Concluindo o passeio pela Alberto Braune – 1940 (Parte 3)

24/11/2016 15:43:10
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Chegamos ao final da Alberto Braune, e atravessando para o lado ímpar, estamos diante da entrada da Rua Gonçalves Dias (hoje, na esquina, a “Leader Magazine”). Conhecida, popularmente, por “Beco da Sofia” ou “Beco da Oficina”, moças de família e senhoras de respeito não transitavam por ela, por se tratar de zona do meretrício da cidade.

A seguir, o extenso e amplo terreno da Leopoldina, onde está a Estação Ferroviária da Leopoldina (atual sede da Prefeitura Municipal). No sobrado, a residência do Agente da Estação, o Sr. Augusto Moraes, sua esposa D. Dalila e os filhos Elssie (uma bela adolescente) e Roberto. No térreo: as bilheterias; a larga e extensa plataforma cimentada; a saleta do telégrafo; sanitários para cavalheiros e damas (dotados de confortáveis salas de estar), sendo que, neste último, se destacava a figura da zeladora Elvira Afonso, a “Dona Elvira da Estação”; local para despachar bagagens e mercadorias; o amplo e arejado restaurante para viajantes- famoso pela saborosa e variada comida, de excelente qualidade-administrado pela Sra. Adélia da Cunha Macedo, auxiliada pelo seu filho mais velho, Arlindo Macedo, o “Moreno”.

No nº 185, esquina da Modesto de Melo, a “Farmácia Friburgo” ostentando, num de seus balcões, o tórax de um homem musculoso dobrando uma barra de ferro, propaganda do fortificante “Vanadiol”. No sobrado, morou por algum tempo o médico Dr. Nelson Aragão e sua primeira esposa, Odete da Silva Neves Aragão, que faleceria ainda bem jovem, vitimada pela tuberculose.

A residência da Sra. Margarida Capris e família, no nº 181, uma casa baixa, rodeada por um jardim, guarnecido por um gradil de ferro (agora um prédio residencial, com lojas no térreo, o Edifício Treviso).

A seguir, a entrada do “Beco do Carvalho” (atual Vila Maestro José Paulo Silva) e, na esquina, o “Empório de Papeis” de propriedade de Bernardino Gomes e de sua esposa D. Carmen (muito devotos de São Judas, com uma grande imagem do santo, na loja).

Alguns passos mais, o “Bazar São João”- casa modesta de preços módicos- com artigos de armarinho; panos de cozinha riscados para bordar, pendurados na porta; bibelôs; brinquedos de madeira, de lata e de celuloide; bebês de papelão e de massa vestidos de papel crepom. Enfim, tudo o que constituía o fascínio da criançada. O proprietário era João Batista Duarte, um senhor de idade, de cabelos brancos e com os óculos na ponta do nariz, olhando os fregueses por cima da armação, lembrava o “Gepetto” da história de “Pinóquio”. Ele era auxiliado pela sua filha Maria, sempre muito gentil. Pareciam saídos de um conto de fadas. Naquele lugar, tudo era mágico.

Depois, vinha a quitanda do libanês José Jorge Abicalil, que costumava ficar sentado num banquinho ou caixote, na porta do seu estabelecimento, tomando sol. No nº 167, a loja de tecidos “A Vencedora” de Álvaro Pontes (umas duas décadas depois, ocuparia as amplas lojas do térreo do “Edifício N. Sra. Da Penha). O imóvel de nº 159 ia sendo demolido, para dar lugar ao Edifício Falk, constituído de térreo e mais quatro andares (no futuro, as lojas, “Lavanderia Moderna” e “Frontin Hissi”).

A “Casa de Couros Mattos” estabelecida, no térreo, de um prédio antigo, de nº 155 (hoje, Ed. Bel Paese), em cujo sobrado residia D. Felícia com sua família. Ela criava a sobrinha Valéria que, no futuro, se casaria com o médico Dr. Marcos Bezerra. Ao lado, no nº 151, a “Leiteria São José”, depois “ Açougue Central”, no sobrado, atualmente, a “Casa de Itália”.

A seguir, quatro casarões iguais-guarnecidos por beirais de telhas de porcelana branca com estamparia azul-sendo que o “Hotel Montanhês”, de propriedade de Jorge Hermsdorff , ocupava os de nºs 149 e 141 ( no presente, uma agência do Banco Itaú), e os de nºs. 135 e 133 eram de propriedade do casal Maria e Emílio Martins (nos dias atuais, o “Edifício Maria Martins” com a Galeria Suíça).

No sobrado de nº 127, a residência do médico Dr. Fernando da Silva Lima, sua esposa D. Odimar e filhos (na atualidade o “Edifício Mastrângelo”) e, no térreo, a loja do casal de origem judaica, Anna e Moysés Frointchuck, especializada em roupas prontas: casacos, capotes, paletós, camisas.

No sobrado de nº 125, o consultório do dentista Affif Lopes e, também, sua moradia e de sua família, a esposa Anísia (a D. Tide) e o filho Haroldo, em cujo térreo, funcionava a “Fábrica de Bebidas Apollo, tendo como proprietário Arlindo Polo. Ao lado, a “Casa Confiança”, de outro casal de origem judaica, Jacob e Adélia Epeboim, com o filho Joel, especializada, também em roupas prontas, como o do casal acima citado.

Havia, a seguir, a barbearia de Antônio Silva e a Cooperativa dos Ferroviários, no térreo do sobrado de nº 119, residência da família do Sr. Jerônimo Mário de Azevedo. Na parte térrea do prédio de nº 111, da Associação Comercial, duas lojas: A floricultura de Alfredo Gomes, “Ao Cravo Friburguense” (numa época em que Nova Friburgo produzia e exportava grande quantidade de cravos, sendo conhecida pelo título de “Cidade dos Cravos”); o açougue do português Avelino Pimenta, o amável “Seu” Pimenta”.

A seguir, no 107, a “Farmácia Nossa Senhora Auxiliadora” do Sr. Hantuelpes Canedo (no local, hoje, o “Casa Friburgo Supermercado”) e, no 103, a loja de tecidos “A Primavera” do libanês Miguel Nacif, casado com D. Adibe. Nos fundos do imóvel de nº 99, a torrefação do “Café Primor- o de melhor sabor”, dos sócios Alberto De Jorge e Victorino Moreira da Costa que manteriam, no alto do “Edifício El-Jaick” (esquina da Praça com a Rua Farinha Filho, hoje, “Edifício Mary’s”), uma propaganda do referido produto, em gás neon. Era representado por uma xícara de cafezinho que, regularmente, desprendia uma etérea fumaça.

A “Drogaria Catedral” do Sr. Alberto Santos e dos seus filhos Jairo e Jader, no nº 91. Ao lado, no 89, a tradicional “Casa Francesa”, sortido armarinho, do comerciante de origem judaica, Moysés Segal, pai de vários filhos, dentre eles Jaime, Priva e Ritinha. A última o ajudava na loja, sendo muito apreciada pela sociedade friburguense, pela simpatia e gentileza com que tratava todos.

O sobrado de nº 87 era todo usado para consultórios e escritórios e, na parte térrea, a “Casa Ideal”, loja de tecidos do libanês Elias Buaiz, e a “Sapataria Rocha” de Plínio Rocha (na atualidade, no lugar de ambas, a “Arabesco” Livraria e Papelaria). No prédio 85, a “Casa Chaleira”, loja de tecidos do libanês Nahum Bechara e de seus filhos Nagib e José. Pendurada sob a marquise, uma imensa chaleira de alumínio. O sócio Nagib morava, com a família, no sobrado.

Continuando, a residência de nº 77, do conceituado advogado Dr. Júlio Vieira Zamith e de sua família. A casa de frente de rua, tinha dois amplos jardins laterais, com as mais variadas plantas. No jardim da entrada da sala, havia um laguinho, no meio do qual se destacava um delicado moinho, impulsionado pela água. Neste jardim, na parte do terreno junto à parede da “Casa Chaleira”, o escritório de advocacia de Dr. Júlio que, na época do Natal, montava um imenso presépio, em sua sala de visitas, aberto à visitação pública (nos dias de hoje, Agência do Banco Itaú ).

Nos nºs 61 e 59, a Carpintaria e Marcenaria São José, de José Saldanha, que fabricava até caixões funerários e, mais adiante, a “Casa da Borracha” de Darcy Feder. 
A “Casa Pechincha”, nº 47, dos irmãos Tuffy e Emílio Gandur, de origem libanesa, especializada em tecidos, cuja família residia no sobrado. 
Já no sobrado de nº 45, a residência de José Nahum Bechara, sua esposa D. Elisa e os filhos Liseth e Alberto e, no térreo, a espaçosa e completa casa de móveis de Salomão Tendler, de origem judaica, que residia na Rua Augusto Cardoso, com a família. O prédio de nº 43, esquina da subida do Morro do Balga (Rua Cristóvão Colombo), permaneceu por bom tempo fechado, sendo depois farmácia de “Seu” Aderbal e uma barbearia. 
Na outra esquina, a “Casa das Meias” do libanês Elias Name, com grande sortimento de meias e perfumaria.

A “Casa Libanesa”, de nº 35, com tecidos e artigos de armarinho, de D. Haifa Bechara Abicalil, esposa de José Jorge Abicalil, funcionando nos fundos o “Curso de Corte e Costura Mme. Abicalil”, com aulas ministradas por D. Haifa, auxiliada por suas filhas Sofia e Nair (além delas, o casal ainda tinha os filhos Elias, Roberto e Jorginho).

A seguir, no 33, o “Armazém Tupã” de José Carleto, tendo como proprietária do imóvel, a libanesa D. Amélia Richa, residente em Cordeiro. E no nº 29, a tradicional “Farmácia Braune”- onde por muitos anos, trabalhou o benemérito farmacêutico Alberto Braune-dotada de consultórios médicos. 
Prosseguindo, no nº 23, o “Armazém Serrano” de Felício Levoratto, e a joalheria “A Turmalina” de Salvador Lomônaco Neto (décadas depois, funcionaria a padaria “Pão Francês”).

No nº 17, a espaçosa “Padaria Confeitaria Sorveteria Rufino”, pertencente à firma Souza &Cia (atualmente, a “Casa Friburgo Supermercado”). 
No nº 15, a libanesa D. Rosa Chequer, mãe do dentista-prático Miguel Baduhy Chequer, em seu pequeno armarinho, auxiliada pela libanesa idosa D. Zahia. Ao lado, o bar do “Nenem”, irmão do jornalista Ângelo Ruiz.

No imóvel seguinte, de propriedade do libanês Jorge Abud, o “Armazém São Jorge”, que residia, com a família (esposa e o filho Antônio), no sobrado. 
No nº 9, a residência do proprietário Pio de Oliveira e de sua família, funcionando na parte térrea, a Agência da Caixa Econômica Federal. 
Ao lado, no nº 5, outra agência bancária, a do Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais (hoje, loja da “Hering”), que teve por gerentes Sebastião Franco e Benício Araripe, o “Seu” Araripe. Este último, residia no sobrado, com a família, sua esposa D. Célia e a filha Celinha.

Finalmente, concluímos o nosso passeio, chegando à esquina da Rua Visconde de Itaboraí (hoje, Monte Líbano), onde se encontra o armazém de secos e molhados do Sr. Antônio Longo, com vendas no atacado e a varejo.

Parte I: https://www.novafriburgoemfoco.com.br/post/um-passeio-pela-alberto-braune-na-decada-de-1940-p 

parte II https://www.novafriburgoemfoco.com.br/post/alberto-braune-decada-de-1940-parte-ii

 

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