AS  LEMBRANÇAS  DE  MUITAS  ELEIÇÕES

24/10/2014 15:05:37
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Diante de mais um pleito eleitoral, para os cargos executivos federal e (alguns) estaduais, percebe-se, como sempre, os mais variados sentimentos dos eleitores, a respeito do mesmo: participação, desânimo, esperança, entusiasmo, descrença, fé, desilusão, revolta, etc. A verdade é que, na multiplicidade de opiniões – expressada numa eleição – se encontra a essência da democracia. Trata-se do momento supremo da realização da cidadania do indivíduo, um ser político, por natureza. A eleição é algo de tão marcante que deixa, em nós, lembranças inesquecíveis. Quem não se recorda do gigantesco comício de encerramento da campanha presidencial de Juscelino Kubitschek, em 1955, num coreto existente no final da praça (hoje, Rodoviária Urbana)? A Banda Euterpe Friburguense abrilhantou o evento, com a execução de vários dobrados e, Juscelino, uma vez eleito, se tornou Presidente de Honra da citada banda, sendo sócio honorário e contribuinte, durante toda a sua vida ( até falecer em 1976).

Foi para a eleição presidencial de 1955, que a cédula oficial passou a ser confeccionada pela Justiça Eleitoral. Antes desta data, as cédulas eram de responsabilidade dos partidos políticos que as confeccionavam e as distribuíam. Num país de extensão continental, até que todas as urnas fossem apuradas, o período de contagem dos votos era longo e emocionante.

Em nossa cidade, durante o período da campanha presidencial de 55, um tipo popular, conhecido por Ribamar, reformado da Marinha, se imaginava candidato, fazendo comícios no coreto da Praça Marcílio Dias e, no da praça, em frente à Matriz (hoje,Catedral) de São João Batista, onde compareciam muitos estudantes, dando-lhe total apoio. Um grupo repetia, em coro, “Falta água e falta pão, Ribamar é a salvação”, enquanto outro respondia,”Falta pão e falta água, Ribamar é um pau-d’água”. No entanto, não era alcoólatra, tinha um desequilíbrio mental, motivado pela grande decepção amorosa que lhe causara a sua companheira. Era um negro de estatura elevada, corpulento, trajando terno de linho branco.

Havia um maquinista da “Leopoldina” que sempre se candidatava a vereador, embora nunca tendo sido eleito. O seu slogan “Quem vota em Adalberto Pinho não vota em branco”, tinha duplo sentido, pois além de combater o voto em branco, o referido candidato era negro. As praças e ruas da cidade pareciam varais de roupas a secar ao sol, pelo excesso de faixas das dezenas de candidatos. Havia uma, da qual não me esqueço, cujo lema era “ Vote para Vereador em Paulo Kawakami -Uma voz do Oriente no Ocidente”. Ele era descendente de japoneses.

O pior era que passado o período eleitoral, muitas faixas não eram recolhidas, permanecendo nos locais, até que a ação do tempo as destruíssem, dando um aspecto de abandono à cidade, juntamente, com as propagandas, em papel, coladas em muros, paredes e postes.

Estiveram, em campanha, em Nova Friburgo, no pleito presidencial de 1960, Adhemar de Barros (que já havia concorrido em 1955) e Jânio Quadros. O último, tinha como objetivo, de sua campanha eleitoral, o combate à corrupção na política nacional, simbolizada por uma “Vassoura”. Ficou famoso o seu jingle: “Varre, varre vassourinha/ varre, varre a bandalheira/ que o povo já tá cansado/ de sofrer dessa maneira.” Os seus partidários usavam botton de vassoura, em suas lapelas. Ele foi eleito com quase 6 milhões de votos válidos, a maior votação até então obtida no Brasil, e com 2 milhões de votos à frente de seu adversário, Marechal Henrique Teixeira Lott, mas foi um meteoro que riscou os céus do Brasil. Empossado em 31 de janeiro de 1961, renunciou ao mandato em 25 de agosto de 1961, permanecendo no cargo por sete meses incompletos.

O último presidenciável a fazer comício, em nossa cidade, foi Fernando Collor de Mello, em 1989, impressionando a todos, no comício na Praça Dermeval Barbosa Moreira, onde prometeu “caçar os marajás”, “defender os fracos e os oprimidos”, quando lançou a sua famosa frase,“Não me deixem só”. Depois, caminhou pela Alberto Braune, onde arrastou uma multidão.

Após tantas lembranças das eleições passadas, dos acontecimentos políticos da atualidade, quais constituirão as nossas recordações no futuro?

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