Secretário de Saúde relata ameaça por mexer “num vespeiro”

18/12/2020 07:50:09
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Por Jornal O Dia

O atual secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, relatou, durante depoimento na sessão de julgamento do processo de impeachment contra Wilson Witzel, que está sendo ameaçado de morte.

“Nós estamos mexendo num vespeiro”, disse se referindo aos contratos firmados com as OSs e o Estado do Rio na área da saúde.

O Tribunal Especial Misto (TEM), que julga o impeachment do governador afastado do Rio, esta semana, ouviu testemunhas de acusação e de defesa do processo.

Segundo o secretário, todos os contratos firmados com as OSs não tinham nenhuma fiscalização ou tinham fiscalização precária. “Parece que era tudo feito para não dar certo. Tudo que estou encontrando, estou levando aos órgãos de controle. Eram feitos para superfaturar. Quando assumi, ainda havia R$ 767 milhões de restos a pagar a OSs. Suspendi tudo”.

Ainda de acordo com Carlos Alberto Chaves, toda a secretaria de Saúde estava “aparelhada” e todos os antigos gestores já não fazem mais parte da pasta. “Tenho orgulho de dizer. Agora, só temos pratas da casa, funcionários de carreira, servidores públicos como eu”.

Chaves disse ainda que a pandemia desnudou o sistema precário da saúde pública do Rio e criticou a fila de regulação dos leitos, que classificou como “moeda de uso político”. “Minha luta é ter um regulação única. Antes tarde do que nunca. Estou lutando para abrir leitos nos hospitais universitários e federais, mas não consigo. Dizem que não tem RH. Essa falta de RH que alegam é uma falácia. Eu passei três meses infiltrado no Ministério da Saúde no ano passado. É só pegar a folha de pagamento que veremos que há gente. Mas não batem ponto. Essa é que é a verdade”, disse.

O secretário de Saúde continuou: “Quando digo aparelhamento é sobre colocar determinadas pessoas para cumprir determinadas funções. O fundo estadual de saúde estava dentro da subsecretaria executiva”, acrescentou.

Questionado se o aparelhamento poderia significar organização criminosa, o secretário disse que sim. Também perguntado sem na sua opinião, esse aparelhamento poderia acontecer sem a ciência de Wilson Witzel, Chaves respondeu: “A tropa é reflexo de seu comandante. Isso foi algo que aprendi na Marinha”.

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