Usar máscara durante o exercício não faz mal, revela estudo

31/07/2020 12:46:30
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Devido à maior dificuldade de respiração, a utilização do acessório ao realizar esforço físico tem gerado receio entre muita gente.

Se tem uma coisa que se espalha rápido na internet é boato. Um recente associou o uso de máscaras faciais (cruciais para controlar a disseminação do novo coronavírus) a efeitos negativos na saúde quando usadas durante as atividades físicas. Pois o cardiologista Fabrício Braga, diretor médico Laboratório de Performance Humana (LPH) da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, resolveu tirar essa história a limpo.

Para avaliar os efeitos fisiológicos causados pelo acessório durante a prática esportiva, o médico recrutou 12 voluntários. Eles pedalaram com máscara por um total de 12 minutos – seis com carga leve e, nos outros seis, com carga moderada.

O principal achado da experiência foi a queda na frequência respiratória. “Todo o mecanismo de adaptação que acontece é baseado nisso”, comenta o pesquisador. Ele explica que, como é preciso vencer a resistência provocada pela máscara para inspirar e expirar, é natural que o ciclo da respiração demore mais.

E, à medida que o exercício se torna mais intenso, há maior necessidade de colocar ar dentro do pulmão. Nesse momento, abrem-se dois caminhos possíveis: respirar de forma acelerada ou mais prolongada.

“Quem opta por respirar mais rápido acaba enfrentando maior dificuldade. Isso porque não dá tempo suficiente para ocorrer essa troca de ar. A máscara dificulta”, descreve. Daí a sensação de desconforto. Outra queixa que apareceu no decorrer da investigação foi a sensação de calor na região do rosto, já que a temperatura ali subiu cerca de 1° C.

Mas o médico frisa que o problema é somente esse: o desconforto. Embora o trabalho tenha indicado que ocorre um aumento na frequência cardíaca com a máscara, isso não representa nenhum perigo ao organismo. Trata-se de um processo natural, já que há maior trabalho da musculatura respiratória. “Ao fazer mais força, gasta-se energia extra para pedalar e respirar. Isso demanda maior quantidade de sangue circulando. Aí, a frequência sobe”.

Esse acontecimento é fisiológico, ou seja, totalmente esperado durante exercícios. “A máscara só antecipa o momento em que a frequência cardíaca se eleva”. Obviamente que indivíduos com problemas prévios no coração precisam ser acompanhados – não por causa da máscara em si, mas para receber orientações sobre a prática segura de exercícios.

Uma oportunidade para respirar melhor
Segundo Braga, ao vestir a máscara para correr ou pedalar, em vez de acelerar a respiração para puxar mais ar, o melhor é inspirar e expirar profundamente. Desse jeito, o desconforto acaba sendo muito menor.
Ao realizar esse treino, é possível mudar o padrão respiratório. Há vários benefícios ao torná-lo mais lento, incluindo um melhor manejo do estresse e da ansiedade. Já reparou como a respiração profunda é preceito básico em exercícios de relaxamento?

https://saude.abril.com.br/

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