Pandemia provocou prejuízos para 4 em cada 10 empresas em julho

18/08/2020 12:18:18
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Um levantamento divulgado nesta terça-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que cerca de quatro em cada dez empresas que estavam em funcionamento na primeira quinzena de julho sofreram algum tipo de prejuízo decorrente da pandemia do coronavírus.

De acordo com a pesquisa, 2,8 milhões de empresas estavam em funcionamento na primeira quinzena de julho. Destas, 44,8% relataram sofrer efeitos negativos em função do contexto de isolamento social. Para 28,2% delas os efeitos foram pequenos ou inexistentes, enquanto 27% disseram que a pandemia provocou efeitos positivos nos negócios.

Segundo o IBGE, regionalmente, foi no Centro-Oeste que as empresas perceberam o maior impacto negativo, atingindo 51% dela. Na sequência estão as regiões Norte (48,1%) e Sul (47,2%).

Setor de serviços é o mais prejudicado
A pesquisa mostrou que entre os setores econômicos, foi o de serviços o que mais relatou efeitos negativos da pandemia, atingindo 47% de 1,2 milhão de empresas do setor.

Serviços prestados às famílias (55,5%) e os serviços profissionais, administrativos e complementares (48,3%) foram os mais prejudicados, seguidos por 44% de 1,1 milhão empresas do comércio, com maior impacto no comércio de veículos, peças e motocicletas (52,4%).

“Apesar da percepção de impacto negativo, houve uma melhora na percepção das empresas de serviços, passando de 65,5% na quinzena anterior para 47%; assim como do comércio, que passou de 64,1% para 44%. Essa melhora de percepção fica evidenciada na maior incidência de empresas que sinalizaram um efeito pequeno ou inexiste, ou um efeito positivo”, destacou o coordenador da pesquisa.

Ainda segundo Magheli, no comércio chegou a 35,5% o total de empresas que relataram impactos positivos da pandemia.

Redução nas vendas do comércio
O levantamento do IBGE mostrou, ainda, que 46,8% das empresas do comércio perceberam queda nas vendas em decorrência do isolamento social na primeira quinzena de julho, enquanto para 26,9% delas o impacto foi pequeno ou negativo e para 26,1%, positivos.

“Novamente, há um comportamento disseminado de percepção de redução das vendas, mas, em relação à quinzena anterior, há em alguns segmentos maior incidência de empresas que sinalizaram aumento ou que o efeito foi nulo ou inexistente”, apontou Magheli.

O comércio (51,6%), sobretudo o comércio varejista (54,6%), teve o maior contingente de empresas com percepção de impacto negativo sobre as vendas; enquanto que, no setor de serviços, as atividades mais afetadas foram as de serviços profissionais, administrativos e complementares (48,1%) e de serviços prestados às famílias (47,7%). Na indústria e na construção, a redução de vendas afetou 40,8% e 31,9% das empresas, respectivamente.

O IBGE destacou que o comércio de veículos, peças e motocicletas foi o que mais relatou impacto positivo sobre as vendas, atingindo 40,5% das empresas do segmento.

Ainda de acordo com a pesquisa, 47,4% das empresas disse não ter percebido impacto negativo sobre a capacidade de fabricação dos produtos ou de atendimento aos clientes. Para 11,3%, houve facilidade.

Já 41,3% das empresas alegaram ter tido dificuldade. O maior impacto negativo foi no comércio de veículos, peças e motocicletas (58,1%) e no comércio por atacado (57,7%). No setor de serviços, o maior impacto foi nas atividades de outros serviços (56,5%).

Para a maioria das empresas, (51,8%) não houve alteração significativa no acesso aos fornecedores de insumos, matérias-primas ou mercadorias, com destaque para os serviços de informação e comunicação (82,8%). Mas, para 38,6%, houve dificuldade. O destaque é o segmento de comércio de veículos, peças e motocicletas, em que 72% relataram ter enfrentado dificuldade, seguido pelo setor de comércio (47,4%).

Quanto ao impacto da Covid-19 sobre a capacidade de realizar pagamentos de rotina durante a pandemia, 47,3% das empresas encontraram dificuldade. Para 46,3%, não houve alterações significativas em relação à quinzena anterior; e 5,1% alegaram ter tido facilidade.

“Essa percepção de que não houve alteração aumenta de acordo com o porte da empresa, sendo de 64,4% entre as de maior porte e de 56,3% entre as de porte intermediário”, destacou Magheli.

Manutenção de empregos
Segundo a pesquisa do IBGE, oito em cada dez empresas mantiveram funcionários contratados na primeira quinzena de julho, enquanto 13,5% relataram ter feito demissões. Apenas 5,3% delas disseram ter aumentado o quadro de pessoal no período.

Segundo o IBGE, a manutenção dos empregos foi um comportamento disseminado entre os setores econômicos – de indústria (79,2%), comércio (77,6%), construção (77,6%) e serviços (84,3%).

O maior percentual de empresas que demitiram é na faixa intermediária (de 50 a 499 funcionários) e empresas de maior porte (500 ou mais).

Em relação às medidas adotadas diante do isolamento social, 22,4% das empresas disseram ter antecipado férias de funcionários; 38,7% adotaram trabalho domiciliar; 12,8% obtiveram linha de crédito emergencial para pagamento da folha salarial; 37,6% adiaram o pagamento de impostos; 32% alteraram o método de entrega de produtos ou serviços; e 18% lançaram ou passaram a comercializar novos produtos ou serviços.

Além disso, 86,7% das empresas disseram ter realizado campanhas de informação e prevenção e adotaram medidas extras de higiene.

https://g1.globo.com/

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