Erros que você não deve cometer com idosos no isolamento

04/04/2020 19:28:12
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Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), toda a população mundial está vulnerável à infecção pelo coronavírus. No entanto, pessoas com mais de 60 anos, sem exceção, estão no grupo de risco da covid-19 e, caso infectadas, têm chance maior de desenvolver complicações que podem levar à morte.

Isso não tem a ver com o idoso ser saudável ou não, como se alimenta ou se faz exercícios: depois dos 60 anos o sistema imunológico vai ficando gradualmente mais comprometido, por isso pessoas acima dessa idade estão no grupo de risco.

Apesar do risco, muitas famílias ainda encontram dificuldades de manter os idosos em casa para protegê-los. A rotina de quarentena não é nada fácil, especialmente quando o idoso não concorda com o isolamento. Veja algumas atitudes que prejudicam o diálogo com eles.

1. Mentir
Inventar histórias —como dizer que o idoso será preso ou multado se sair na rua — pode parecer uma solução fácil, mas tem consequências psicológicas muito negativas. A mentira pode causar perda de confiança: o idoso que é enganado hoje pode duvidar, futuramente, da comunicação de um diagnóstico, por exemplo. É importante entender que, nesse momento em que somos bombardeados por informações de todos os lados, não expor o idoso a histórias falsas também é uma forma de cuidado.

2. Tratá-lo como incapaz
Tirando exceções, como demência, o idoso é um cidadão como qualquer outro, com condições cognitivas para ser informado e decidir sobre o melhor para si. Idoso não é criança. Existem pessoas de todas as idades que são teimosas. Abordar o isolamento não apenas como uma maneira de proteger a si mesmo, mas também de contribuir para a saúde pública e toda a família, é uma maneira de mostrar que o idoso não está passivo diante da pandemia, que também tem responsabilidade nesse batalha. O isolamento é uma escolha em prol da vida, da própria, das pessoas queridas e da sociedade. Encarar como uma escolha consciente em vez de obrigação é uma forma de preservar a autonomia.

3. Poupá-lo da realidade
Na tentativa de não querer impressionar o idoso ou de evitar que ele fique ansioso com as notícias, muitos tentam ocultar a gravidade da pandemia. No entanto, para a própria segurança da pessoa, é importante que ela saiba os motivos do isolamento e o real risco de morte caso o sistema de saúde não consiga atender todos os casos que precisem de internação. Devemos desmistificar a ideia de que os idosos são frágeis. Muitos são experientes, já vivenciaram perdas, têm muito mais recursos do que imaginamos para lidar com a realidade. Entenda que ser realista não significa ser alarmista. E, mais uma vez, o idoso precisa encontrar coerência entre o ouve da família e o que vê pela televisão, por exemplo.

4. Repassar notícias que estimulam pânico
É possível falar sobre hábitos de proteção e explicar por que cuidados são necessários nesse momento sem cair no excesso de informação. Por exemplo: revelar que em diversos países as pessoas estão resguardadas em sua casa para não ficarem doentes é uma notícia que pode fazer com que o idoso entenda a gravidade da situação. Você não precisa gerar pânico e comentar sobre os corpos sendo empilhados na Itália para convencê-lo a ficar em casa. Além disso, seja em casa, seja por telefone, é possível conversar sobre outros assuntos além da pandemia. Falar sobre o dia, contar o que está fazendo na quarentena e dividir pensamentos são formas de mostrar proximidade.

5. Sugerir tarefas improdutivas para “ocupar” o idoso
Tentar entreter o idoso com tarefas inúteis para passar o tempo dentro de casa pode contribuir para deixá-lo mais ansioso. Incentive-o a cuidar de plantas ou realizar tarefas domésticas que realmente são necessárias. Jogos de tabuleiro que estimulam a mente também são alternativas melhores que apenas ver televisão ou fazer tarefas que ele percebe que não adiantam, como dobrar roupas esquecidas no armário. Nesse contexto, caso a família esteja dividindo espaço, pode ser a chance de aprender com o idoso a costurar, preparar uma receita de família ou ouvir uma história.

6. Confundir isolamento com abandono
Não poder entrar em contato próximo com os filhos e netos não significa não vê-los ou não conversar com eles. As pessoas podem e devem sempre se falar sempre por telefone e aplicativos e, se possível, até mesmo se verem à distância. Para a geriatra, é importante que o idoso entenda que o distanciamento não significa que será excluído da rotina familiar e social. O contato com crianças, mesmo sem sintomas, é uma forma importante de transmissão, por isso é realmente importante limitar contatos físicos no momento —e explicar bem o motivo desse afastamento.

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