por parte do rapaz e sua mãe. É basicamente o passo a passo das fases da perda, mas com um final incoerente. Temos a negação, a busca, a aceitação, a experimentação, o amadurecimento e, na hora de fechar, ocorre um retrocesso. Claro que estamos em 1960 na serra gaúcha e o ser humano não vem com manual, mas as escolhas feitas para a adaptação alteram a essência do drama. O elenco é um dos pontos fortes e, Além do Selton Mello, conta Vincent Cassel, Johnny Massaro, Bruna Linzmeyer e Ondina Clais, essa última, com uma interpretação forte e inteligente. O ponto alto do filme está na qualidade audiovisual. A fotografia, os enquadramentos, o figurino e a trilha sonora foram tecnicamente muito bem executados como poucas vezes é visto em um filme nacional. É um belo filme, o melhor da carreira do Selton como diretor e, apesar de problemas no roteiro, mostra talento e vigor no desenvolvimento do cinema com cara de cinema no Brasil. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para a Lion – Uma Jornada para Casa. Um drama ou melodrama, como quiser, baseado em uma história real, bem amarrado e certinho sobre a busca de um jovem pela sua família após um “desencontro”. Ótimas interpretações da Nicole Kidman e Rooney Mara, além claro do Dev Patel como Saroo na fase adulta. Bom programa para toda família.

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