A ERA DO RÁDIO

18/09/2016 21:04:48
Compartilhar

Nos tranquilos anos das décadas de 1940, 50 e início de 1960, tudo era feito sem pressa e ao som do rádio. Pela manhã, o dia iniciava com melodias sertanejas e com as aulas de ginástica do Prof. Júlio Diniz Magalhães, onde os “ginastas caseiros” seguiam as suas instruções, através de um guia impresso. Os trabalhos domésticos, como arrumar uma casa, bordar, costurar, fazer tricô e crochê eram feitos ao som dos mais variados programas radiofônicos.

Através das populares emissoras da época – Roquete Pinto, Mayrink Veiga, Nacional, Tupy, Tamoio, Jornal do Brasil, Globo, Cruzeiro do Sul – ouviam-se as vozes dos cantores famosos como Mário Reis, Vicente Celestino, Augusto Calheiros, Moreira da Silva, Sílvio Caldas, Francisco Alves, Carmen Miranda, Gilberto Alves, Roberto Paiva, Orlando Silva, as duplas sertanejas “Jararaca e Ratinho”, “Alvarenga e Ranchinho” e as Irmãs Galvão, Carmen Costa, Jackson do Pandeiro e Almira, Noite Ilustrada, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Manezinho Araújo, Bob Nelson, Aracy de Almeida, o “Trio de Ouro”, Luís Gonzaga, Dalva de Oliveira, Carmélia Alves, Linda Batista, João Dias, Dircinha Batista, Inezita Barroso, Isaurinha Garcia, Blecaute, Noite Ilustrada, Nora Ney, Jorge Goulart, João Dias, Elizeth Cardoso, Yvon Cury, Ciro Monteiro, Dick Farney, Lúcio Alves, Doris Monteiro, Ademilde Fonseca, Marlene, Emilinha Borba, Nubia Lafayette, Adelaide  Chiozzo, “El Broto”- Francisco Carlos, Paulo Molin, Cauby Peixoto, Angelita Martinez, Gregório Barrios, as orquestras de rumba de Ruy-Rey e de Perez Prado, Aguinaldo Rayol, Aguinaldo Timóteo, Ângela Maria, Agostinho dos Santos, Pery Ribeiro, Altemar Dutra, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Carlos Nobre, Paulo Vinícius, Elza Soares, Luciene Franco, Maysa.

O rádio deu fama e popularidade a compositores como Sinhô, Pixinguinha, Noel Rosa, Assis Valente, Mário Lago, Lamartine Babo, Ismael Silva, João de Barro (Braguinha), Ary Barroso, Herivelto Martins, Zé Keti, Ataulfo Alves, Dorival Caymmi, Adoniran Barbosa, Lupicínio Rodrigues , Hervê Cordovil, Paulo Vanzolini, Adelino Moreira, a dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim.

Os programas femininos de Sagramor Scuvero e Daisy Lúcidi sobre culinária, utilidades domésticas, orientação sentimental eram à tarde. Às 18,00 horas, a “Ave Maria” com Júlio Lousada e, a seguir, o seriado “Jerônimo, o Herói do Sertão”. Nos intervalos de certos programas, o noticiário “Repórter Esso”, na voz de Heron Domingues. À noite, toda a família se reunia em torno do aparelho para acompanhar os emocionantes capítulos da novela “Em Busca da Felicidade”. Ela foi a primeira novela radiofônica do Brasil, do autor mexicano Leandro Blanco tendo durado dois anos, de 1941 a 1943. À seguir, foi levada ao ar a novela “O Direito de Nascer” do autor cubano Félix Caignet, que também durou dois anos.

O rádio -teatro consagraria nomes como: Paulo Gracindo, Mário Lago, Rodolfo Mayer, Floriano Faissal, Ismênia dos Santos, Henriqueta Brieba, Heloísa Helena, Isis de Oliveira, Nilza Magrassi, Lima Duarte, Ema d‘Ávila e autores como Amaral Gurgel, Ghiaroni, Haroldo Barbosa, José Mauro, Dias Gome, Janete Clair. Outros programas que, também, tinham muita audiência: “Incrível, Fantástico, Extraordinário” de Almirante, com histórias sobrenaturais; “ O Trem da Alegria” ( Lamartine Babo, Yara Salles e Herbert Bôscoli ); “Um Milhão de Melodias”; os humorísticos “Tancredo e Trancado”( Brandão Filho e Apolo Correia), “Piadas do Manduca”, “Chica Pelanca”, “Balança Mas Não Cai”(Paulo Gracindo e Brandão Filho, no quadro Primo Rico e Primo Pobre), “Cadeira de Barbeiro”(Abel Pera), “PRK 30” (Lauro Borges e Castro Barbosa) e o de Silvino Neto. Faziam o maior sucesso os programas de auditório como os de Paulo Gracindo, César de Alencar, Manoel Barcelos e César Ladeira; os de calouros, como “A Hora do Pato” de Jorge Cury, nas tardes de domingo e as transmissões de jogos de futebol; ”Os Calouros do Ary” de Ary Barroso” e ainda o “Papel Carbono” de Renato Murse. Inesquecíveis e que marcaram época, na voz de Paulo Roberto: “Nada Além de Dois Minutos”, “Honra ao Mérito”, “Lira de Xopotó”, “Obrigado Doutor”.

Todos os acontecimentos do mundo radiofônico eram publicados na “Revista do Rádio” e na “Radiolândia” . E assim… de lembrança em lembrança, lá se vão muitas décadas . Mas apesar do desenvolvimento tecnológico dos atuais meios de comunicação, quem viveu na saudosa “Era do Rádio” sempre estará envolvido pelos sons mágicos e inesquecíveis daquela sedutora época.

Compartilhar