Amar era… Enviar e receber longas cartas de amor

11/06/2016 16:34:24
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Em toda parte, em todos os lugares. Seja nas filas dos bancos, nos pontos dos ônibus, dentro dos coletivos, nos bares e restaurantes, nas salas de espera dos consultórios médicos e dentários, caminhando pelas calçadas, há sempre um bom número de pessoas fazendo uso de smartphones e celulares. Diante de tal modismo e facilidade para se comunicar com qualquer pessoa, a qualquer hora, nas mais distantes localidades, instantaneamente, eu retrocedo no tempo, e fico a relembrar como era há uns quarenta ou cinquenta anos atrás.

O meio de comunicação mais usual era o epistolar. Receber uma carta da pessoa amada era algo emocionante, que provocava mais expectativa, se viesse de outro estado da federação, quando levava quase uma semana para chegar ao destinatário.

Tais missivas eram depois amarradas, com uma fita de cetim cor-de-rosa, e colocadas numa linda caixa forrada de papel florido. Ao serem enviadas, o papel de carta era escolhido com cuidado, a caligrafia esmerada e, antes de fechado o envelope, aquela gota de perfume dava o toque pessoal e romântico.

Chegava a um ponto que as cartas não eram suficientes para matar a saudade, era preciso ouvir a voz da pessoa amada, o momento de fazer um telefonema, quando começava uma verdadeira maratona.

Alguns municípios do interior não dispunham do serviço de telefonia interurbana, obrigando o usuário a viajar, muitos quilômetros, para realizar o seu propósito. Como a ligação não era DDD (discagem direta à distância) dependia-se do auxílio da telefonista para a sua realização, e o tempo de espera subordinado a que os circuitos não estivessem ocupados. Assim, podia levar quase uma tarde inteira para se conseguir completar uma ligação.

Para assegurar o êxito do propósito, alguns dias antes da viagem, um telegrama era enviado à pessoa amada, avisando-a que se mantivesse em casa, porque tal dia iria receber um telefonema. Uma vez alcançado o sucesso desejado, se tornava algo marcante e sensacional.

Naquele tempo, para os enamorados que estavam distantes, emocionante era manter a correspondência; para os que estavam próximos, mas o namoro era proibido, emocionante era o flerte. Ele era um diálogo sem palavras, um código, onde tudo era dito através da troca de olhares. Inacreditável!…

Certa ocasião, nos “Anos Dourados”, surgiu uma rifa, para facilitar os tímidos que não conseguiam se declarar. Era a “AÇÃO ENTRE EU E VOCÊ”, com o sorteio de um coração, com o preço de um sorriso. Quem estivesse apaixonado enviava a rifa à pessoa do seu interesse e, com ansiedade, ficava aguardando a resposta que podia ser: sim, não, talvez, odeio- te.

Havia, porém, uma modalidade de declaração que suplantava todas as outras, pelo seu lirismo, quando ela assumia a forma de acordes musicais, ecoando no silencio da noite, a famosa “Serenata de Amor”. Todavia, o mais importante de ter [sido jovem ,naquela época, é que muitas e muitas eram as emoções vividas. Inesquecíveis!…

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