A FELICIDADE E O AMOR

01/05/2017 20:28:40
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Nossa vida é toda consagrada á busca da Felicidade. Paradoxalmente, somos complacentes com o sofrimento.
Em nossas sociedades judaico-cristãs, a ideia de felicidade é frequentemente associada a um estado de ser que se viverá essencialmente após a morte, ocasião em que, contados e pesados nossos atos, será possível permanecer por toda a eternidade (ou quase) no paraíso de que nos falam os homens da Igreja há 2.000 anos, e de que são os intercessores. No mapa que nos une aos céus não se conta o número de estrelas, mas, sim, os pecados, indiscutíveis ou não, só as vezes confessados, mas sempre culpabilizantes.

Em nosso inconsciente coletivo, a felicidade terrestre tem sabor de coisas proibidas fixadas por leis imutáveis. Medos, terrores próprios de seres humanos, nos aprisionam com correntes que somente dão a impressão de segurança, fazendo-nos esquecer que nosso papel é crescer livres. Livres para fazer o bem, para tornar os outros felizes. Livres para nos transformarmos ao longo de nossa vida, e autorizados a pousar um outro olhar sobre qualquer sistema que nos limite, sobre princípios aprendidos e admitidos durante a infância, sem ter tido tempo nem direito de testá-los com a experiência.

Com a sociedade de consumo mostrando seus limites, passamos a procurar outras vias, outros meios de combinar felicidade terrestre e felicidade Nirvana, ao menos para aqueles e aquelas que acreditem em um além. É um direito, nós o reivindicamos e estabelecemos condições que pressupõem o respeito a si mesmo e aos outros, o amor a si mesmo e aos outros.

No budismo, a chave da felicidade é indissociável daquilo que o sofrimento ensina. Não o sofrimento que nos pune ou que é suportado como uma redenção, mas o que compreendemos, aceitamos ,reconhecemos em todas as suas formas, para não mais permitir a recaída nem nos deixar tomar por pensamentos, ações ou palavras que gerem o ciclo dos renascimentos.

O Buda é, muitas vezes, comparado a um terapeuta. Sakyamuni(Buda),médico de corpos e espíritos, descreveu um processo de quatro etapas: diagnosticou a doença – o sofrimento, determinou a causa da patologia – as razões ,mostrou o objetivo – fazer cessar o estado de sofrimento, despertar e indicou um tratamento – os meios para se alcançar o Caminho. Somos responsáveis por essa busca, não vítimas. O fracasso nos conduz a renascer. A vitória vai sendo avaliada e sentida por nossa maneira de ser e perceber o mundo, por nossa serenidade,nossa paz de espírito ,inclusive nas provações ,e pela qualidade de nossa felicidade, a nossa assim como a dos outros.

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