Filmes da semana 02/11 até 08/11

03/11/2018 18:12:10
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Estreia esta semana Johnny English 3.0. O eterno Mr. Bean, Rowan Atkinson ataca novamente na sua versão 007 da Pantera Cor de Rosa. O filme segue a cartilha básica do roteiro clássico sem fazer nada além do simples e óbvio, mas entrega alguns momentos divertidos e cumpre pretendido. Johnny English é o espião atrapalhado que precisa salvar a Inglaterra mesmo depois de perder a credibilidade até mesmo da agência de espionagem britânica. Sim, é o mais do mesmo novamente e mais uma vez. Essencialmente o filme funciona como se fosse uma sequencia de esquetes dando passos na trama ou mesmo só para fazer rir. É uma sátira com múltiplas referências e sem medo de usá-las. Não faltam os carros, as paisagens, as belas mulheres, o vilão que tem um plano descabido para conquistar o mundo e até mesmo uma versão do Kato, o ajudante brigão do Inspetor Clouseau. O filme conta com as presenças marcantes de Emma Thompson como primeira ministra e da bela Olga Kurylenko, que faz a mulher fatal. Sem muito a acrescentar o terceiro filme da franquia é entretenimento puro e até um pouco infantil, que se sustenta nas caras e trejeitos de Atkinson, como a franquia se propõe faz fielmente para agradar os fãs do ator e comediante britânico. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Outra estreia desta semana é Bohemian Rhapsody. Filmes biográficos são sempre complicados pelos motivos mais variados, principalmente nesse caso por se tratar de uma das melhores bandas de rock de todos os tempos e da lenda Freddie Mercury. O diretor Bryan Singer, que foi afastado mas a quem foi creditado, escolheu uma narrativa básica pontuando os momentos e problemas com as músicas. Típico roteiro de ascensão de um astro do rock, com o inicio, as dificuldades, as conquistas, os excessos e um grande final que enaltece o talento e a música acima de tudo. Mesmo com alguns problemas narrativos que prejudicam dramaticamente as personagens, o filme deve ser visto como uma celebração ao Queen e a todo o seu legado. Os pontos positivos estão nas atuações e é claro nas canções. Rami Malek conseguiu absorver o gestual e até mesmo vocalmente o Freddie Mercury, mas mesmo com todo o seu talento, essa é uma tarefa complicada. Impressionante e até assustador é a semelhança de Gwilym Lee com Brian May. Joseph Mazzello e Ben Hardy completam a banda e ainda vale destacar a boa participação de Lucy Boynton e a ponta de Mike Myers. Esse é um presente para todos os fãs e apreciadores da boa música. Não existe um aprofundamento significativo nas personagens e os dramas são amenizados e essa foi uma escolha do roteiro e da produção que contou com os membros originais do Queen. Faltou Its a kind of magic e sobrou Who wants to live forever, mas é assim, não teria como abranger uma carreira tão produtiva e bem sucedida como esta. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Estreia também esta semana O Doutrinador. O cinema nacional vem ao longo dos anos desenvolvendo quase que exclusivamente produções nos gêneros que formam a base da dramaturgia, o drama e comédia. Essa é uma herança da Globo e das novelas que possuem grande volume de produções mas, por questões comerciais, acaba por engessar os profissionais   do mercado audiovisual. Aos poucos isso vem mudando, principalmente com a chegada de outros meios de produção e formatos, o que sinaliza uma abertura para o mercado como um todo. É nessa onda que ganha as telas um filme de ação bem cuidado, muito acima da média e que certamente vai render continuações, seja para o cinema ou qualquer outro formato. Baseado nos quadrinhos criado por Luciano Cunha, o filme conta a origem do herói ou anti-herói, como cada um preferir, que chega a um extremo com sua indignação e, com a ajuda de uma hacker prodígio, vira um vigilante justiceiro que luta contra um esquema de corrupção e poder. O diretor Gustavo Bonafé, ainda com uma carreira tímida, consegue criar um universo próprio, uma cidade sufocante que engole os sonhos e anestesia as angústias. Méritos também para a pós-produção e a fotografia. Outro mérito do filme é a relevância do assunto para o momento atual no Brasil. O ponto fraco, infelizmente, é o roteiro que oscila hora se agarrando em lugares comuns e frases de efeito, hora dando dinamismo e desenvolvendo boas personas. Kiko Pissolato consegue trabalhar bem o herói dramaticamente e fisicamente e Eduardo Moscovis faz o vilão que estamos acostumados a ver no cenário político. É um filme de origem, portanto, ele tem uma dinâmica específica mas fica tranquilo, você não vai ter que esperar muito para ver o herói em ação. É um belo presente para o cinema brasileiro e o resultado de competência e criatividade que temo que abraçar para que mais trabalhos como esse surjam. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Por fim a estreia desta semana para as crianças é O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos. Esta é a nova produção dos estúdios Disney que vem desenvolvendo com sucesso remakes de clássicos da literatura e das suas principais fábulas e fantasias. Grandioso visualmente mas confuso, o filme vai agradar pelo espetáculo e decepcionar pelos caminhos e pouca identificação com o público. Essa fórmula de utilizar histórias que todos amam com um visual grandioso, não funciona com uma narrativa fragmentada e cheia de incongruências. Parece que a Disney as vezes se esquece disso, ou pode ter sido resultado de problemas na direção, por isso Lasse Hallström e Joe Johnston assinam ambos como diretor, em um nítido problema durante as rodagens ou mesmo depois. Independente disso, existem três nomes que tornam essa produção algo diferenciado. São eles Jenny Beavan, figurinista dez vezes indicada ao Oscar, Guy Hendrix Dyas diretor de arte e design de produção com duas indicações ao Oscar e fotógrafo sueco Linus Sandgren, vencedor do Oscar com La La Land. A arte impressiona pela estética que usa uma palheta diferente para cada reino e carrega um tom que lembra a década de 50. Os momentos musicais também merecem destaque pela riqueza dos objetos, coreografia e enquadramentos. O problema mesmo está no roteiro que toma caminhos estranhos, como a predileção pela filha do meio, relegando os outros filhos ao esquecimento, assim como um excesso de explicação em alguns momentos e a total ausência em outros. Destaque para Mackenzie Foy, a única que consegue desenvolver sua personagem e nomes como Keira Knigtley, Helen Mirren e Morgan Freeman estão no automático, com cara de paisagem. Vai agradar as crianças, vai dar o espetáculo visual, mas quem busca uma narrativa coerente pode se decepcionar. Vale sim o ingresso e a indicação etária é livre.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Minhas Tardes com Margueritte. O cineasta Jean Becker narra uma bela história que vai além de preconceitos e julgamentos para usar a literatura como instrumento de transformação. Lindo, leve e impactante.

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