Filmes da semana 03/10 até 09/10

05/10/2019 12:09:23
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Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo o aguardado e polêmico Coringa. Essa é uma obra impressionante e bem construída, tão visceral que assusta ao compreender a psicopatia e trabalhar um crescente capaz de justificar atos egoístas e levianos. Por isso ele causou tanta polêmica. Uma possível leitura é a de um herói contra o sistema. O enredo conta a transformação de uma persona que nutre suas frustrações e é esmagado pela sociedade até chegar ao limite. A direção de Todd Phillips é surpreendente, nada está em cena sem algum motivo, tudo é muito bem estruturado e construído. O filme se passa na década de setenta e a direção de arte também está impecável. Temos a sensação real de que estamos naquele contexto. O filme consegue criar um conexão com o público que passa a sentir o peso de uma cidade suja e cruel, consegue ver a dor e o olhar das classes mais altas subjugando e pisando nos oprimidos. São múltiplos socos em arcos dramáticos que vão ganhando força até uma catarse que resulta no surgimento do Coringa. O trabalho do ator Joaquin Phoenix é o ponto forte e não podia ser diferente. É uma história de transformação e ele consegue entregar, seja com a fisicalidade ou expressões, uma visceralidade espantosa. Vale reforçar que é sempre um todo. Durante a evolução, Phoenix tem uma expressão perdida, ombros caídos, mas ele contracena com o escuro, com vazios e grades. Essas composições elevam o peso dramático e o resultado é muito mais interessante. Vale ressaltar também a presença de Robert De Niro e a semelhança do filme com Taxi Driver. Tecnicamente essa é uma aula de cinema e possivelmente é o melhor filme do ano, mas certamente vai incomodar, principalmente pois percebemos que existem Coringas na vida real e que eles podem estar mais próximos do que imaginamos. Para quem gosta do HQs e similares, é um presente e um marco ao apresentar um vilão tão icônico com tantas camadas, e até compreensível. Vale cada centavo do ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Outra estreia desta semana é Ela Disse, Ele Disse. Baseado no livro de Thalita Rebouças, que também colabora com o roteiro, esse é o típico filme high school com todos os estereótipos imagináveis, mas que consegue se destacar pelas sacadas e pelo carisma dos atores. O enredo é sobre uma adolescente e seus desafios ao ingressar em uma nova escola. Na primeira metade todos os elementos comuns desse tipo de trama se posicionam. Temos a menina popular e burra que namora o esportista encrenqueiro, o diretora rígida, o crush inatingível e as mais imagináveis situações que tanto vemos nos filmes norte-americanos. O filme ganha força na segunda metade, mesmo se utilizando de recursos batidos, afinal, o que importa é como e quando lançar mão de artifícios como a quebra da quarta parede, por exemplo, para deixar claro os conflitos e incertezas das adolescentes. O grande trunfo do longa está no elenco que conta com Maisa Silva, Marcus Bessa e Duda Matte como base, com o reforço das ótimas Maria Clara Gueiros e Fernanda Gentil. Um ponto que causa estranheza mas é compreensível, é a ambientação incomum para os padrões brasileiros. Muitas vezes parece que estamos vendo um filme gringo sobre adolescentes, bem distante da nossa realidade. A verdade é que o filme tem ótimos momentos, principalmente os cômicos e consegue se posicionar acima da média de outras produções semelhantes. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Para as crianças a estreia desta semana é Angry Birds 2 – O Filme. Mesmo não tendo agradado a crítica, o primeiro Angry Birds foi um sucesso nas bilheterias e, devido a quantidade de produtos e formatos da franquia, era certo uma nova chance para os cinemas. Desta vez o diretor Thurop Van Orman, renomado cartunista e criador da série animada The Marvelous Misadventures of Flapjack, acertou em cheio explorando as sequências de forma frenética se apoiando em boas piadas sem apelar, e com e estilo despretensioso da Sony Pictures Animations, que busca o entretenimento mais lúdico, sem a necessidade de grandes lições edificantes e moralistas. O enredo não se preocupa em explicações e segue a conhecida batalha entre os pássaros que não voam e os porcos verdes e engenhosos. A virada e chamado à aventura ocorre quando um novo arquipélago é descoberto e uma grande ameaça aparece, obrigando aos inimigos a se juntarem pelo bem maior. Sei que soa muito esquemático, mas o trunfo é a forma narrativa que engata bons momentos, uma atrás do outro. Destaque da dublagem para o português com ótimas participações tanto dos dubladores como de artistas como Marcelo Adnet e Fábio Porchat. Apesar do tempo longo com mais de noventa minutos de projeção, vai prender a atenção das crianças tanto pelo ritmo, como pelas cores. Esse foi um acerto da Sony e um retorno digno do sucesso das personagens que ficaram famosos com o jogo da Rovio. Vale muito o ingresso e a indicação é livre para todas as idades.

Sugestão:
A dica desta semana para assistir em casa vai para StartUp. Séria disponível no catalogo da Amazon Prime, ela mostra o dia a dia de três pessoas que lutam para realizar suas ambições na cidade de Miami cheia de drogas, trapaças e jogos sujos. Ancorado por Martin Freeman, a série ainda conta com as boas participações de Ron Perlman e Mira Sorvino. São três temporadas e vale a maratona.

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