A Tradicional e Popular Festa do Suspiro

10/06/2019 16:16:16
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Em nossa cidade, nos “Anos Dourados” – na década de 1950, início dos anos 60 – mal terminavam os festejos de maio, o mês de junho era esperado, com ansiedade, por causa da festa de Santo Antônio de Pádua. Quantas emoções e quantas surpresas, na Praça do Suspiro, aguardavam aqueles que dela se dispusessem a participar.

As comemorações tinham início na véspera, no “Dia dos Namorados”, contando com grande público, por ser Santo Antônio, considerado o “Santo Casamenteiro”. No dia 13 de junho, tudo começava às 6,00 horas da manhã, com o espocar dos foguetes, a alvorada, a partir da qual eram celebradas as missas.

Enquanto isto, ao lado, no campo do Fluminense Futebol Clube eram distribuídos cobertores e cestas básicas às pessoas carentes, pelo Dispensário de Santo Antônio. Eu ajudava na distribuição, pois minha mãe, Zuleika Alves Lopes era tesoureira da referida ação social, da qual era presidente D. Hercília Marteletti (a D.Cila, proprietária do Armarinho São José, na Rua São João).

Nas festividades do santo, as moças- que queriam se casar- davam voltas em torno do mastro (em cuja ponta havia um quadro de Santo Antônio), que era colocado na praça, com um mês de antecedência. Cada volta correspondia a um ano de espera, para o casamento.

Outro costume era o dos papeizinhos, com os nomes de três rapazes da simpatia da jovem. Ela deveria deixar cair o primeiro, na porta da igreja; o segundo, no meio da igreja; o terceiro era aberto no altar. O nome contido, no último papelzinho, era o do futuro marido.

Muito em uso, era a prática de se pedir aos rapazes “13 tostões para Santo Antônio”. Uma vez obtido o número estipulado de moedas, elas eram colocadas numa bandeja, aos pés da imagem do santo, venerada no andor (que saía na procissão), quando eram feitos os pedidos. Naquela época, a quantia menor do dinheiro corrente não era mais o “tostão” e sim o “centavo” mas, mesmo assim, ainda se dizia: “Moço, me dá um tostão para Santo Antônio!”.

Dentre as várias barraquinhas existentes, na quermesse, destacavam-se: a de “todos premiados”, sob a responsabilidade de D. Rosa Pinto Sanches, que contava com a colaboração de D. Maria Guariglia Fadel, a “Dona Mariazinha”, na confecção de graciosas e cobiçadas bonecas; a de artigos religiosos, com destaque para as “respostas de Sto. Antônio”, que vinham amarradas nos caules de flores artificiais e só deviam ser abertas, depois de formulada uma secreta pergunta; a dos “dois irmãos Sérgio e Antônio Portella” (proprietários do “Armazém Riachuelo”, na Rua Sete de Setembro, 53) com roleta, cujos prêmios eram queijos “Palmira” e vinhos.

Dentre as barracas de pasteis, cachorro- quente e chocolate, a preferida era a da igreja.

O serviço de alto-falantes tocava os mais variados estilos musicais, desde os característicos das festas juninas aos grandes sucessos da época, como os boleros “Perdida”, “Boneca” Cobiçada”, “Perfídia”, “Contigo”, interpretados pelo “Trio Los Panchos”. Havia o horário reservado à “Banda Euterpe Friburguense”, cujas origens se entrelaçaram com as da capela, pois o responsável pela sua construção, Samuel Antônio dos Santos, foi o primeiro maestro da referida banda e um dos seus fundadores.

Uma enorme fogueira queimava diante da “Fonte do Suspiro”, aquecendo corações ansiosos, e enamorados. 

Em meio a tantas atividades e colaboradores, destacava-se a figura do benemérito Francisco Nunes Pinto, o popular “Seu Chiquinho”, o guardião da capela, a alma da festa.

Pessoas devotas, também, davam a sua colaboração, como D. Sinhá Barreto, D. Maria José Éboli, proprietária da “Pensão Éboli” (depois, “Pensão Maringá”, atual “Pensão de D. Mariquinhas”, na Rua Monsenhor Miranda), o Sr. Francisco Madeira, sua esposa D. Arlete e sua sogra D. Conceição, Leda Portella, D. Mafalda (irmã de D. Cila Marteletti), Hercília Noel (a “Ciloca”), D. Maria Souza, D.Odette Soares e outras mais. Quem não deixava de comparecer era a Sra. Vitalina Galeano das Neves, que residia na nossa praça principal (atualmente o Friburgo Shopping) e chegaria a completar 100 anos de idade, em 28 de abril de 1968.

Por volta da meia-noite, espocavam os foguetes, os fogos de artifício cintilavam nos céus. Ao ser queimada a pólvora colorida da moldura do quadro – colocado na porta da capela- aparecia uma esplendorosa estampa de Santo Antônio que, depois de algum tempo, era encoberta por uma densa fumaça.

O dia 13 de junho chegava ao fim. Agora só restava esperar um ano, por outra festividade.

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