As distorções humanas diante do “Caminho”

21/12/2015 10:14:41
Compartilhar

Se fizermos um pequeno esforço, podemos modestamente entrever através da História do Mundo os laços eternos que ligam todas as gerações nos surtos evolutivos do planeta. Apesar de muitas vezes o palco e o cenário das civilizações terem sido profundamente modificados, nós “atores” continuamos os mesmos, caminhando, vagarosamente, nas lutas purificadoras em sucessivas encarnações curativas, para a Perfeição Divina.

Nos primórdios da Humanidade, o Homem foi naturalmente conduzido às atividades exteriores, desbravando o caminho da natureza para a solução de seus problemas vitais. Porém, um pouco mais adiante no tempo, foi proclamada a sua maioridade espiritual através dos sábios da Grécia e das organizações romanas. Nessa época, a vinda do Cristo ao planeta assinalaria o maior acontecimento para o mundo, uma vez que Seu Evangelho seria a eterna mensagem do Céu que ligaria a Terra ao Reino luminoso de Jesus, na hipótese de que o Homem pudesse assimilar sua espiritualidade através dos ensinamentos recebidos, e dessa forma curar-se-ia paulatinamente, edificando o Bem em si.

Porém, a pureza dos ensinamentos de Cristo não conseguiu manter-se intacta. No decorrer dos três séculos seguintes à lição santificante de Jesus, o assédio das trevas domina o coração e a mente dos homens. Surgem a falsidade e a má-fé adaptando-se convenientemente aos poderes políticos, religiosos e econômicos do mundo, distorcendo todos os princípios cristãos ao favorecer as doutrinas de violência legalizada. Em nosso socorro, foram então enviados do Alto os emissários e discípulos mais queridos do Mestre Jesus ao ambiente das lutas terrenas, na vã tentativa de tentar reverter na palavra e no exemplo este doloroso espetáculo de horror. Porém, quando não foram trucidados pelas multidões delinquentes ou pelos carrascos das consciências, foram obrigados a se render diante da ignorância humana.

Revendo os quadros da história do mundo, sentimos um frio cortante neste crepúsculo doloroso da civilização ocidental. A história da humanidade nos alude basicamente a dois tipos característicos de indivíduos: os heróis e os algozes, ambos com os seus consequentes prêmios ou castigos. Porém não sabemos exatamente o que acontece com os milhões de homens que vem, vivem, passam pela Terra e não deixam marcas. Homens cujas vidas se diluíram em meio à vida das multidões. Homens que, com seu trabalho e dedicação, deram aos heróis condições de realizar seus grandes feitos. Homens que com sua sagacidade e vilania proporcionaram aos grandes tiranos a semeadura das maiores desgraças humanas. Homens que vieram e viveram pressionados pela sociedade ou foram praticamente escravizados pelos mais sagazes. Porém, durante estes milhões de anos em busca da Cura evolutiva, a raça humana ainda não exercitou o bem-viver, com exceção de uns poucos.

Desde essa época, o progresso espiritual da humanidade ficou estacionado, ou até mesmo sofreu uma regressão. Tornou-se incompatível a evolução espiritual com os meios encontrados pelo homem físico para aquisição do conhecimento. É por esse motivo que, ao lado dos maiores avanços científicos e tecnológicos, como a internet, que liga todos os continentes e países da atualidade, e que deveria servir como indicador para os imperativos das leis da solidariedade humana, vemos o conceito de “civilização” insultado por todos os princípios patriotas de isolamento; pessoas que se mascaram, agridem e se protegem atrás de uma tela de computador, enquanto os povos, os governos e algumas religiões se preparam para o extermínio, a guerra, o massacre e a destruição.

Em nome do Evangelho, infelizmente se cometeram e ainda são praticados todos os absurdos nos países ditos cristãos. Na verdade, a civilização ocidental não chegou a se cristianizar. Na França tivemos a guilhotina, a forca na Inglaterra, o Nazismo na Alemanha, as fogueiras na Inquisição Europeia, e ainda hoje a cadeira elétrica na América da “fraternidade” e da “concórdia”. Isto para nos referirmos tão-somente às nações supercivilizadas do planeta. Não tão distante assim no tempo, em nome do Evangelho padres abençoaram os canhões e as metralhadoras da conquista na Idade média. Em nome de Deus, milhares foram torturados e morreram nas fogueiras da Inquisição Espanhola. Em nome de Cristo espalharam-se, nestes vinte séculos, inúmeras discórdias e amarguras no mundo, através de religiões que se propagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio.

Porém, chegará o tempo em que todos os valores humanos deverão ser reajustados. Infelizmente, vemos isto ocorrendo através de dolorosas expiações coletivas, como as recentes tragédias climáticas que se espalham pelo mundo: os constantes terremotos, tornados, tsunamis e inundações por todos os cantos do planeta, que nos impelem a nos redimirmos perante o Divino e Suas Leis, apontando os verdadeiros caminhos. É uma lástima que o Homem não escolha aprender pela via do Amor! Dessa forma, dor se incumbe do trabalho de esculpir o “homem bruto”, uma vez que a Lei Divina prega que todas as realizações humanas devem ser conduzidas para o Bem da Humanidade, e ainda estamos muito aquém deste ideal.

Todo o orbe planetário deverá ser regenerado, e está sendo curado pelo sofrimento, higienizado para que as futuras gerações possam se estabelecer em formas de vida mais depuradas e elevadas. A cura humana se realiza então pela dor, onde todo o “Mal”, ou seja, a imensa Sombra da natureza humana, cujas forças derradeiras ainda operam no inconsciente coletivo e individual de cada um de nós, habitantes do planeta Terra, será compelida a abandonar a sua derradeira posição de domínio no comportamento humano. Dessa forma todas as atitudes ditatoriais e impositivas, as disputas, as guerras, as hegemonias econômicas, as politicas separatistas, as antigas e ultrapassadas organizações, a educação desprovida de valores espirituais, a cultura do desvalor e do consumo desenfreado, enfim, todas as massas versáteis que se configuram de forma inconsciente; tudo isso passará como a vertigem de um pesadelo, pois a vitória da ignorância, do mal, da força e da violência é tão breve como uma claridade de fogos de artifício.

Trabalhemos pela Cura do Mundo, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto de nossas consciências. Todos somos chamados ao grande labor da autotransformação e da purificação interna, e o nosso mais sublime dever é responder aos apelos evolutivos de nosso próprio espírito, desenvolvendo em nós o Amor, em benefício do Todo. 

Compartilhar