Facção criminosa do Rio pagava salário para parentes de presos, inclusive em Friburgo, diz Polícia Civil

14/04/2021 17:47:08
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Durante as investigações que desencadearam a Operação Caixinha S/A – realizada pela Delegacia Especializada em Armas, Munição e Explosivos (Desarme), nesta terça-feira, 13/4 – os agentes descobriram que a maior facção criminosa de tráfico de drogas do Estado do Rio montou uma espécie de previdência privada para a “manutenção de pagamentos a integrantes da facção e seus familiares em caso de prisão”. Ou seja: caso um criminoso ligado ao grupo fosse preso, seus parentes não ficariam “desamparados”. Ao menos 44 pessoas de presos foram beneficiados pelo esquema. Eles estão sendo investigados. Nova Friburgo, aliás, é citada nas investigações.

As investigações sobre a quadrilha começaram em maio 2019, quando Elton da Conceição, conhecido como “PQD da CDD” e apontado como armeiro do tráfico, foi preso em flagrante pela Polícia Militar. Na ocasião, ele estava com armas, munição, kits de limpeza de armamentos, equipamentos militares e anotações de contabilidade da quadrilha.

A partir de dezenas de comprovantes de depósitos nominais em espécie que estavam com o criminoso, a polícia identificou uma rede de pessoas, a maioria parentes de bandidos, que era utilizada para repassar valores do tráfico aos presos da facção. Segundo a Polícia Civil, o esquema movimentou quase R$ 7 milhões ao longo dos últimos dois anos.

Os depósitos eram feitos em uma lotérica da Cidade de Deus para presos e pessoas ligadas a esses criminosos. Segundo ele, esses valores beneficiavam criminosos desde o Norte Fluminense, passando pelas Regiões Serrana e dos Lagos.
“A Operação Caixinha, que se iniciou na data de hoje, é uma nova estratégia da Polícia Civil de combate a roubos de cargas, de automóveis e de transeuntes no Rio de Janeiro. Aquelas comunidades dominadas por traficantes, que incentivam o roubo nas nossas ruas, o roubo às nossas famílias, serão prioridades no combate das delegacias especializadas. E mais do que isso, vamos ampliar a nossa atuação agora para dentro dos presídios, responsabilizando os principais líderes dessa facção, que se encontram presos e que precisam desse dinheiro para sustentar suas famílias. Então, se a família do cidadão comum não tem tranquilidade e paz para andar na rua, as famílias dos líderes também não podem ter paz para usar o dinheiro proveniente do crime. Então nós subimos agora esse segundo patamar e vamos trabalhar essas lideranças presas. A caixinha que sustenta a família desses líderes que permitem o roubo em suas comunidades será alvo da Polícia Civil na operação contra o fluxo financeiro da maior facção criminosa do Rio de Janeiro”, disse o delegado Alan Turnowski, secretário de Estado de Polícia Civil.

Confira onde os bandidos atuavam com a “caixinha”
Interior: Itaboraí, Magé, Armação dos Búzios, Cabo Frio (Jardim Caiçara), São Pedro da Aldeia, Nova Friburgo, Campos, Miracema, Iguaba Grande, Bom Jesus de Itabapoana e Nova Friburgo.

Rio de Janeiro: Jacarepaguá (Cidade de Deus), Campo Grande, Anil, Pechincha, Praça Seca, Penha, Dique, Borel, Formiga, Rocinha, Santo Amaro, Bangu, Senador Camará, Viegas, Inhaúma, Maré (Nova Holanda), Olaria, Jardim América, Vigário Geral, Pavuna, Furquim Mendes, Engenho Novo, Cachambi, Riachuelo, Parque Anchieta, Tomás Coelho, Engenho da Rainha, Rocha Miranda, Honório Gurgel, Santo Cristo, Tijuca, Barra da Tijuca, Penha, Cordovil (Cidade Alta), Guaratiba, Inhaúma, Santa Teresa, Gamboa, Glória, Osvaldo Cruz, Sulacap, Acari, Del Castilho e Madureira.

Niterói e São Gonçalo: Jardim Catarina, Guaxindiba, Laranjal, Engenho do Mato, Itaipu, Morro do Castro, Barreto, Engenhoca, Ampliação, Gradim e Baldeador.

Baixada Fluminense: Duque de Caxias (Parque das Missões, São João de Meriti (Coelho da Rocha, Vilar dos Teles, Vila Rosali, São Mateus, Parque Nicolau, Vila Tiradentes, Parque Analância, Nilópolis (Cabuis), Nova Iguaçu (Grão Pará, Dom Bosco) e Japeri.

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