DESASTRE  AÉREO  NA CALEDÔNIA  NO  ANO  DE  1984

20/12/2014 14:46:53
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Hoje, interrompo a série “Um Retorno a Nova Friburgo dos Anos 40”, para reverenciar a memória das vítimas do lamentável acidente aéreo ocorrido na Caledônia, em 1984 (Vinte anos antes, portanto, em 1964, já havia ocorrido outro, no mesmo local, com um avião da Vasp, quando morreram 39 pessoas).

Era o período alegre e agitado dos preparativos das comemorações do Natal e Ano Novo, das férias escolares e do encerramento dos campeonatos de futebol.

Naquele ano, o time do Flamengo havia conquistado a Taça Guanabara. Seus jogadores, eufóricos, festejavam a vitória, cada qual de acordo com a sua preferência. O zagueiro Figueiredo, que jogara sua última partida contra o Fluminense, no dia 16 de dezembro, resolveu viajar para Ilhéus, na Bahia, acompanhado do irmão do jogador Bebeto, Nilton Gama de Oliveira e da modelo Viviane Rocha, amiga de ambos. Embarcaram no Aeroporto Santos Dumont, no Rio, às 14h40m, do dia 20 de dezembro, quinta-feira, no monomotor “Corisco”, pilotado por Moacyr Gomes Neto.


O paulista Figueiredo, cujo nome completo era Cláudio Figueiredo Diz, antigo jogador do Palmeiras (de 1974 a 1978), tinha todos os motivos para comemorar, além da mocidade, vinha acumulando títulos, desde que passou a jogar no Flamengo, em 1978: Mundial Interclubes- 1981; Campeonato Carioca-1981; Taça Libertadores da América-1981; Campeonato Brasileiro-1980,82 e 83;Taça Rio-1983;Taça Guanabara-1980-81-82-84.

Infelizmente, um dos defeitos da juventude é agir de maneira impulsiva, não medindo as consequências. É uma temeridade viajar num monomotor, quando as condições atmosféricas são adversas, com muita chuva e denso nevoeiro, sobre uma região de mata fechada. O avião ficou desaparecido durante toda a noite e madrugada e, no dia 21, pela manhã, através do telefonema de um lavrador da região de Conquista, o Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo, concluiu que o pior havia acontecido. No dia seguinte, um helicóptero Hércules do Parasar, chegou para realizar o trabalho de busca e, após algumas tentativas, conseguiu a localização.

Não demorou, a notícia se espalhou. A cidade ficou repleta de jornalistas e repórteres da imprensa falada, escrita e televisada da capital.

O jornal “O DIA” entrevistou o pai do piloto Moacyr, o Sr. Valdemir que veio acompanhar o resgate das vítimas. Ele contou que o filho havia escapado de dois acidentes aéreos, um em Franco da Rocha, em São Paulo, e outro, no Pará.

Os trabalhos estavam muito prejudicados devido ao mau tempo.

O Secretário Estadual de Defesa Civil e Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros, Cel. José Halfed Filho determinou que fosse acionado o Grupo de Busca e Salvamento do Rio.

Segundo “O DIA”, popular diário do Rio de Janeiro, “surgiu no local o professor Hermano Fontão, conhecido professor de alpinismo. Ele compareceu com todo o seu equipamento, oferecendo-se para escalar o Pico da Caledônia, numa colaboração para a chegada mais rápida ao local. Seu oferecimento não foi aceito, em virtude do mau tempo reinante.”

Finalmente, em 23 de dezembro, o tempo melhorou. Não chovia mais, o nevoeiro havia desaparecido e os trabalhos de resgate puderam ser realizados. Todos estavam mortos.

Era o dia do aniversário natalício do jovem zagueiro Figueiredo, que não completou os seus 24 anos de vida, pois faleceu três dias antes da data.

O que era para ser risos, alegrias, comemoração, se transformou em lágrimas, tristeza e luto.

E, naquele ano, o Natal dos friburguenses não teve o brilho e o colorido dos anteriores.

Coluna republicada em 21/12/2015

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