Filmes da semana 01/06 até 07/06

02/06/2018 12:21:21
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Estreia esta semana nos cinemas Paraíso Perdido. Onze anos após Ó Paí, Ó, Monique Gardenberg, diretora reconhecida pela qualidade impecável de shows musicais, volta com uma obra visualmente e musicalmente forte e relevante. Paraíso Perdido é um clube, definido como “o lugar para aqueles que sabem amar”, é um espaço lúdico que reune vários tipos, com canções bregas de dor de cotovelo e dirigido pelo Tremendão Erasmo Carlos. A fotografia, os atores e o olhar social e cultural, são os pontos fortes do filme. Na verdade, Gardenberg sempre se destacou por imprimir muita personalidade em seus trabalhos, e esse não é diferente. O elenco conta com nomes consagrados como Júlio Andrade, Lee Taylor, Malu Galli e Seu Jorge, mas o destaque é do Jaime Melo Jr, produtor e cantor conhecido como Jaloo que pulou do Lollapalooza 2017, direto para as telas. É um filme muito colorido e que tenta reforçar a narrativa através das cores. O único problema do filme está no roteiro muito amarradinho que desenvolve uma sequência inverossímil, mesmo em uma narrativa com essa. Destaque para o trabalho de Zeca Baleiro que desenvolve uma trilha sonora com a qualidade digna dos bons musicais. É muita gente boa junta que, tirando alguns devaneios, desenvolvem um filme belo, forte, relevante e que discute questões importantes e atuais. É torcer para que Monique Gardenberg não nos deixe órfãos com trabalhos tão espaçados, e que o cinema brasileiro sempre traga produções corajosas, autorais e impactantes. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Para as crianças a estreia desta semana é Gnomeu e Julieta: O Mistério do Jardim. Fugindo um pouco do universo Shakespeareano, entra em cena o famoso detetive inglês para resolver um mistério, em uma aventura que vai muito além do jardim. São muitos acertos e boas referências que constroem uma animação com bom ritmo e que vai agradar tanto aos adultos, quanto as crianças. Após a chegada dos gnomos a Londres, e uma briga entre o casal, repentinamente desaparecem quase todos os gnomos. É quando entram em cena o detetive Sherlock Holmes e seu fiel companheiro Dr. Watson. São diversas referências ao personagem e as obras do escritor Arthur Conan Doyle que dão peso e identidade para essa versão do detetive. Esse é um Sherlock que mescla o clássico com o moderno, principalmente o vivido pelo Benedict Cumberbatch na série da BBC. O vilão Moriarty, é idêntico ao interpretado por Andrew Scott, sempre preocupado em desenvolver disputa de egos com o detetive. A animação é visualmente muito bem cuidada, com as nuances da porcelana refletindo a luz. A animação ainda conta com muitas cores, boas cenas de ação e muita música. No original, Johnny Depp faz a voz do Sr. Holmes, o que faz toda a diferença. Apesar de alguns problemas no roteiro que forçam algumas situações apenas para criar ação dramática, o resultado é um trabalho de excelência que vai agradar e que fortalece a franquia. Confesso que tenho algum problema com gnomos de jardim, um tipo de toque pessoal, mas me surpreendi e recomendo essa animação. Vale muito o ingresso e a indicação etária é livre.

Estreia também nos cinemas em Nova Friburgo Eu Só Posso Imaginar. Baseado na vida de Bart Millard, compositor e cantor gospel de sucesso nos Estados Unidos, o filme constrói bem a narrativa do herói da vida real, mas peca ao forçar a barra para emocionar e doutrinar. Bart, vivido por J. Michael Finley, teve uma vida difícil e sofreu com a violência do seu pai e a ausência da sua mãe que fugiu quando ele ainda era pequeno. O filme mostra um jovem decidido e corajoso, que enfrenta as dificuldades e segue em frente, mas que precisa resolver questões do seu passado. Tudo leva à construção do herói que transforma e também é transformado pela fé e as boas ações. O roteiro faz uma linha cronológica que não consegue demonstrar uma redenção real em Bart. Na verdade, do meio em diante, o filme vira quase uma pregação. A cena final da redenção com a câmera girando eternamente deixa qualquer pessoa tonta, e não cria uma conexão com quem não curte ou conhece a música. O elenco conta com nomes como Dennis Quaid que, apesar do automático, faz sempre um bom trabalho e Cloris Leachman, veterana que traz charme e o amor maternal. J. Michael Finley, muito conhecido por papeis na Broadway, não consegue desenvolver bem o personagem e não tem carisma para cativar o público. Independente disso, o filme tem uma boa mensagem e se desenvolve, narrativamente, de forma lógica e linear. A mensagem, vai muito além da religião e exalta a força que existe em cada pessoa para alcançar seus sonhos, perdoar e transformar as pessoas. Bart Millard não desistiu apesar de tudo que ele passou. Seu maior desafio estava o tempo todo bem a sua frente, e não adianta fugir, é algo comum a todos nós. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Por fim, estreia a comédia nacional Não Se Aceitam Devoluções. Esse é um remake do sucesso mexicano de 2014 sobre a relação entre pai e filha, que conta uma história universal e com grande apelo dramático. O problema da versão brasileira está na baixa qualidade da direção de arte em geral, aparentando ser um filme com orçamento muito limitado e apostando todas as fichas no carisma de Leandro Hassum e no tema comum ao público mediano. O enredo é sobre um o relacionamento de um pai com sua filha que, após o susto de saber que é pai e assumir a responsabilidade, vai para os Estados Unidos atrás da mãe. Após um salvamento espetacular em uma piscina, o pai vira dublê de cinema e depois de algum tempo e uma forte relação ter sido desenvolvida, a mãe finalmente aparece para fazer uma reviravolta na vida de todos. Hassum faz o que pode em um papel que mistura a comédia tradicional e o drama, mas é nitidamente atrapalhado com tantos problemas na produção. A pequena Manuela Kfouri, não conseguiu desenvolver uma química capaz de cumprir o papel da sua personagem, que é o de aproximar o público do drama, e o resto do elenco, pouco soma. O diretor André Moraes faz o que pode para disfarçar os problemas, mas não consegue evitar a precariedade da produção em geral. Ainda assim, tem alguns momentos engraçados e de apelo dramático que funcionam, afinal, é uma história comum a todos e de fácil absorção. Vale o ingresso e a indicação etária é para maiores de 10 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Cargo. Estreia da Netflix, é um drama que discute as relações humanas com um holocausto zumbi como pano de fundo. Estrelado por Martin Freeman, que faz sempre o papel de bom rapaz, o filme exalta o retorno do homem às suas origens e o poder dentro de cada um de nós.

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