Jacarezinho: A dura rotina da polícia e a crueldade do tráfico

12/05/2021 12:43:13
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POLÍCIA NÃO É VILÃ, MAS AGE PARA DEFENDER A POPULAÇÃO

A recente operação no Jacarezinho, no Rio, mostrou a mais dura realidade social do estado do Rio – com ramificações no interior: a comunidade refém do tráfico de drogas. Um dos policiais que participou da ação é de Nova Friburgo e ele não esconde a sua indignação:

“Não houve chacina, mas uma ação legítima. O estado não comemora mortes. A força foi usada para preservação da ordem publica. Fomos atacados e nos defendemos. Não houve chacina. Enfrentamos traficantes fortemente armados e apenas nos defendemos”, destaca. “25 deles tinham antecedentes criminais e/ou envolvimento com o tráfico. A polícia não é vilã e age para livrar as comunidades do domínio das facções criminosas”, acrescenta.

RELATÓRIO POLICIAL

O depoimento do policial friburguense é semelhante ao relatório da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil. “Não houve abuso por parte dos agentes e o desfecho da ação aconteceu após os criminosos atirarem contra os policiais”.

SECRETÁRIO DE POLÍCIA CIVIL

“A reação da polícia depende da ação do criminoso. Traficantes do Jacarezinho atiravam para matar policiais. No início da operação, atrás de uma seteria, com um tiro de fuzil, balearam um policial na cabeça. Nós conseguimos penetrar dentro do Jacarezinho auxiliados pelas imagens tanto da televisão quanto dos nossos equipamentos aéreos e isso levou ao encontro dos traficantes e ali o confronto se intensificou. Então, quem determina o desfecho da operação é o traficante”, afirmou Allan Turnowski, em entrevista ao RJTV, da Globo.

Turnowski disse ainda que a polícia está colaborando com as investigações do Ministério Público. O MPRJ criou uma força-tarefa para investigar a operação da polícia. Ela, que será coordenada pelo promotor André Luis Cardoso, tem prazo de quatro meses, segundo o procurador-geral Luciano Mattos.

“Quando a polícia entra dentro de um ambiente confinado de uma casa e foram várias casas, segundo noticiado, o traficante tem duas opções, ou ele se agarra a família, faz refém, ou ele se esconde para ir para o confronto. As marcas que eu vi na televisão foram de confronto, não temos uma família refém, não temos ninguém negociando ou pedindo negociação. Então, a princípio, eu não tenho nada de concreto que me levam a essas execuções. Porém, o Ministério Público desde o início está com a Polícia Civil acompanhou os exames nos corpos, foi criado uma força-tarefa pelo Procurador-Geral, então a transparência será absoluta. O que a gente não pode é concluir antes de investigar”, relatou o secretário.

Allan Turnowski destaca que não há nada que comprove execuções dentro das casas de moradores.
“A investigação vai levar ou não a dizer se houve execução. Com relação as testemunhas, teve uma que falou que seu filho foi morto a facadas, mas o exame no corpo não constatou as facadas. A outra disse que saiu pra comprar pão, que era trabalhador, e depois a gente viu que era um traficante fortemente armado, inclusive com provas contra todos eles. Então o que eu peço é que esperem as investigações. Só após isso, que são feitas com total transparência, acompanhadas pelo MP e por qualquer órgão internacional, a gente conclua como foi que tudo aconteceu”.

CHEFE DO TRÁFICO FUGIU VESTIDO DE MULHER

A Polícia Civil abriu inquérito para apurar se a ordem do ataque contra os agentes envolvidos na operação do Jacarezinho, na última quinta-feira, teria partido do traficante Felipe Ferreira Manoel, o Fred do Jacarezinho. Na ocasião, três policiais civis foram baleados. O inspetor André Frias foi atingido na cabeça e não resistiu.

Segundo investigações, Fred conseguiu escapar da operação Expertis vestindo roupas de mulher. Segundo a polícia, ele está refugiado na comunidade do Mandela. Fontes da polícia apontam o traficante como o principal suspeito de ter atirado contra os policiais.

Além do trafico de drogas, Felipe Ferreira alvo de investigação em diversos crimes, como roubo exploração de comércio ilegal no Jacarezinho; aliciação de menores e homicídios, entre eles o assassinato do policial militar Michel Falcão, em 2017, durante um tiroteio entre traficantes e policiais da UPP Jacarezinho.
De acordo com a polícia, após a prisão do traficante Marcus Vinícius da Silva, o Lambari, Fred e o comparsa Adriano de Souza Freitas, o Chico Bento, assumiram o posto de chefia no Jacarezinho. Sandra Helena Ferreira, a Sandra Sapatão, também é acusada de comandar o tráfico na localidade. Todos, segundo a polícia, estão foragidos.

Fred é foragido da Justiça e o Portal dos Procurados, vinculado ao Disque Denuncia, oferece recompensa por informações que levem à prisão dele.

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